Anestésicos odontológicos: quais são e como utilizá-los?

Este material é voltado aos cirurgiões-dentistas habilitados ao exercício da sua profissão, possui caráter apenas informativo, não se trata de artigo científico – todas as informações prestadas são encontradas nas referências bibliográficas disponibilizadas ao final do conteúdo. Data da publicação: março de 2023.

Os anestésicos são definidos como fármacos que podem bloquear temporariamente a geração e transmissão de estímulos nervosos na região onde foram aplicados, permitindo a realização de procedimentos invasivos e cirúrgicos sem dor. 

Na odontologia, são amplamente utilizados pelos cirurgiões-dentistas em diversas situações clínicas, mas requerem alguns cuidados para que atuem de forma segura e eficiente. 

A seguir, veja quais são os principais anestésicos odontológicos, como escolher a solução anestésica ideal e dicas para tornar o procedimento mais confortável para seus pacientes. 

Quais os principais anestésicos odontológicos? 

Os anestésicos odontológicos são drogas usadas para induzir a anestesia a nível local antes da realização de cirurgias, tratamentos de canal e demais procedimentos invasivos. 

Dentre os tipos de sais anestésicos disponíveis, destacam-se: 

Lidocaína (1 e 2% com ou sem vaso constritor) 

A lidocaína tem sido o anestésico mais usado pelos profissionais da área da saúde, inclusive dentistas. O fármaco faz parte do grupo das amidas, logo pode ser usado em pacientes alérgicos aos ésteres. 

Após aplicado, começa a ter início de ação entre 2 e 4 minutos, com duração anestésica limitada, de 5 a 10 minutos em polpa.  

Em associação com vasoconstritor, sua duração pode ser de 40 a 60 minutos em polpa e de 120 a 150 minutos em tecidos moles.  

Ou seja, na Odontologia, não há indicação de uso de lidocaína à 2% sem vasoconstritor. 

Sua metabolização ocorre no fígado, já a excreção é renal.  

Prilocaína (3% com felipressina) 

A procaína é um anestésico com potência parecida com a lidocaína, porém com menor nível de toxicidade.  

Possui início de ação de 2 a 4 minutos e apresentações sem e com vasoconstritor. Com agente vasoconstritor, oferece duração anestésica em polpa de 60 a 90 minutos e em tecidos moles de 3 a 8 horas. 

O fármaco é metabolizado no fígado e nos pulmões do paciente e eliminado pelos rins, mas sua degradação já começa a ocorrer no local em que foi injetado. 

Devido à rápida metabolização, a procaína é contraindicada para cirurgias mais extensas.  

Também não deve ser usada em pacientes grávidas, pacientes com insuficiência cardíaca ou respiratória evidenciada por hipoxia, entre outros, pois diminui a capacidade do transporte de oxigênio do sangue. 

Mepivacaína (2% com vasoconstritor ou 3% sem vasoconstritor) 

A Mepivacaína é um anestésico muito popular na Odontologia e se destaca por oferecer um tempo maior de anestesia se comparado aos demais anestésicos sem vasoconstritor. 

Classificada como uma solução de duração intermediária, seu início de ação é entre 2 e 3 minutos, com duração de 1 hora em polpa e de 3 a 5 horas em tecidos moles.  

É uma boa escolha em casos de infecção, contudo não deve ser usada em pacientes gestantes. 

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Bupivacaína (0,5% com ou sem vasoconstritor)  

A bupivacaína é o anestésico mais utilizado em âmbito hospitalar, com potência anestésica 4 vezes maior do que os demais anestésicos do tipo amida.  

Seu início de ação é mais longo, de 6 a 10 minutos. A ação anestésica em polpa varia de 1 hora e meia a 3 horas, já em tecidos modelos pode durar de 4 a 9 horas.  

Isso a classifica como um anestésico de longa duração, indicada para procedimentos onde se espera um intenso traumatismo, como cirurgias periodontais, procedimentos endodônticos e extrações múltiplas. 

Articaína (4% com ou sem vasoconstritor) 

A articaína foi o último anestésico lançado no mercado brasileiro.   

É uma droga de baixa toxicidade sistêmica, por isso, pode ser usada em concentrações mais altas do que os demais anestésicos. 

Seu início de ação acontece entre 1 e 2 minutos, e seus efeitos podem durar de 60 a 75 minutos em tecidos pulpares e de 3 a 6 horas em tecidos moles.  

Possui excelente difusão através de ossos e tecidos moles. Sua metabolização ocorre no sangue e no fígado. 

Uso de vasoconstritores 

Os anestésicos possuem propriedades vasodilatadoras, isso significa que, ao serem aplicados, expandem os vasos sanguíneos, levando, consequentemente, ao aumento do fluxo sanguíneo. 

Desse modo, a fim de compensar essa ação vasodilatadora, é comum que agentes vasoconstritores sejam associados aos anestésicos locais. 

No Brasil, o vasoconstritor mais utilizado é a epinefrina (adrenalina), seguido de norepinefrina (noradrenalina), corbadrina (levonordefrina), fenilefrina e felipressina – análogo sintético da vasopressina.  

Os principais benefícios dos vasoconstritores são: 

  • Diminuição da toxicidade sistêmica do anestésico; 
  • Redução da quantidade de solução anestésica usada em um procedimento; 
  • Absorção do sal anestésico pelo organismo de forma mais lenta; 
  • Aumento do tempo de duração da anestesia;
  • Hemostasia, ou seja, redução da perda de sangue em procedimentos envolvendo sangramento, como exodontias e cirurgias. 

Mas lembre-se: antes de utilizar um anestésico com vasoconstritor, é fundamental compreender as contraindicações de cada um dos agentes vasoconstritores. 

Atenção especial a pacientes gestantes, pacientes com hipertensão, pacientes com histórico de Infarto Agudo no Miocárdio, dentre outras condições sistêmicas. 

Como escolher o anestésico odontológico ideal para cada procedimento? 

A escolha da solução anestésica ideal para cada tipo de procedimento irá depender de diversos fatores, como: 

  • Duração do procedimento; 
  • Necessidade de controle da dor após o procedimento;   
  • Início de ação do sal anestésico; 
  • Tipo de anestesia: terminal, regional ou troncular; 
  • Nível de toxicidade, a fim de evitar intercorrências; 
  • Necessidade de hemostasia – como o uso de vasoconstritores em procedimentos cirúrgicos, por exemplo.
  • Contraindicações absolutas ou relativas da solução anestésica; 
  • Condições sistêmicas do paciente; 
  • Dose máxima recomendada, independentemente do peso. 

Como calcular a dose máxima de anestésicos? 

Após avaliar as particularidades de cada caso e paciente, assim como as características do anestésico de escolha adequado, o próximo passo é calcular a dose máxima do sal anestésico. 

Para isso, o profissional deve considerar a concentração da solução anestésica a ser utilizada, o peso do paciente e a dosagem máxima recomendada de cada substância. 

Na tabela a seguir, com dados estabelecidos pela literatura, é possível consultar os valores de dose máxima por kg de peso corporal e dose máxima absoluta. 

Tabela para calculo de anestesia nos pacientes de dentistas
Essa informação também deverá ser verificada na bula do anestésico a ser utilizado. – Tabela 1. Fonte: Malamed(2013). Disponível em: https://acervodigital.ufpr.br/bitstream/handle/1884/66304/Uso%20dos%20Anest%C3%A9sicos%20Locais%20em%20Odontologia.pdf?sequence=1&isAllowed=y

1º Passo – Calcule quantos mg de anestésico estão presentes em cada tubete. 

Ex: Lidocaína 2%. 

Como a lidocaína tem percentual de 2%, significa que há 20 mg de Lidocaína em 1ml do anestésico.  

Considerando que cada tubete possui, 1,8ml de solução, é preciso fazer uma regra de três para conferir quantos mg de lidocaína estão presentes no tubete. 

 20 mg ——————— 1 ml 

X 

X mg———————1,8 ml 

Valor de X = 36mg. Ou seja, no tubete há 36mg de sal anestésico. 

2º Passo – Calcule a dose máxima de anestésico que o paciente pode receber (em mg), de acordo com seu peso. 

O próximo passo é localizar a dosagem máxima por peso (mg/kg), definida pela literatura (tabela 1) ou descrita na bula do anestésico.  

No caso da Lidocaína 2%, o valor é de 7,0mg por kg. Então, podemos fazer novamente uma regra de três para conferir quantos mg podemos usar, de acordo com o peso do paciente. 

Se o paciente pesa 50kg, por exemplo, calcula-se: 

7,0 mg——————1 kg 

X 

X mg———————50 kg 

Valor de X = 50mg. Ou seja, deve-se utilizar 350mg de anestésico para esse paciente. 

3º Passo – Por último, determine o número máximo de tubetes que podem ser aplicados no paciente, de acordo com seu peso.  

Para isso, faça novamente uma regra de três simples: 

1 tubete —————— 36 mg  

X 

X tubetes ——————-350 mg 

Valor de X= 9,7. Neste caso, o paciente pode receber no máximo 9,7 tubetes de anestésico. 

Como realizar uma anestesia sem dor? 

A anestesia costuma ser um procedimento bem desafiador para os dentistas, pois além de ter cautela ao escolher o anestésico ideal para determinada situação clínica, o profissional, muitas vezes, precisa lidar com o medo e ansiedade do paciente durante a aplicação. 

Por isso, selecionamos algumas dicas que podem te ajudar a tornar esse procedimento menos estressante, confira: 

  • Praticar constantemente, pois a prática é fundamental para aperfeiçoar a técnica anestésica; 
  • Buscar a confiança do paciente, esclarecendo dúvidas e explicando como será feito o procedimento; 
  • Penetrar a agulha lentamente costuma reduzir o desconforto e o trauma. 
  • Aquecer o tubete anestésico com o calor das próprias mãos antes de aplicar a solução; 
  • Mudar o foco do paciente, distraindo-o com algum vídeo ou conversa, principalmente no atendimento de pacientes pediátricos; 
  • Utilizar equipamentos de anestesia computadoriza, permitindo um procedimento rápido e sem dor. 

Equipamento para anestesia computadorizada The Wand 

Sem dúvida, as técnicas citadas no tópico anterior contribuem muito para minimizar o desconforto do paciente durante a execução da anestesia. 

Mas você sabia que o mercado odontológico já oferece equipamentos para realizar uma anestesia sem dor? 

É isso mesmo! A anestesia não precisa mais ser um momento de estresse e ansiedade para o paciente e nem para o dentista. 

O The Wand, por exemplo, é um injetor computadorizado de anestésico que lidera o mercado mundial de anestesias sem “medo” e traz diversos benefícios. 

Seu sistema de gotejamento controlado faz com que o paciente não sinta a anestesia tópica sendo aplicada, promovendo um procedimento tranquilo e confortável. 

O equipamento possui, ainda, diferentes velocidades de aplicação e tamanhos de agulha variados. 

Com ele, você pode realizar todas as técnicas anestésicas tradicionais de forma rápida, fácil e segura.  

É mais um atrativo para o seu consultório odontológico, auxiliando na fidelização de seus pacientes e te destacando da concorrência. 

Quer saber mais sobre essa solução inovadora para anestesias? Leia a matéria: 

Ao longo deste blogpost você conferiu quais são as soluções anestésicas mais comumente usadas na Odontologia. 

Compreendeu que para escolher o anestésico ideal para cada situação clínica é fundamental levar em conta fatores como duração dos procedimentos, técnica empregada e questões individuais de cada paciente.  

Então, se você deseja oferecer esse diferencial aos seus pacientes e se destacar em meio a concorrência, a Dental Cremer pode te ajudar.  

Oferecemos atendimento com consultores especializados em equipamentos odontológicos e condições de pagamento que cabem no seu bolso. 

Para saber mais, acesse o site e leve o que há de mais moderno em anestesia para o seu consultório.  

Sobre a autora:

Gabrielli Nery Wandscheer Redatora Shine

Formada em Administração pela Estácio, especialista em Marketing e redação técnica na área odontológica.

 

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Referências: 

ANESTÉSICO com vasoconstritor e sem vasoconstritor: qual usar? Fonte: Simpatio em <a href=”https://simpatio.com.br/anestesico-vasoconstritor/”>Anestésico Com Vasoconstritor e Sem Vasoconstritor – Qual Usar?</a>. Simpatio, [S. l.], p. 1-1, 25 mar. 2021. Disponível em: https://simpatio.com.br/anestesico-vasoconstritor/. Acesso em: 10 mar. 2023. 

USO dos vasoconstritores em anestésicos locais odontológicos | Colunista. Sanar, [S. l.], p. 1-1, 16 dez. 2020. Disponível em: https://www.sanarsaude.com/portal/carreiras/artigos-noticias/colunista-odontologia-uso-dos-vasoconstritores-em-anestesicos-locais-odontologicos. Acesso em: 10 mar. 2023. 

Paiva LCA, Cavalcanti AL. Anestésicos locais em odontologia: Uma revisão de literatura. UEPG Ci Biol Saúde. 2005; 11(2):35-42. 

COMO FAZER a seleção dos anestésicos locais em odontologia?. Academia da Odontologia, [S. l.], p. 1-1, 25 mar. 2021. Disponível em: https://www.academiadaodontologia.com.br/como-fazer-a-selecao-dos-anestesicos-locais-em-odontologia/. Acesso em: 10 mar. 2023. 

COMO CALCULAR a Dose Máxima De Anestésico Local em Odontologia – 3 Passos Rápidos e Fáceis. Gravação de Arriba Dentista. Youtube: [s. n.], 2020. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=HRb49nPoUCc. Acesso em: 10 mar. 2023. 

GUARENGHI, G. G.; LIMA, A. A. S.; ARAUJO, M. R. Uso dos anestésicos locais na odontologia. 2020. (Material didático da Disciplina de Terapêutica Aplicada à Odontologia, Curso de Odontologia, Universidade Federal do Paraná). Disponível em: . br/bitstream/handle/1884/66304/Uso%20dos%20Anest%C3%A9sicos%20Locais%20 em%20Odontologia.pdf?sequence=1&isAllowed=y. Acesso em: 1 dez 2021. 

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