Traumatismo em dentes decíduos é um assunto muito comum quando pensamos em crianças em fases pré-escolares. Estudos mostram que há uma prevalência de crianças com traumatismo dental que varia de 9% a 41%. Além de sinais que provem da lesão traumática, como fraturas e deslocamentos dentais, os dentes que sofreram o trauma podem apresentar algumas complicações tardias, sendo a mais comum a alteração de cor.
Dentes de leite traumatizados podem apresentar diversas cores durante o acompanhamento clínico. As cores mais comuns observadas são as variações de cinza, amarelo e marrom. Cores avermelhadas e até arroxeadas também podem ocorrer.
Falando de modo geral, a alteração de cor entre os dentes traumatizados é uma consequência da resposta da polpa ao trauma ocorrido. Vale lembrar, entretanto, que a falta de alteração de cor não indica necessariamente uma polpa saudável.
Variações de cinza e marrom são as mais comuns em dentes decíduos
A alteração de cor mais discutida na literatura é a acinzentada e amarronzada, que pode ser transitória – ou seja, pode aparecer logo após o trauma – e aparecer alguns meses depois, ou até mesmo ser impersistente e tardia. Essa cor pode ser explicada pela presença de sangramento intrapulpar, um sinal comum em dentes luxados, por exemplo. A alteração de cor ocorre logo após a lesão, em até dois ou três dias. Depois de alguns meses, o sangue é reabsorvido, o tecido pulpar reparado e a coroa dental pode voltar à cor natural.
Já a alteração acinzentada e amarronzada tardia pode ser descrita como uma hemorragia do tecido pulpar e pode indicar a presença de bactérias na câmara pulpar. Para os dentes permanentes, essa alteração é considerada como indicativo de necrose pulpar. Mas, para os dentes decíduos essa regra não se aplica necessariamente, pois a alteração de cor pode aparecer logo após o trauma e em seguida voltar ao tom natural do dente – em alguns casos, a cor amarelada ocorre também devido à calcificação pulpar.
Todas essas modificações ocorrem sem que alguns sinais clínicos ou radiográficos de necrose, como fístula, abcesso e lesão apical, necessariamente apareçam. Em decíduos, vemos que mesmo com aparecimento tardio desse tipo de mudança de cor (acinzentada e amarronzada), ela pode não estar relacionada à necrose pulpar e o dente poderá esfoliar sem apresentar problemas.
Acompanhamento radiográfico deve guiar o tratamento
Sugere-se que o tratamento para dentes que apresentem alteração de cor acinzentada e amarronzada – tanto logo após o trauma, quanto tardiamente, persistente ou transitoriamente – seja o acompanhamento clínico e radiográfico por parte do profissional.
Porém, se for diagnosticado o aparecimento de fístulas e abcessos, a reabsorção apical com infecção deve ser observada através de radiografias e o tratamento endodôntico deve ser proposto. Nos casos onde a necrose é diagnosticada tardiamente, com extensa reabsorção externa e perda óssea, é a exodontia que deve ser indicada.
Em geral, o tratamento estético proposto para esse tipo de alteração deve ser indicado apenas se a mudança de cor persistir por pelo menos 3 meses, já que dentes cinzas e marrons podem voltar à cor natural em poucas semanas. Podemos citar alguns tratamentos, porém, o mais utilizado é o que utiliza as facetas feitas em resina composta.
Referências Bibliográficas
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Anuário Odontopediatria Clínica: integrada e atual. Coordenação: José Carlos Pettorossi Imparato. Vol. 1 n.1, 2013.
a minha filha tem dente ficou escuro como eu faço??? alguém pode me explicar?
Olá, Caroline! Como se trata de algo muito especifico, o ideal seria verificar com o seu dentista de confiança! 💙