Como diagnosticar fibroma traumático?

Para um correto diagnóstico de quaisquer lesões intrabucal, o mais importante é a realização de uma boa anamnese e um exame físico detalhado, intra e extra oral. Uma vez que a cavidade oral é um local que pode apresentar inúmeras lesões, benignas ou malignas, que podem apresentar dificuldades diagnósticas e terapêuticas.  A partir dos dados coletados da história do paciente, tanto médica, medicamentosa e a história da doença em questão, como o tempo de duração da lesão, sintomatologia e a palpação da lesão, por meio do exame físico, é importante saber, também, seus hábitos, sejam eles de o alcoolismo e/ou tabagismo, mas também não podemos nos esquecer dos hábitos parafuncionais, como mordeduras, roer unhas, traumas frequentes em mucosa, entre outros.

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Assim, além da experiência clínica do dentista ou ainda do Estomatologista, e a soma das informações coletadas na anamnese, conseguimos elaborar um correto diagnóstico ou ao menos os diagnósticos diferenciais de determinada lesão, baseada em sua lesão fundamental, auxiliado por exames complementares, como de imagem, biópsias entre outros, para se elaborar o diagnóstico final e realizar o correto tratamento.

Quais as características do fibroma traumático?

Clinicamente, a lesão fundamental do fibroma traumático é um nódulo, e se apresenta com a base séssil ou pediculada, constituído por uma massa densa e macia, coloração semelhante à mucosa e assintomático. É uma lesão benigna, cujo crescimento é lento, composta, principalmente, por tecido fibroso ou conjuntivo, em resposta a traumas frequentes no mesmo local, e considerado uma neoplasia de tecido mole mais comum da cavidade oral.

Qual a faixa etária e a localização mais frequente?

Os fibromas traumáticos são mais prevalentes entre a terceira e sexta década de vida e é mais alta em mulheres após os 40 anos, podendo ocorrer também entre 20 e 29 anos em decorrência de estresse e ansiedade, onde há maior probabilidade de hábitos parafuncionais como mordedura na mucosa jugal. Sua localização mais comum é a mucosa jugal, lábios e bordas laterais da língua, mas também podem ocorrer devido a bordas afiadas de dentes ou restaurações, ou desadaptação protética, e por vezes, a depender do local, torna-se desconfortável para o paciente, pois pode atrapalhar a mastigação ou a fonação.

Qual o diagnóstico diferencial do fibroma traumático?

O diagnóstico diferencial é feito com outras lesões como o lipoma,hiperplasia fibrosa tumor de células gigantes, papiloma, ou alguns tipos de cânceres orais, lembrando que todo diagnóstico diferencial depende do tamanho, localização e composição histopatológica.

Como é feito o exame histopatológico?

Para a confirmação do diagnóstico é indicado o exame histopatológico ou anatomopatológico. Por se tratar de uma lesão benigna a indicação é de que seja feito uma biópsia excisional da lesão (remoção total da lesão), por meio de excisão cirúrgica. O espécime cirúrgico removido deve ser armazenado em recipiente plástico estéril contendo formaldeído a 10% que deve ser encaminhado para o laboratório de análises clínicas para análise histopatológica.

Quais são as características histológicas?

Histologicamente se apresentam como massa nodular de tecido conjuntivo denso e com grande quantidade de fibras colágenas, vasos sanguíneos e superfície recoberta por epitélio estratificado escamoso.

Qual o tratamento indicado para fibroma traumático?

O tratamento do fibroma traumático é a excisão cirúrgica convencional através do uso de bisturi, mas também pode ser realizado através de eletrocirurgia ou laser de diodo. Entretanto, os últimos métodos citados necessitam de maior experiência profissional e aparelhagem específica, mas, o tempo de cirurgia, relato de dor, a cicatrização e as manobras de incisão são semelhantes às realizadas na cirurgia convencional, não trazendo nenhuma diferença clínica ou histológica ao paciente.

Considerações finais

Mesmo que essa lesão apresente baixa frequência de recidiva e prognóstico favorável é necessário à remoção do agente traumático, além da orientação aos pacientes de hábitos nocivos e reforçamos a importância do cirurgião dentista frente ao exame clínico de seu paciente, olhar sempre a mucosa oral em suas consultas, e que saiba reconhecer as lesões mais comuns nesta cavidade, favorecendo, assim o diagnóstico precoce e o possível tratamento.

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Sobre a autora:

Dra. Carina Domaneschi

  • Doutora em Estomalogia pela FOUSP
  • Coordenadora da Liga Interdisciplinar das Neoplasias Bucais da FOUSP
  • Profa Doutora de Clínica Integrada e Setor de Urgência Odontológica na FOUSP

Referencias:

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