Saiba mais sobre o Aparelho Autoligado – parte 1

Sem dúvidas esse é um dos assuntos ortodônticos mais aguardados pelos nossos leitores aqui do Blog da Dental Cremer. Por isso, resolvi dividi-lo em mais de um artigo (serão duas partes muito especiais), para que possam apreciar aos poucos sobre aparelho autoligado.

Quem frequenta congressos odontológicos, principalmente os de Ortodontia ou mesmo quem recebe a publicidade de alguma forma (todo tipo de mídia social), percebeu que o aparelho autoligado está “na moda”. Precisamos entender um pouco mais sobre ele para compreender suas particularidades, vantagens e reais indicações. Boa leitura!

Uma breve história do aparelho autoligado

Apesar dos aparelhos autoligáveis serem apresentados como algo muito recente e moderno, sua primeira versão data do ano de 1935 (há mais de 80 anos). Naquela época, a ideia era tentar fixar o arco ortodôntico dentro da canaleta (slot) dos bráquetes Edgewise com um parafuso. Porém, o custo era alto e as peças apresentavam certa fragilidade que impediram a popularização deste mecanismo.

Mais recentemente começaram a surgir outros tipos de bráquetes, como o Time (Adenta GmbH, Alemanha) que se assemelhava ao Speed na aparência e na maneira ativa de atuação. Logo após veio o Sigma (American Orthodontics, EUA) e o Damon. Alguns tipos de bráquetes podem ser vistos na Figura 1.

Figura 1. Exemplos de bráquetes autoligados. (SATHLER et al., 2011)

Um tipo de classificação dos bráquetes autoligados

Basicamente, é possível considerar que, segundo o grau de pressão que o bráquete, ou o sistema de bráquetes, confere ao fio, eles podem ser chamados de ativos (com o fio pressionado dentro de canaleta); passivos (o fio ortodôntico tem liberdade dentro da canaleta ou slot do bráquete) ou os chamados interativos (a pressão existe nos fios mais calibrosos, mas há liberdade nos fios mais finos).

O sistema ativo costuma ter uma força de atrito maior entre o fio e o bráquete, comparando-se ao sistema de bráquetes passivos.

Continuando…

Em 2006 surgiu o In-Ovation C (GAC International, EUA). Outras marcas lançaram novos bráquetes autoligados como o Damon MX e o SmartClipTM (3M Unitek, EUA) (Figura 2).

Figura 2. Mais exemplos de bráquetes autoligados. (SATHLER et al., 2011)

Espero não ter deixado nenhum bráquete de fora, mas a partir de 2008 outros bráqutes surgiram como o Damon Q, alguns estéticos como o ClarityTm SL e o Easy Clip (Aditek). Caso eu tenha me esquecido de algum, comente aí embaixo do texto que faremos as adaptações necessárias.

E o ganho em tempo de atendimento? Qual tratamento é mais rápido?

De acordo com alguns autores, a maior eficiência dos bráquetes autoligáveis estaria relacionada ao menor tempo total de tratamento, ao tempo menor em que o paciente fica na cadeira do dentista e à possibilidade de intervalos maiores entre as consultas. Será que isso tudo é verdade?

Alguns estudos mostram sim que a facilidade de fechamento das tampas dos bráquetes autoligados podem reduzir o tempo de atendimento em até quatro vezes. Quando esses são comparados aos sistemas convencionais com amarração que utilizam-se de elásticos (elastics ou ligaduras elásticas).

Já com relação ao tempo de cadeira, outros autores disseram o seguinte: que o tempo de soltura e de amarração dos fios aos bráquetes convencionais com amarrilhos metálicos é em torno de 8 minutos, com ligaduras elásticas esse tempo cairia para 2 a 3 minutos e para menos de um minuto com o aparelho autoligado. Façam as contas…!

E sobre termos um tratamento mais rápido com o aparelho autoligado? Um estudo de 2007 comparou a velocidade da retração com mecânica de deslize entre o aparelho autoligado e bráquetes convencionais e o tempo de tratamento foi semelhante.

Ainda sobre o tempo de tratamento. Podemos falar também de um estudo com 59 pacientes que comparou o tempo de correção do apinhamento anterior inferior com bráquetes convencionais, e com um tipo de aparelho autoligado. Neste estudo, também não foi encontrada diferença no tempo de tratamento entre os dois tipos de bráquetes.

Espero que tenha gostado desta primeira parte, na segunda vou abordar mais algumas características dos sistemas autoligados e caso você tenha alguma dúvida, comente aí embaixo!

Até breve!

Referências:

http://www.scielo.br/pdf/dpress/v14n4/a02v14n4.pdf
http://www.scielo.br/pdf/dpjo/v16n2/a06v16n2.pdf

 

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