O final de ano é um período muito esperado por todos já que para muitas pessoas, isso pode significar FÉRIAS! Mas, para nós dentistas, esse cenário pode ser um pouco diferente, visto que é o período onde as urgências aparecem.
Como qualquer procedimento, a primeira coisa que precisamos pensar é que o diagnóstico deve ser efetivo e certeiro.
A radiografia é a aliada do endodontista nesses casos, pois ela permite uma visualização e diagnóstico mais detalhado. Nesse artigo, vamos falar sobre como os filmes radiográficos auxilam em um exame radiográfico eficiente.
As etapas da radiografia no diagnóstico
Antes de mais nada, a primeira radiografia que devemos fazer é a periapical. A partir disso, podemos saber como conduzir nossos tratamentos endodônticos. O ideal é que façamos essa primeira etapa pela técnica do paralelismo, ou seja, utilizando posicionadores radiográficos para facilitar a técnica (figura 1).
As radiografias periapicais são a primeira escolha quando falamos em detalhismo para o diagnóstico correto das regiões dentárias. De fato, elas possibilitam uma visão em conjunto das estruturas componentes do órgão dentário e região periapical.
Imagem 1: Posicionador radiográfico
A anatomia se constitui em um grande desafio para os endodontistas. Devido a complexidade do sistema de canais radiculares devemos ter bastante precaução diante da abertura endodôntica. A cavidade pulpar é a cavidade anatômica contida no interior do dente. Ela acompanha normalmente a forma externa da coroa.
Em indivíduos com idade mais avançada, a deposição de dentina secundária pode fazer essa cavidade se tornar mais constrita. Desta forma, passamos a ter mais dificuldades na localização dos canais radiculares.
Para podermos realizar um tratamento com segurança, uma radiografia de qualidade é essencial.
Para atingirmos esse objetivo, se formos usar películas radiográficas, devemos escolher aquelas que sejam adequadas às nossas necessidades. As películas radiográficas intra-orais periapicais são radiografias em que o filme é colocado dentro da boca do paciente.
As embalagens são individuais. Elas podem ser simples, que são as mais usadas, ou duplas.
As embalagens simples têm uma película. As embalagens duplas têm duas películas. Isso permite fazer cópias da mesma película.
Estas películas estão disponíveis em dois tamanhos. O primeiro tamanho é 22 x 35 mm, chamado de película número 1. Este tamanho é usado para pacientes pediátricos. O segundo tamanho é 31 x 41 mm, chamado de película número 2. Este tamanho é usado em adultos.
Será que você realmente conhece o filme radiográfico que está utilizando?
O filme é embalado da seguinte maneira, de fora para dentro.
1. Revestimento externo – Um invólucro plástico vedando a entrada de luz e de saliva. O lado a ser exposto pelos raios X (parte anterior) geralmente possui uma superfície lisa e branca. O lado oposto, que é a parte de trás, tem geralmente duas cores.
Ele possui uma lingueta em “v”. Essa lingueta é usada para abrir a embalagem do filme. Na única parte colorida do filme, abaixo, estão letras que mostram a sensibilidade do filme. Também há a indicação do número de películas radiográficas, que podem ser até duas.
2. Papel preto – Cobre todo o filme. Ele serve para vedar a luz e proteger o filme durante o manuseio.
3. Lâmina de chumbo – Uma lâmina fina de chumbo é colocada na parte de trás do filme. Essa é a parte oposta à exposição dos raios X.
A função dessa lâmina é absorver a radiação secundária. Se necessário, ela identifica o posicionamento errado do filme. Isso é feito através de marcas para a incidência.
4. Filme Radiográfico – Encontra-se no interior da embalagem, revestido por um papel preto. A dica é nunca abrir uma película radiográfica em lugares iluminados. Isso evita que o filme queime. É muito importante saber que os filmes são muito sensíveis à luz branca.
Classificação dos filmes radiográficos
Os filmes mais sensíveis ou de maior velocidade devem ser os preferidos em procedimentos radiográficos. Visto que minimizam a dose de radiação recebida pelos pacientes, reduzindo os riscos radiobiológicos.
Atualmente, existem no mercado filmes radiográficos com diferentes velocidades classificados em sensibilidade D, E e F (figura 2). Os principais filmes usados no mercado atual são os filmes E e F pois necessitam menores exposições do que os filmes D.
No entanto, partindo do princípio que o paciente deve receber a menor dose de radiação, é melhor usar filmes mais sensíveis. Por consequência, se obterá imagens radiográficas sem prejuízo da qualidade.
O filme de sensibilidade F reduz a exposição do paciente à radiação pela metade. Isso acontece em comparação com o filme de sensibilidade E. Além disso, não há perda da qualidade da imagem radiográfica.
Após uma radiografia adequada e correto diagnóstico você conseguirá realizar o seu tratamento de urgência. Além disso, é importante realizar testes de sensibilidade (vitalidade), testes de percussão e às vezes teste de cavidade.
Como resultado, resolver o problema de seu paciente. Ajustes oclusais são muito importantes após a endodontia ou consultas de urgência. Se não forem feitos, o dente continuará a doer. Devemos estar atentos a todos os sinais e sintomas, e não esqueça, seu paciente sempre tem a razão!
Sobre a autora
Professora Milena Perraro Martins | CRO SC 7447
Doutoranda em Endodontia USP Bauru / Mestre e especialista em endodontia
Especialista em Implantodontia / Especialista em Saúde Coletiva e da Família.
Professora Instituto Cemo – Balneário Camboriú
Referências Bibliográficas
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7. Freitas, Aguinaldo de; Rosa, José Edu; Souza, Icléo Faria E. Radiologia odontológica. São Paulo: Artes Médicas, 2004
Amei a explicação
Muito bem detalhada.
Me ajudou muito.
Obgada
Olá, Elizete. Obrigada por nos acompanhar, ficamos muito felizes com seu feedback. 💙