A anamnese odontológica é uma etapa fundamental para que seus tratamentos sejam mais eficazes e, consequentemente, seus pacientes fiquem mais satisfeitos.
Por meio de uma entrevista bem estruturada, você consegue coletar as principais informações de seus pacientes e promover um atendimento de qualidade.
Acompanhe a seguir um guia definitivo que mostra como elaborar as perguntas certas para sua anamnese, dicas de abordagem e os erros mais comuns nesse processo.
O que é a anamnese odontológica e por que ela é importante?
A anamnese odontológica é um documento fundamental para entender o histórico de saúde de seus pacientes, funcionando como uma triagem em forma de questionário ou entrevista que deve ser feita logo na primeira consulta.
Dessa forma, você consegue identificar as principais características de cada paciente, suas dores, queixas, estilo de vida, hábitos, fragilidades e expectativas.
Com essa base de dados, você sugere o tratamento mais indicado para cada caso, levando em consideração fatores como problemas de saúde pré-existentes, cuidados com a saúde mental, histórico odontológico, entre outros.
Além disso, a anamnese também é uma forma de você proteger sua carreira contra condenações por erros em procedimento, atestando as informações essenciais para sua defesa.
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8 passos para fazer uma anamnese odontológica precisa
Uma boa anamnese odontológica é aquela que o paciente se sente à vontade para compartilhar todas as suas informações com você, inclusive as mais delicadas.
Ou seja, é esse o momento em que você tem a oportunidade de criar um vínculo de confiança com seu paciente e seguir com o tratamento ao decorrer das próximas consultas.
E para que esse processo seja feito da maneira mais confortável possível, vale a pena seguir esse passo a passo:
1. Comece com a identificação
Antes de mais nada, é importante coletar informações básicas no agendamento da primeira consulta do seu paciente, para você já conhecer um pouco mais sobre ele. Isso inclui:
- nome completo;
- data de nascimento;
- gênero;
- estado civil;
- documentos;
- endereço;
- formas de contato;
- entre outras informações que considerar fundamentais.
Esses dados são importantes para que você crie a documentação odontológica do seu paciente em um prontuário digital.
As informações devem ser solicitadas com uma abordagem cuidadosa e gentil pelo seu time de atendimento, para não parecer uma obrigação, mas sim, uma conversa leve e humanizada.
2. Entenda as queixas
Com as informações básicas em mãos, é necessário ouvir o seu paciente, para compreender quais os principais problemas que ele está tendo.
Separe para essa etapa perguntas como:
- Como você está?
- Quais são as suas maiores queixas?
- Você tem enfrentado esse problema há quanto tempo?
- Quais sintomas você tem sentido?
- E com que frequência?
Ao escutar tudo que seu paciente tem a dizer, você consegue identificar os pontos de atenção e entender melhor quais devem ser as próximas perguntas.
3. Pergunte sobre o histórico odontológico
O passo seguinte é compreender se o seu paciente já se consultou com outros dentistas ou realizou tratamentos de saúde bucal. Aqui vale a pena perguntar:
- Quando foi a última vez que você foi ao dentista?
- Já passou por alguma experiência traumática nesse processo?
- Como você está em relação à aparência dos seus dentes?
- Já usou aparelho, alinhador ou prótese?
- Já fez implantes dentários?
É importante deixar claro ao seu paciente que todas essas informações são confidenciais e que ele não precisa ter medo de julgamento ou vergonha das respostas.
4. Saiba mais sobre os hábitos de higiene oral
Outra etapa importante na anamnese odontológica é identificar como o paciente realiza a higiene bucal no dia a dia. Isso inclui perguntar:
- Quantas vezes ao dia você escova seus dentes?
- Isso é feito logo após uma refeição?
- Você passa fio dental?
- A escovação faz sua gengiva sangrar?
- Quais os movimentos que você faz com a sua escova?
- Sente que tem mau hálito?
Com essas informações, você pode orientá-lo sobre a frequência ideal, o uso adequado da escova e do fio dental e a importância de seguir esses cuidados para evitar mais problemas odontológicos.
5. Fale sobre o histórico de saúde
Além da higiene bucal, você também precisará entender um pouco mais sobre outros problemas e doenças de seu paciente, uma vez que podem estar atrelados às causas ou piora nos sintomas da condição odontológica.
Considere tanto a História da Doença Atual (HDA), que é o relato da queixa atual, quanto a História Patológica Pregressa (HPP), que é o histórico completo para criar uma visão panorama de seu quadro clínico.
Algumas perguntas que podem te ajudar incluem:
- Você faz uso de algum medicamento atualmente? Qual?
- Tem diabetes?
- Possui algum problema de saúde no coração como pressão alta ou doenças cardíacas?
- E em relação a doenças respiratórias, tem asma, bronquite?
- Alguma doença hepática ou renal?
- Tem problemas de osteoporose?
- Teve algum tipo de hepatite?
- Possui alterações de tireoide?
- É HIV-positivo?
- Já passou por alguma cirurgia?
- Teve complicações com o uso de anestesia?
Ao considerar essas informações, vai ser mais fácil encontrar a melhor forma de seguir com um tratamento odontológico, pensando nas condições gerais de seu paciente.
6. Aborde o histórico familiar
Além do relato dos problemas de saúde do seu paciente, é necessário entender se existiam condições prévias de outros membros da família, pois muitas das condições de atenção na odontologia são genéticas, passadas entre gerações.
Pergunte se existe algum histórico familiar das doenças citadas, especialmente em relação aos problemas odontológicos.
Mesmo que o paciente não tenha o mesmo problema, é importante ter essa informação para um melhor direcionamento nos tratamentos e para se preparar em caso de imprevistos.
7. Pergunte sobre os hábitos e estilo de vida
Outros fatores cruciais em uma anamnese odontológica precisa são os hábitos de saúde. Questione se seu paciente:
- É fumante ou se já foi. Se sim, fuma quantos cigarros por dia?
- Faz uso de cigarros eletrônicos?
- Consome bebidas alcoólicas? Com que frequência?
- Pratica atividades físicas? Quantas vezes por semana?
- Tem uma noite de sono tranquila? Dorme em quais horários?
- Segue uma alimentação equilibrada?
- Consome muitos doces?
- Costuma ranger os dentes com frequência?
- Morde objetos no dia a dia como lápis, canetas e afins?
- Tem o hábito de mascar chicletes?
Todas essas atividades podem trazer uma visão mais completa do que está por trás do problema de saúde do seu paciente, identificando potenciais hábitos que estão comprometendo sua saúde bucal.
8. Cite aspectos emocionais
Por fim, fale também sobre questões ligadas à emoção de seu paciente, como, por exemplo, traumas relacionados a procedimentos odontológicos e/ou fobias.
Pergunte também se o paciente se considera ansioso, estressado ou depressivo, se faz acompanhamento com psicólogo ou psiquiatra e se o problema de saúde bucal fica mais evidente em momentos de tensão.
Ter esse cuidado e oferecer apoio para ajudá-lo a encontrar uma forma de lidar com esses momentos difíceis pode gerar uma maior confiança do seu paciente em você e nos seus serviços.
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Como fazer uma anamnese para casos específicos?
Dependendo da idade, gênero e outras características do paciente, algumas perguntas extras podem ser necessárias. Entre elas:
Mulheres
É importante perguntar se a paciente está grávida ou pretende engravidar e sobre a saúde hormonal, pois são fatores que podem influenciar no tratamento que será desenvolvido.
Gestantes, por exemplo, nem sempre podem realizar procedimentos cirúrgicos, por isso, esses são fatores fundamentais em uma avaliação.
Idosos
Na odontogeriatria, é necessário falar sobre o uso de medicamentos controlados, de próteses e implantes dentários e também entender se o paciente possui algum familiar como acompanhante na consulta. Isso é importante para o caso de o paciente precisar de ajuda para entender o diagnóstico ou recomendações do tratamento.
Além disso, avalie sinais ligados ao comprometimento cognitivo, como dificuldades de memória, problemas relacionados à audição e à fala e a capacidade de enxergar letras menores, que podem influenciar na prescrição de medicamentos, por exemplo.
Crianças
Em casos pediátricos, é preciso conversar com os pais ou supervisores da criança e adequar as perguntas para manter apenas as que sejam pertinentes a esse público. Por exemplo, perguntas relacionadas ao uso de substâncias não entram nessa lista.
Pacientes com deficiência
Caso o paciente tenha uma deficiência física ou sensorial, o ideal é realizar um atendimento mais inclusivo e adaptado para que ele se sinta mais seguro em seu consultório ou clínica odontológica.
Como fazer uma anamnese odontológica mais empática?
Independentemente do paciente, é importante ter empatia e entender as particularidades de cada pessoa.
Por isso, alguns cuidados podem tornar a sua relação com o público mais eficaz:
- Treine a sua escuta ativa: demonstre que está interessado em ouvir tudo que seu paciente tem a dizer, evitando interrupções abruptas.
- Converse algo além da queixa: não foque apenas no problema, mostre interesse em conhecer outros detalhes que sejam importantes para o seu paciente, como uma comida que ele gosta de preparar, uma cor que ele ache bonita, um passeio ou hobby que ele curta fazer.
- Demonstre frases empáticas: inclua um tom de compreensão na sua anamnese odontológica, como “imagino que deva ter sido um momento delicado” ou “entendo como é difícil”.
- Facilite o uso de termos científicos: torne a linguagem mais acessível aos pacientes. Evite termos de medicamentos complexos ou nomes de doenças difíceis de decorar. Prefira palavras mais comuns e utilizadas no dia a dia.
- Não se distraia: olhe nos olhos do seu paciente, evite ficar usando o celular ou o computador enquanto conversa com ele. Se precisar atender uma ligação ou interromper a conversa por uma urgência, deixe claro os motivos e não demore a voltar.
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Quais os erros mais comuns na anamnese odontológica e como evitá-los?
Para um diagnóstico preciso e seguro, é importante evitar alguns erros que podem acontecer durante a anamnese odontológica:
Ignorar condições de saúde
Problemas como histórico de alergias, pressão arterial e índice glicêmico precisam ser certificados. Deixar de anotar alguma dessas informações pode trazer complicações de saúde até mesmo irreversíveis em determinados casos.
Anotar com pressa
Coletar as informações correndo pode deixar o paciente inseguro e até mesmo fazer com que ele não volte para uma segunda consulta.
Tenha calma para ouvir o que ele tem a dizer e anote com cuidado cada informação. Isso também pode te ajudar a evitar erros, inclusive durante o tratamento odontológico.
Não atualizar a anamnese odontológica
Para pacientes que estão voltando ao seu consultório depois de um tempo, é preciso refazer a anamnese.
O problema que o levou a se consultar pode ter mudado, novos tratamentos podem ter sido feitos ao longo do tempo distante. Até mesmo hábitos e estilo de vida mudam. Então, é necessário manter o registro sempre atualizado.
Com a Dental Cremer | Henry Schein você acompanha dicas valiosas para uma anamnese odontológica precisa
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