Como escolher meu kit de resinas?

O êxito na execução das restaurações dos dentes anteriores envolve entender não somente os detalhes anatômicos dos dentes, mas também a interação da luz com a estrutura dental. Os dentes têm o poder de provocar fenômenos óticos, sejam eles transmitindo, refletindo ou alterando. Compreender estes fenômenos quando esta luz toca a superfície e o interior desta estrutura passa a ser obrigatório.

Por padrão da indústria é utilizado a escala Vita para comunicação da cor. Uma escala baseada no matiz (correspondente as letras) e na saturação (os números, quanto mais alto maior a saturação). Na opinião do autor este é o primeiro e mais importante tópico a ser escolhido. Há também a opção de montar a escala baseada no arranjo de valor e não agrupada por matiz.

Entretanto a utilização desta escala não parece ser o mais favorável devido a uma falta de padronização pelos fabricantes das respectivas cores além do que, a escala não é fabricada com os materiais a serem utilizados na reconstrução dental.

Uma outra característica negativa é que não há relato da proporção e/ou opacidade das partes que a compõe. As melhores maneiras de fazermos a escolha de cor é com a utilização da própria resina polimerizada e umedecida sobre o dente ou criando escalas personalizadas. Devemos levar em consideração que as diferentes espessuras das resinas de esmalte, dentina e cores especiais como resinas de corpo ou de alta translucidez produzirão resultados diferentes.

Muito se credita ao material o sucesso restaurador, mas além das excelentes qualidades dos produtos utilizados, um ponto que tem que ser levado em consideração é o quanto o profissional entende o sistema que usa ou o recém adquirido. As experiências acumuladas com um certo produto não garantem uma precisão de uso de materiais concorrentes. Sempre haverá uma curva de aprendizado. Sempre haverá necessidades de correções e sempre haverá necessidade de treinamento prévio.

Pontos importantes ao falar sobre resinas

Um ponto importante ao comprar um material é tentar entendê-lo em toda a sua complexidade de disposição de opacidades/translucidez criada pelo fabricante. Como foi dito não há uma ordenação em relação aos mesmos produtos comparando manufaturadores diferentes. E nem deve existir.

Há muitos fabricantes que utilizam o sistema de 2 opacidades com esmalte e dentina somente, outros usam 3 opacidades sendo além do esmalte e dentina, uma cor translúcida que teria finalidade de camada palatina ou halo opalescente na região incisal ou até mesmo uma camada final sobre o próprio esmalte.

Por outro lado, existem fabricantes que usam um sistema de 4 opacidades como por exemplo a conhecida Z350XT da 3M. Neste sistema encontramos uma dentina bem opaca, temos uma massa chamada “body” ou corpo que tem uma translucidez intermediária entre esmalte e dentina. E, neste sistema o esmalte “tradicional” tende a ser mais translúcido do que no sistema de 2 ou 3 opacidades.

Isto, muitas vezes, leva ao mau entendimento por parte do cirurgião-dentista levando-o a utilizar uma camada demasiada e ocasionar um escurecimento da restauração pertinente ao excesso de resina para esmalte. Neste sistema, além da dentina, corpo e esmalte, há também cores de alta translucidez com variadas indicações além das já ditas concha palatina e halo opalescente. Estas cores de alta translucidez podem ser usadas para caracterização e correção do valor final da restauração.

Uma vantagem nestes sistemas é que as dentinas por serem bem opacas neutralizam o substrato escurecido e evitam uma queda do valor da restauração ou melhor o acinzentamento, que é uma ocorrência muito comum.

Como dica do autor: aconselha-se a deixar a camada final sobre a dentina com 0,5 mm em média. Menos que isto o resultado pode ser opacidade excessiva ou mais do que 0,5 mm um resultado mais acinzentado irá aparecer.

Há sistemas que não utilizam a codificação de cores da escala Vita. Utilizam um sistema baseado em saturações variadas de dentina e 3 opções de esmalte, sendo este de baixo, médio ou alto valor. Exemplos de materiais assim são as resinas HRi da Micérium e a Aura da SDI. A princípio são materiais com uma aplicação das cores mais simplificadas, entretanto há uma confusão por parte do profissional relacionado ao entendimento deste sistema de cores já que fogem do tradicional sistema Vita. São materiais que se compreendidos ocasionam excelentes resultados.

Uma tendência são materiais de opacidade única podendo possuir matizes diferentes ou não. Exemplos são a resina Filtek Universal da 3M, Neo Spectra da DentsplySirona, Omnichroma da Tokuyama. Nestes materiais não há distinção entre esmalte e dentina e a massa resinosa única mimetizará com estruturas adjacentes.

Resumindo, entenda as características óticas das estruturas dentais, para então poderem compreender o que o fabricante disponibiliza para reprodução destas características. Encare todo novo material com uma curva ascendente de aprendizado já que não há uma equivalência exata entre eles. Observem suas restaurações e como elas mudam de cor ou aspecto antes e depois da fotopolimerização, acabamento e polimento e em um pós-operatório tardio.

Confiram no exemplo abaixo como podemos utilizar um sistema de multi opacidades:

 

Descrição de cada figura:

  • Figura 1 – Faceta a ser reconstruída;
  • Figura 2 – Incorporação de uma resina de dentina de alta opacidade e com uma saturação abaixo da escolhida;
  • Figura 3 – Aplicação dos mamelos dentinários com a saturação escolhida. Porém neste caso podemos optar pela resina de dentina ou em muitos casos trabalhamos com a opacidade corpo ou body se o elemento dental tiver uma maior translucidez do terço médio e incisal.  Principalmente para esta região há uma maior diferenciação na anatomia dentinária e com reflexos diretos no resultado.
  • Figura 4 – Neste passo operatório inserimos as resinas com características de alta translucidez e opalescentes, ou sejam “filtram” a luz incidida e refletem de volta o azul e permite que ondas alaranjadas ultrapassem a região. Nem toda resina translúcida tem características opalescentes e não são necessariamente pigmentadas de azul. Uma opção para certos casos é a utilização de pigmentos azulados, porém é indicado para casos com pouca espessura para restaurar e sem a presença de redução incisal no preparo ou cavidade.
  • Figura 5 – Um passo de difícil execução se a resina não tiver características satisfatórias de manipulação é a criação do halo opaco. Normalmente é feito com uma espessura de 0,2 mm e com uma resina de maior opacidade que o esmalte. Neste passo podemos trabalhar com uma resina de dentina ou de preferência uma resina de corpo e de alto valor. Ao contrário dos outros incrementos que se sobrepõem como triângulos invertidos, este incremento tem posicionamento definido e pouca sobreposição com os incrementos anteriores.
  • Figura 6 – O penúltimo incremento é aplicado sobrepondo o primeiro de dentina e parcialmente a resina dos marmelos dentinários. Ele é caracterizado por ser uma resina de esmalte com a mesma saturação da cor escolhida.
  • Figura 7 – O último incremento caracteriza-se por ser aplicado e fotopolimerizador de forma única. As resinas utilizadas vão variar de acordo com as características personalizadas de cada dente. Normalmente dá se preferência para cores de esmalte menos saturadas que a cor escolhida ou resinas de maior translucidez para controle de valor (para baixo ou para cima).
  • Figura 8 – Demonstra como os passos de fotopolimerização e acabamento e polimento afetam as características finais da restauração.

Além de todo o conteúdo explicado pelo Dr. Maciel Jr. que tal, ouvir um podcast onde a Dra. Mariana conversa com a Dra. Maria Paula referente às escolhas de resinas. Confira!

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