As alergias odontológicas são reações que ocorrem por conta da hipersensibilidade aos produtos, materiais e/ou substâncias utilizados durante o procedimento clínico.
Algumas pessoas apresentam uma resposta imunológica intensa após o contato com os alérgenos, sendo de extrema importância o dentista ter conhecimento sobre quais os materiais odontológicos que podem causar alergia, bem como saber identificar os sinais e sintomas para prestar os cuidados necessários.
Para prevenir quadros alérgicos, é fundamental que o dentista conheça os materiais/produtos alérgenos e as medidas necessárias para evitar alergias em tratamentos odontológicos.
Reações alérgicas na Odontologia
A prevenção de alergias envolve a identificação precoce do alérgeno, para que o dentista realize o procedimento com segurança.
Por isso, a anamnese odontológica é fundamental para o dentista identificar os fatores de risco, como por exemplo doenças sistêmicas, histórico de alergias, histórico familiar e se o paciente já realizou algum teste para identificar alguma hipersensibilidade. A anamnese é de extrema importância, pois muitos pacientes não sabem que são alérgicos.
Além disso, algumas doenças sistêmicas, como por exemplo a asma, aumentam a probabilidade do paciente ter alguma reação alérgica em procedimentos odontológicos.
Para diagnosticar um paciente alérgico, o dentista deve encaminhá-lo para avaliação e conduta de um médico alergista.
A alergia na Odontologia ocorre no primeiro contato ou após uma sensibilização prévia e um segundo contato do paciente com o alérgeno.
As reações de hipersensibilidade são classificadas em quatro tipos:
- Tipo I: imediata ou anafilática;
- Tipo II: citotóxica ou anticorpo-dependente;
- Tipo III : mediada por imunocomplexos;
- Tipo IV: tardia ou mediada por células.
A classificação das reações de hipersensibilidade é feita de acordo com a resposta do sistema imunológico.
Em relação ao tempo para a manifestação da reação alérgica, as reações podem aparecer da seguinte forma:
- Imediata: alguns minutos após o procedimento;
- Semi-imediata: algumas horas após o procedimento;
- Tardia: alguns dias após o procedimento.
As reações alérgicas, de acordo com sua intensidade podem ser localizadas ou generalizadas.
As reações alérgicas localizadas apresentam manifestações cutâneas, como por exemplo prurido, eritema, urticária e rash cutâneo.
Nas reações alérgicas generalizadas, além da manifestação cutânea, o paciente apresenta sinais e sintomas sistêmicos, como por exemplo broncoespasmo, arritmia cardíaca, hipotensão e edema de laringe.
Causas de alergia em procedimentos odontológicos
A alergia em procedimentos odontológicos é rara e as causas podem variar para cada paciente, mas existem alguns materiais, fármacos e substâncias comuns que causam essas reações durante ou após o procedimento odontológico.
As reações alérgicas podem acontecer após a administração sistêmica, tópica ou contato direto com o alérgeno.
Para facilitar a compreensão, dividimos os principais alérgenos odontológicos em categorias, lembrando que qualquer pessoa pode apresentar reação com qualquer substância. Os agentes listados são somente as causas mais comuns, citadas na literatura.
O látex, utilizado na fabricação de luvas de procedimento e lençol de borracha, pode causar sintomas leves, como dermatites e até sintomas graves, como o choque anafilático.
O níquel, presente nas ligas de limas para endodontia e fios ortodônticos, pode causar vermelhidão, sensação de queimação, prurido, sangramento gengival, descamação e gosto metálico.
Em relação aos anestésicos odontológicos, a alergia mais comum é à algum conservante ou aditivo presente na formulação. Reações ao sal anestésico também podem acontecer, mas são raras. As manifestações clínicas mais comuns são: prurido, edema, sudorese e perda de consciência.
É importante lembrar, que nem toda reação é alergia. O flúor, em dosagens altas, pode causar intoxicação. Os fármacos, além de sintomas alérgicos, apresentam efeitos adversos, descritos nas instruções de uso elaboradas pelos fabricantes.
É fundamental que o dentista conheça as manifestações clínicas de cada reação para poder prestar auxílio imediato, lembrando que o atendimento médico é imprescindível em todas as situações descritas.
Sintomas de alergia em procedimentos odontológicos
Os sintomas podem variar de leves a graves (imediatos, semi-imediatos ou tardios) dependendo da sensibilidade do paciente, sendo locais e/ou sistêmicos:
Sintomas locais:
I) Cabeça e pescoço:
- Prurido, inchaço e vermelhidão nos lábios, gengiva e mucosa oral;
- Sintomas cutâneos na face;
- Inchaço dos lábios, língua e/ou garganta.
- Dor e vermelhidão na área afetada.
Sintomas cutâneos (em diversos locais do corpo):
- Prurido;
- Rash cutâneo;
- Urticária.
Sintomas sistêmicos:
- Sistema respiratório: secreção nasal, inflamação da mucosa nasal, asma, broncoespasmo, edema de laringe;
- Sistema cardiovascular: hipotensão, taquicardia, arritmia;
- Olhos: eczema nas pálpebras, ardência e vermelhidão;
- Angioedema;
- Febre;
- Náusea e vômito;
- Síncope e lipotimia;
- Choque anafilático;
- Parada cardiorrespiratória.
O choque anafilático é considerada a reação de maior gravidade e pode ser fatal. Os sintomas do choque anafilático são divididos em três fases:
I) Primeira fase:
- Sintomas cutâneos;
- Prurido;
- Ardência e vermelhidão nos olhos;
- Coriza;
- Cólicas abdominais;
- Incontinência urinária;
- Perda de controle de esfíncter.
II) Segunda fase:
- Tosse;
- Broncoespasmo;
- Dispineia;
- Edema de laringe,
- Cianose.
III) Terceira fase;
- Arritmia;
- Taquicardia;
- Hipotensão arterial;
- Perda de consciência;
- Parada cardiorrespiratória.
Como os sintomas nem sempre são imediatos, é fundamental o dentista monitorar o paciente após realizar o procedimento odontológico.
Além disso, o profissional deve ter um kit de emergências para prestar os primeiros socorros em casos de alergias imediatas e semi-imediatas até o paciente receber socorro médico.
A identificação dos alérgenos é de extrema importância para o dentista avaliar substâncias/fármacos/materiais de segunda escolha em pacientes alérgicos.
Conclusão
Para prevenir alergias em procedimentos odontológicos, é de extrema importância que o dentista conheça as características dos produtos odontológicos, fármacos e substâncias utilizados, para tomar medidas preventivas, adequar o ambiente do consultório e saber como proceder em quadros alérgicos.
Além disso, uma anamnese detalhada, avaliação do médico alergista e testes alérgicos (se necessário), proporcionam segurança ao paciente e profissional.
Em relação aos materiais odontológicos, o dentista deve escolher produtos alternativos, como produtos odontológicos hipoalergênicos, produzidos por fabricantes que apresentam registro na ANVISA, controle de qualidade rígido e certificações, para garantir a qualidade dos produtos e do atendimento odontológico.
As etapas de limpeza, desinfecção e esterilização são fundamentais para evitar a contaminação cruzada.
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