A Odontologia restauradora tem como objetivo principal a preservação da estrutura dental sadia e recompor o tecido perdido.
Portanto, a reconstrução dos tecidos dentais perdidos seja por processo carioso, fratura ou qualquer outro fator que gere a perda, deve ser executada com técnicas restauradoras corretas.
Além disso, deve-se utilizar materiais que auxiliem nesse processo.
Dentre esses materiais, os que mais se destacam, pelo caráter terapêutico, são os Cimentos de Ionômero de Vidro (CIV), conhecido por sua biocompatibilidade, adesão química à estrutura dental e liberação de flúor, sendo indicados para restaurações diretas, forramento de cavidades e cimentações protéticas e ortodônticas.
Neste artifgo, vamos abordar os tipos de CIV, indicações clínicas e vantagens e desvantagens do material, além de dicas para promover o sucesso do caso clínico.
Cimento de ionômero de vidro na Odontologia
O cimento de ionômero de vidro (CIV) é um biomaterial odontológico composto por um pó à base de vidro fluoroaluminossilicato de cálcio e um líquido à base de ácido poliacrílico,
São comercializados no formato pó + líquido, pasta fotopolimerizável ou cápsula.
Propriedades do cimento de ionômero de vidro
- Biocompatibilidade;
- Adesão química ao tecido dental;
- Liberação de flúor;
- Coeficiente de expansão térmica semelhante ao dente;
- Bom selamento marginal.
Os Cimentos de Ionômero de Vidro chegaram no mercado em 1975, passando depois por sucessivos desenvolvimentos até chegar nas formulações de hoje em dia. Atualmente, a sua classificação se dá de acordo com sua indicação de uso.
Quais os tipos de cimento de ionômero de vidro?
- CIV tipo I: cimentação protética e de dispositivos ortodônticos;
- CIV tipo II: restauração e adequação do meio;
- CIV tipo IIb: restauração e adequação do meio;
- CIV tipo III: base, forramento e selante de fóssulas e fissuras;
- CIV modificado: modificado por resina, zircônia ou aluminato de cálcio, aumentando a resistência mecânica do material.
Indicações clínicas do cimento de vidro:
- Restauração direta em dentes decíduos e permanentes;
- Restauração provisória;
- Forramento de cavidades;
- Selamento de fóssulas e fissuras;
- Tratamento Restaurador Atraumático (ART);
- Cimentações protéticas;
- Cimentação de dispositivos ortodônticos.
É importante lembrar que as indicações clínicas para o uso do cimento Ionoméricos são amplas, porém, se destacam pelo uso como protetor do complexo dentino pulpar. Pois, a dentina e a polpa são fundamentais para a manutenção da vitalidade dental.
A polpa proporciona nutrição à dentina através dos prolongamentos odontoblásticos e quando ela sofre injuria ou irritação mecânica, térmica, química ou bacteriana, desencadeia uma reação de efetiva proteção.
Essa reação defensiva é caracterizada pela formação de dentina reparadora.
Portanto, sempre que houver perda de estrutura, quer seja por cárie e sua remoção, ou fraturas, erosões ou abrasões, o dente deve ser restaurado.
É necessário, no entanto preservar a vitalidade do complexo dentino/pulpar por meio de adequada proteção.
Como manipular o cimento de ionômero de vidro?
Para realizar a manipulação do CIV pó + líquido é necessário ter:
- Colher dosadora do sistema ionomérico que você vai utilizar, exclusivamente;
- Blocos de papel para manipulação (Faces brilhosas do bloco) ou uma placa de vidro;
- Espátula de plástico ou metálica, para manipulação do Ionômero de Vidro;
Recomenda-se que a manipulação seja feita com a espátula de plástico e bloco de papel, para que as partículas de vidro arranhem e desprendam outras partículas da placa de vidro, assim como desprendam íons metálicos da espátula metálica, que possam ambos, interferir nas propriedades do cimento ionomérico que está sendo manipulado.
Passo a passo para manipulação do CIV pó + líquido
- Agite levemente o frasco que contém o pó, até ficar bem solto;
- Retire o pó com a colher medidora e utilize a tampa interna do plástico para retirar os excessos;
- Despeje o pó no bloco e adicione o líquido (Deixe o frasco do líquido na posição vertical para evitar bolhas de ar na medida);
- Separe metade do pó e coloque aos poucos ele em contato com o líquido e depois misture com a outra metade;
- Por fim, para saber se o cimento está pronto, verifique se ele está brilhoso e se forma o fio quando prensado contra e espátula no bloco;
- Coloque o CIV na cavidade preparada ou na superfície a ser cimentada.
Quais cuidados ter ao usar o ionômero de vidro?
- Controle de umidade do campo operatório;
- Seguir as recomendações do fabricante;
- Mistura homogênea;
- Proteção da superfície da restauração após a aplicação;
- Em casos de maior carga mastigatória, utilizar CIV modificado.
Para promover o sucesso do caso clínico, é fundamental seguir as orientações do fabricante sobre a proporção e armazenamento do produto.
Em relação ao tempo de presa, é importante lembrar que depende do tipo de ionômero de vidro e da apresentação comercial, sendo fundamental consultar as instruções de uso do produto.
Vantagens e desvantagens do cimento de ionômero de vidro
O CIV apresenta excelentes propriedades físicas e químicas, mas como todo material, apresenta vantagens e desvantgens.
Por isso, é importante o dentista conhecer essas características para escolher o CIV de acordo com as características do caso clínico.
Quais são as vantagens dos cimento de ionômero de vidro?
- Liberação de flúor (ação anticariogênica);
- Boa adesão a estrutura dental;
- Coeficiente de expansão térmica baixo;
- Estabilidade dimensional;
- Bom selamento marginal.
Quais são as desvantagens do cimento de ionômero de vidro?
- Baixa resistência à tração;
- Resistência mecânica inferior à resina composta;
- Estética limitada;
- Sensibilidade à umidade durante a presa inicial;
- Necessidade de proteção superficial após a polimerização inicial.
É importante lembrar que a versatilidade desse material esbarra em algumas desvantagens, por exemplo, a diminuição em seu uso clínico, e como consequência sua limitação estética e mecânica em relação às resinas compostas, fragilidade e resistência mecânica inferior.
Além disso, por apresentar baixa resistência à tração, não deve ser utilizado em restaurações incisais, em núcleos retidos à pino, ou substituição de cúspides.
Atualmente, deseja-se utilizar um único material para restaurar a cavidade com eficiência e que mantenha as características biológicas do dente.
Embora muitos materiais possuam vários dos requisitos necessários, ainda não existe um material que possua todas as características juntas e a eficiência da dentina com relação à proteção dada ao tecido pulpar.
Portanto, é importante a escolha de um material biocompatível para proteção eficiente do complexo dentinopulpar, e hoje, o cimento de Ionômero de Vidro ainda tem seu lugar de destaque.
Por todos esses motivos, criamos uma tabela comparando os principais materiais utilizados em restaurações diretas e indiretas, para facilitar a escolha do produto ideal para cada situação clínica:
Resumidamente, o CIV destaca-se pela adesão química e liberação de flúor, enquanto a resina composta fotopolimerizável oferece melhor estética e resistência mecânica.
Já os compômeros apresentam características intermediárias, sendo muito utilizado em Odontopediatria.
Os cimentos resinosos apresentam excelente performance em restaurações indiretas, sendo indicados em casos com maior exigência estética e necessidade de uma maior resistência mecânica.
Conclusão
O CIV oferece ao dentista diversos benefícios como a adesão química, liberação de flúor, biocompatibilidade e bom selamento marginal.
Sua versatilidade permite sua indicação em diversas situações clínicas, desde restaurações de dentes decíduos até a cimentação de próteses e dispositivos ortodônticos.
Para promover o sucesso do caso clínico, é fundamental o dentista compreender suas características, benefícios e utilizar a técnica de manipulação adequada para garantir a longevidade do material no meio bucal.
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