Uso da Clorexidina na rotina do Consultório Odontológico

A clorexidina é um fármaco muito utilizado na área da saúde, principalmente na Odontologia, sendo indicado como coadjuvante na prevenção e tratamento de infecções na cavidade oral e também na biossegurança, para desinfecção de superfícies.

Por causa da sua versatilidade, é fundamental o dentista conhecer o mecanismo de ação e os efeitos colaterais, para escolher a concentração ideal para cada situação clínica.

Neste artigo vamos abordar as propriedades, indicações, forma comercial e concentrações mais utilizadas na Odontologia.

O que é clorexidina?

É um fármaco antimicrobiano que possui ação bactericida e bacteriostática ,apresentando efetividade em bactérias Gram-positivas e Gram-negativas, além de apresentar ação antifúngica em determinadas concentrações.

Na Odontologia, é utilizada em forma de sal de diglunotato, sendo comercializada como digluconato de clorexidina.

Qual o mecanismo de ação da clorexidina?

A clorexidina é uma biguanida antimicrobiana de amplo espectro, que interage com a membrana celular dos microorganismos, aumentando a permeabilidade da mesma e alterando o equilíbrio osmótico. Sua ação está relacionada à concentração do fármaco.

Em baixas concentrações, possui ação bacteriostática, alterando a permeabilidade celular.

Já em concentrações mais altas, apresenta ação bactericida, precipitando o citoplasma bacteriano, o que resulta na morte celular.

É importante lembrar, que independente da concentração, apresenta grande efetividade e poucos efeitos secundários.

Quais são as propriedades da cloxeridina?

  • Baixa toxicidade;
  • Biocompatibilidade;
  • Bactericida;
  • Bacteriostática;
  • Antifúngica;
  • Substantividade.

A substantividade da clorexidina é uma propriedade de grande importância na Odontologia, pois refere-se à capacidade da substância aderir a superfície dos tecidos, permanecendo ativa por um período prolongado, de acordo com a concentração prescrita pelo dentista.

Esse efeito pode durar de 8 a 12 horas, garantindo um resultado superior em relação a outros antissépticos, por não ser neutralizada pelo fluxo salivar devido à longevidade da sua ação.

Clorexidina na Odontologia

O uso do fármaco é amplo, varia de acordo com a concentração, características do caso clínico e sua eficácia é reconhecida pela literatura.

É comercializada na forma de solução, dentifrício, colutório (“bochercho’’) e gel.

Conheça as indicações da clorexidina na Odontologia:

I. Redução e controle do biofilme bacteriano:

  • Auxiliar no tratamento de gengivite e periodontite;
  • Dificulta a formação de biofilme;
  • Prevenção de infecção após procedimentos cirúrgicos.

II. Assepsia:

  • Profilaxia intraoral pré-operatória;
  • Assepsia extraoral;
  • Limpeza do preparo cavitário;
  • Irrigação intracanal (de acordo com algumas linhas de pesquisa)

III. Desinfecção

  • Em alta concentrações, é indicada para desinfecção de superfícies.

Os protocolos de uso em procedimentos odontológicos variam de acordo com a indicação, concentração e a forma de apresentação.

Em procedimentos cirúrgicos, como extrações dentárias e implantes, o uso é indicado como assepsia pré-operatória, para reduzir a carga bacteriana na cavidade oral.

No tratamento de doenças periodontais, é indicada como coadjuvante à terapia mecânica de raspagem e alisamento radicular.

Após procedimentos invasivos, o fármaco é prescrito na forma de colutório/ enxaguante bucal para reduzir a formação do biofilme e atuar na prevenção de infecções.

Em pacientes que utilizam aparelho ortodôntico fixo, próteses dentárias ou apresentam dificuldades de higiene bucal, o uso é recomendado para controlar a formação de biofilme e evitar gengivite e periodontite.

Infográfico destacando 8 principais usos da clorexidina na odontologial, incluindo controle de gengivite, pré e pós-operatório, manutenção de implantes, endodontia, odontologia, cariologia, antissepsia pré-procedimento e infecções fúngicas.

Benefícios da clorexidina na Odontologia

  • Redução de microorganismos;
  • Prevenção de infecções em procedimentos invasivos;
  • Agente coadjuvante em pacientes com dificuldade motora, que impacta na qualidade da higiene bucal;
  • Controle de biofilme.

Além desses benefícios, devido à propriedade de substantividade, o digluconato de clorexidina é retido sobre a hidroxiapatita do esmalte, proteínas salivares e biofilme, sendo liberado gradualmente e promovendo todas as vantagens citadas.

Concentrações da clorexidina utilizadas na Odontologia

  • Clorexidina 0,12% a 0,2%: colutório (“bochechos”);
  • Clorexidina 0,02 a 0,5%:solução para irrigação;
  • Clorexidina 0,5 e 1%: gel;
  • Clorexidina 0,6% ou 0,8%: dentifrício;
  • Clorexidina 2% a 4%: desinfecção de superfícies.

Tabela comparativa sobre indicações comuns e recomendações para o uso dda clorexidina na odontologia, destacando concentrações e observações.

O uso deve ser orientado de forma clara ao paciente, evitando automedicação e uso prolongado, para não ocorrer efeitos adversos.

Cabe ao dentista determinar o tempo limite de uso da substância, de acordo com a concentração, forma comercial e recomendações do fabricante.

É importante orientar o paciente, no caso dos colutórios, para evitar enxaguar a boca com água imediatamente após o uso, para não reduzir a substantividade.

Efeitos colaterais da clorexidina

A prescrição é considerada segura, porém pode apresenta efeitos colaterais/adversos, principalmente se utilizada em longo prazo.

Quais são os efeitos adversos da clorexidina?

  • Pigmentação dental, da língua, de restaurações e próteses: o uso prolongado pode causar manchas acastanhadas superficiais, geralmente removíveis em consultório por meio de profilaxia profissional;
  • Alteração do paladar: alguns pacientes relatam gosto amargo ou metálico ou alteração temporária da percepção gustativa;
  • Descamação da mucosa oral: descamação temporária da mucosa, causada por concentrações maiores ou uso prolongado;
  • Sensação de queimação: em casos mais raros, pode ocorrer irritação temporária na mucosa.

O uso como colutório e dentifrício é indicado por no máximo 15 dias seguidos, para evitar os efeitos descritos.

Além disso, pode ocorrer o desequilíbrio da microbiota oral, favorecendo o crescimento de microrganismos resistentes.

É importante lembrar que a clorexidina não deve ser utilizada por pacientes com hipersensibilidade conhecida ao fármaco ou a qualquer um de seus componentes.

Também deve ser prescrita com cautela em pacientes com condições médicas que possam ser exacerbadas pelo uso do antisséptico.

Em relação à toxicidade, o índice é baixo, pois é uma molécula estável, sendo eliminada pelas fezes quase que na sua totalidade. Porém, quantidades mínimas são absorvidas pelo trato intestinal e eliminadas pelos rins e fígado.

A escolha da forma de apresentação e a dosagem correta devem ser baseadas nas necessidades específicas de cada paciente, levando em consideração fatores como a condição clínica, a presença de restaurações, prótese e aparelhos ortodônticos e a capacidade de higiene bucal do paciente.

Para evitar qualquer intercorrência, além do acompanhamento clínico, é fundamental reforçar ao paciente que o enxaguatório bucal com clorexidina é um coadjuvante, portanto não substitui a higiene bucal e nem as demais medicações prescritas pelo profissional.

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Conclusão

A clorexidina é um agente antisséptico de grande destaque na Odontologia, sendo utilizada na prevenção e tratamento de doenças periodontais, assepsia pré-operatória, controle de infecções pós-operatórias e manutenção da saúde bucal em pacientes com dificuldades de higiene.

Para promover o sucesso do caso clínico, é fundamental o dentista conhecer o mecanismo de ação, concentrações e formas de comercialização, para prescrever a versão ideal para cada situação.

Além disso, é importante realizar o acompanhamento do paciente, para evitar intercorrências e se necessário, interromper o uso do medicamento.

Na Dental Cremer I Henry Schein, você encontra clorexidina em diversas concentrações e apresentações comerciais, de fabricantes renomados e registrados na ANVISA.

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