O sistema adesivo odontológico é composto por monômeros, solventes e iniciadores, sendo indicado para realizar a adesão entre esmalte e/ou dentina e materiais restauradores diretos e indiretos.
Com a adesão revolucionou a Odontologia restauradora, permitindo preparos conservadores, temos diversas gerações de adesivos odontológicos, classificados por características físico-químicas e técnicas de aplicação.
Atualmente, os adesivos dentários são utilizados nas seguintes classificações:
- Condicionamento total (etch-and-rinse): condicionamento ácido antes da aplicação do adesivo;
- Adesivos autocondicionantes (self-etch): o adesivo contém monômeros ácidos;
- Adesivos universais: utilizados na técnica de condicionamento total ou como adesivos odontológicos autocondicionantes.
Devido à variedade de sistemas adesivos odontológicos, é muito comum o dentista ter dúvidas sobre qual o adesivo ideal para cada caso clínico.
Por isso, neste artigo, vamos apresentar as características de cada sistema para facilitar a escolha do material de acordo com as características do caso clínico e promover a longevidade da restauração.
Adesivo odontológico convencional
O sistema adesivo odontológico convencional, também chamado de sistema adesivo de condicionamento total ou total etch, é caracterizado pelo condicionamento ácido total de esmalte e/ou dentina com ácido fosfórico a 37%.
Como ocorre a adesão utilizando o adesivo odontológico convencional?
- O condicionamento àcido é indicado para criar microrretenções no esmalte e favorecer a penetração do adesivo;
- Na dentina, o condicionamento é indicado para remover o smear layer e expor a rede de fibras colágenas, permitindo a permeabilidade do sistema adesivo;
- O primer e o adesivo penetram na matriz orgânica, formando a camada híbrida, que é responsável pela qualidade da restauração.
Qual a classificação do adesivo odontológico convencional?
I. Sistema Adesivo de Condicionamento Total de 3 Passos:
- Também chamado de sistema adesivo convencional de 3 passos;
- Utiliza adesivo odontológico convencional de 3 passos;
- Comercializado em 2 frascos separados (um frasco de primer e um frasco de bond);
- Etapas: condicionamento ácido, aplicação de primer e depois a aplicação do bond;
II. Sistema adesivo de condicionamento total de 2 passos:
Também chamado de sistema adesivo convencional de 2 passos;
- Utiliza adesivo odontológico convencional de 2 passos;
- Comercializado em um único frasco contendo primer e bond;
- Etapas: condicionamento ácido e aplicação do sistema adesivo;
- Técnica simplificada.
Quais as vantagens e desvantagens do sistema adesivo odontológico convencional?
Vantagens
- Alta força de adesão ao esmalte e dentina;
- O adesivo odontológico convencional de 3 passos é considerado padrão ouro;
- A versão de 2 passos também apresenta excelentes resultados clínicos.
Desvantagens
- Sensibilidade à técnica;
- O controle da umidade dentinária é fundamental para o sucesso da adesão;
- A desidratação excessiva da dentina pode levar ao colapso das fibras colágenas, dificultando a penetração do adesivo;
- O excesso de umidade dentinária dilui os monômeros e compromete a polimerização do adesivo;
- Se não houver controle adequado da técnica, há risco de sensibilidade pós-operatória.
Apesar das variações comerciais, ambos compartilham do mesmo princípio: a completa remoção da smear layer e a desmineralização controlada dos tecidos antes da aplicação do sistema adesivo.

Adesivo odontológico autocondicionante
O sistema adesivo odontológico autocondicionante, também chamado de self etch, é caracterizado pela desmineralização controlada da dentina, por meio de um primer autocondicionante.
Como ocorre a adesão utilizando o adesivo odontológico autocondicionante?
- A ação do primer ácido ocorre somente em dentina;
- Se houver presença de esmalte no preparo, é necessário realizar condicionamento seletivo de esmalte com ácido fosfórico a 37%;
- O smear layer não é removido, e sim modificado, sendo parte da camada híbrida após a penetração do sistema adesivo.
Qual a classificação do adesivo odontológico autocondicionante?
I. Sistema adesivo autocondicionante de dois passos
- Utiliza adesivo autocondicionante de dois passos;
- Comercializado em 2 frascos separados (um frasco de primer autocondicionante e um frasco de bond);
- Etapas: aplicação de primer em dentina e depois a aplicação do bond.
II. Sistema adesivo autocondicionante de passo único
- Utiliza adesivo autocondicionante de passo único;
- Comercializado em um único frasco contendo primer ácido e bond;
- Etapas: aplicação do sistema adesivo;
- Técnica simplificada.
Quais as vantagens e desvantagens do sistema adesivo odontológico autocondicionante?
Vantagens
- Menor sensibilidade à técnica;
- O uso do primer dispensa a etapa de lavagem e secagem dentinária, reduzindo o risco de erro no controle de umidade;
- Menor possibilidade de sensibilidade pós-operatória.
Desvantagens
- Adesão ao esmalte inferior aos sistemas convencionais;
- Os primers autocondicionantes, em geral, apresentam acidez menor que o ácido fosfórico, o que pode resultar em condicionamento insuficiente do esmalte, especialmente em esmalte aprismático ou não desgastado;
- Necessidade de condicionamento seletivo de esmalte.
Esse sistema apresenta como diferencial a simplificação da técnica e a redução da possibilidade de sensibilidade após o procedimento restaurador.
Adesivo odontológico universal
O sistema adesivo odontológico universal, também chamado de al-in-one, é caracterizado pela versatilidade de uso, sendo indicado tanto para a técnica autocondicionante como para a técnica de condicionamento total de esmalte e dentina.
Como ocorre a adesão utilizando o adesivo odontológico universal?
Os adesivos universais podem ser utilizados como:
- Condicionamento total (etch-and-rinse);
- Autocondicionante (self-etch);
- Condicionamento seletivo do esmalte (selective-etch).
São considerados adesivos odontológicos de 8ª geração ou multimodais, que permitem diferentes protocolos de uso.
Por que o adesivo universal apresenta versatilidade clínica?
A versatilidade de uso ocorre devido à presença do monômero funcional 10-MDP (10-metacriloiloxidecil dihidrogeno fosfato), formando uma ligação química estável com o cálcio da hidroxiapatita do esmalte e dentina, além da adesão micromecânica tradicional, apresentando as seguintes características clínicas:
- Maior estabilidade e durabilidade da interface adesiva;
- Adesão à diferentes substratos;
- Compatibilidade com diversos biomateriais odontológicos, como por exemplo resina composta, cerâmica odontológica, zircônia odontológica, metal e cimentos resinosos.
Essa flexibilidade de uso permite que os adesivos universais sejam utilizados na grande maioria dos casos clínicos.
Qual a classificação do adesivo odontológico universal?
Comercializado em um único frasco contendo primer autocondicionante e bond;
- Etapas: pode ser utilizado em diversas técnicas, de acordo com as características do caso clínico.
Quais as vantagens e desvantagens do sistema adesivo odontológico universal?
Vantagens
Versatilidade clínica: um único adesivo para diferentes substratos e técnicas;
Boa performance em dentina;
Compatibilidade com diversos biomateriais odontológicos.
Desvantagens
- Desempenho no esmalte dependente da técnica;
- Quando utilizados na técnica self-etch, é necessário realizar condicionamento ácido do esmalte;
- Sensibilidade ao protocolo, de acordo com a técnica escolhida.: apesar de simplificados, exigem aplicação ativa e atenção ao tempo para esfregar o adesivo;
- Pode ser necessário aplicar mais de uma camada para melhorar a performance.
Devido à versatilidade do adesivo dental universal, é fundamental avaliar as instruções de uso para verificar a compatibilidade com biomateriais odontológicos e técnica de aplicação.
Como escolher o adesivo odontológico?
A escolha entre adesivo convencional, adesivo autocondicionante e adesivo universal deve ser baseada nas características do caso clínico, do substrato predominante e na extensão do preparo cavitário.
Ao escolher um adesivo dental, o dentista deve avaliar:
1. Características do caso clínico
- Avaliar o substrato predominante: dentina ou esmalte;
- O esmalte possui maior compatibilidade com adesivo dental convencional;
- Adesivos autocondicionantes e universais diminuem o risco de falha técnica em dentina;
- Casos simples permitem técnicas de adesão simplificadas;
- Casos complexos exigem técnicas que promovam maior longevidade ou resistência, como o uso de adesivo convencional de três passos ou adesivos universais.
2. Características principais de cada adesivo
- Condicionamento total (3 e 2 passos): alta adesão, mais envolve etapas e necessita de maior controle de umidade;
- Adesivo dental autocondicionante (2 e 1 passo): possui menos etapas e diminui risco de sensibilidade, porém apresenta menor adesão ao esmalte.
- Adesivo dental universal: uso versátil, facilitando a rotina clínica
3. Compatibilidade com materiais odontológicos
Verificar nas instruções de uso a compatibilidade entre o adesivo e materiais restauradores selecionados, tanto para restauração direta como para restauração indireta.
4. Domínio da técnica
- Avaliar qual técnica o profissional possui maior afinidade e domínio, se for possível executar mais de uma técnica;
- Não existe um adesivo ideal para todos os casos clínicos;
- É fundamental conhecer as características de cada adesivo para selecionar o material indicado para cada situação.
Para facilitar os critérios de avaliação, elaboramos uma tabela comparativa entre os sistemas adesivos odontológicos:
| Critério | Adesivo Convencional | Adesivo Autocondicionante | Adesivo Universal |
| Número de passos | 2 ou 3 | 1 ou 2 | 1 |
| Eficácia no esmalte | Alta | Baixa ou Moderada | Depende da técnica |
| Eficácia na dentina | Alta, mas a técnica é sensível | Alta | Alta |
| Risco de sensibilidade pós – operatória | Maior | Baixo | Baixo a moderado, depende da técnica |
| Compatibilidade com cimentos duais | Boa | Variável | Pode exigir ativador |
| Sensibilidade à técnica | Alta | Baixa | Moderada |
Para promover o sucesso do caso clínico e a longevidade da restauração, é fundamental compreender os limites e as indicações de cada sistema adesivo.
Além disso, é de extrema importância seguir as instruções do fabricante, pois algumas marcas necessitam de ativação (esfregaço) do adesivo no tecido dental.
Conclusão
A escolha do adesivo odontológico dever ser baseada nas características do caso clínico, qualidade do substrato, domínio do controle da umidade em dentina e compatibilidade com o material restaurador.
A possibilidade de simplificação da técnica deve ser avaliada, como por exemplo o uso de adesivos universais ou adesivos autocondiciantes, mas não deve ser o fator principal de escolha, pois a formação adequada da camada híbrida é fundamental para promover o sucesso do caso clínico e a longevidade da restauração.
E você? Qual adesivo prefere usar para cada situação clínica? Compartilhe seu conhecimento nos comentários!
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