Como escolher o material de moldagem?

A moldagem é uma das etapas mais importantes para o planejamento e execução de um trabalho reabilitador, com o objetivo de reproduzir os dentes e tecidos adjacentes.

Embora a odontologia digital esteja em alta, a moldagem analógica ainda é muito empregada e indicada para todos os tipos de trabalhos. E um bom material de moldagem influencia diretamente na qualidade do molde possibilitando a obtenção de modelos de gesso mais fiéis e trabalhos com maior exatidão, não devendo ser negligenciada pelo cirurgião-dentista.

Para o sucesso nesta etapa, cabe ao cirurgião – dentista avaliar elementos básicos como: saúde gengival, preparo dentário nítido, e estar sempre informado e atualizado quanto aos materiais e técnicas. Uma dica indispensável, é a leitura das bulas e orientações de cada fabricante quanto a dispersão, manipulação, tempo de presa, remoção da moldeira, desinfecção e vazamento do gesso.

Qual é o material ideal para moldagem?

A escolha do material de moldagem dependerá da fidelidade e da reprodução de detalhes superficiais que se deseja em cada caso, levando em consideração o melhor custo / benefício e as propriedades individuais de cada material.

O material de moldagem, considerado ideal, deve apresentar as seguintes propriedades:

  • Gosto e Odor Neutros, e ser atóxico;
  • Facilidade de manipulação;
  • Ser hidrofílico e ter um bom escoamento;
  • Tempo de trabalho e tempo de presa satisfatórios;
  • Boa reprodução de detalhes, e após a polimerização ter cor que facilite a visualização;
  • Fácil remoção e Resistência ao rasgamento;
  • Estabilidade dimensional;
  • Não distorcer durante o vazamento do molde;
  • Ser passível de desinfecção antes do vazamento do gesso.

Os Materiais de moldagem com maior destaque são os elásticos, grupo no qual podemos encontrar o Alginato, também conhecido como hidrocoloide irreversível, e os elastômeros, como a silicona de condensação, silicona de adição e poliéter.

A seguir vamos revisar as principais indicações e características destes materiais para auxiliar na escolha de cada caso.

Quais os tipos de materiais para moldagem?

Alginato (Hidrocoloide Irreversível):

São muito empregados com moldeiras plásticas ou metálicas pré-fabricadas, para trabalhos de próteses totais e parciais, porém sua reprodução de detalhes não é tão boa como a dos elastômeros, sendo recomendado em moldagens para obtenção de modelos de estudo e de dentes antagonistas.

Após a desinfecção, deve-se vazar o gesso em até uma hora, desde que mantido em ambiente úmido. Embora apresente vantagens como baixo custo e fácil manipulação, algumas desvantagens devem ser controladas como a sinérese embebição, baixa estabilidade dimensional e baixa resistência ao rasgamento.

Silicona de Condensação (Elastômero):

Pode-se dizer que este é um dos elastômeros mais empregados pelos cirurgiões-dentistas em moldagens de próteses fixas, sobre implante e removíveis parcial ou total. Principalmente pelo seu custo razoável, boa reprodução de detalhes, facilidade de manipulação, grande variedade de consistências e odor e gosto agradáveis.

>>> Leia mais: técnica de moldagem em implantodontia <<<

Entretanto, apresenta baixa resistência ao rasgamento, maior contração de presa e alteração dimensional, além de ser hidrófobo, o que prejudica moldagens em ambientes úmidos. Sua reação de polimerização resulta em formação de subproduto: ÁLCOOL, necessitando de vazamento imediato ou no máximo em uma hora após sua desinfecção.

Apresenta-se comercialmente em kits contendo uma base densa, base leve e catalizador, vendidos individualmente também. Recomenda-se o uso de moldeiras de estoque de plástico ou metálicas. Associado a técnicas de moldagem de duas fases ou fase única, sendo indicado afastamento gengival com fios retratores, para uma melhor cópia de detalhes pela base leve da silicona de condensação.

Silicona de Adição (Elastômero):

O silicone de adição, também conhecido como polivinilsiloxano, vem sendo considerado a melhor opção com a finalidade de obter modelos de trabalho precisos para próteses fixas, sobre implante e removíveis. Apresenta excelentes propriedades como:

  • Ótima reprodução de detalhes;
  • Estabilidade dimensional;
  • Menor contração de presa;
  • Grande variedade de consistências;
  • Possibilidade de vazamento retardado e de ser vazado uma segunda vez e;
  • Possibilidade de imersão em solução desinfetante.
  • São materiais naturalmente hidrófobos, mas como o intuito de contornar este problema alguns fabricantes já disponibilizam siliconas de adição hidrofílicos.

Embora não tenha subprodutos decorrente de sua reação de polimerização, há uma produção de hidrogênio decorrente de uma reação secundária durante a primeira hora após a moldagem, tempo que deve ser aguardado para realizar o vazamento do gesso após a moldagem, caso contrário pode resultar em bolhas no gesso.

Atenção: o emprego de luvas de látex pode interferir na polimerização dos silicones de adição, devido a contaminação por compostos sulfurosos, a manipulação sem luva ou com luvas de vinil são medidas alternativas para evitar esta interferência.

As siliconas de adição são apresentadas em potes plásticos, correspondente a base densa, e em cartuchos, podendo ser encontrado em duas viscosidades, a leve e a regular. Estes últimos podem ser adaptados a um dispositivo especial tipo pistola, cuja ponta apresenta um sistema automistura, que libera e mistura as pastas base e catalisadora em quantidades exatamente iguais, à medida que são pressionadas através do êmbolo.

Assim como a silicona de condensação, recomenda-se o uso fios retratores para promover o afastamento gengival, e uso de moldeiras de estoque de plástico ou metálicas, associado a técnicas de moldagem de duas fases ou fase única.

Poliéter (Elastômero):

Este integrante do grupo dos elastômeros possui uma excelente reprodução de detalhes, excelente estabilidade dimensional, mais hidrofílico, boa resistência ao rasgamento e a deformação e tempo de presa rápido.

Sua principal indicação é para moldagens de próteses fixas, utilizando moldeiras e casquetes individuais de resina acrílica, personalizados para cada caso, para promover o afastamento gengival.

Tem sua apresentação em bisnagas e em cartuchos para o sistema de automistura, sendo recomendado o uso de adesivos específicos para melhor adesão as moldeiras.

Os moldes feitos com poliéter podem ser armazenados por até 7 dias, segundo alguns fabricantes. Entretanto por serem hidrofílicos, tendem a absorver água, sendo recomendado armazenar em locais secos ou vazar imediatamente. Além disso, rasgam -se facilmente e apresenta uma rigidez excessiva, o que dificulta sua remoção e separação do molde com o modelo.

Conclusão:

Independente do material escolhido, o cirurgião – dentista deve levar em consideração sua preferência e habilidade adquirida com o uso contínuo de um determinado tipo e marca de material, suas respectivas técnicas de moldagem e a técnica empregada para a afastamento da gengiva. O melhor material de moldagem, independente da técnica, é aquele que proporciona a obtenção de uma ótima moldagem, respeitando suas propriedades e indicações.

Sobre o autor:

Renato Lenoir Cardoso Henrique Martinez

  • Especialista em Dentística, Prótese dentária/Reabilitação oral
  • Atua como professor de Dentística e Clínica Integrada na UNIG/Itaperuna
  • Mestrado na UFF

 

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