A Dimensão Vertical de Oclusão (DVO), quando alterada, apresenta diversos impactos negativos, podendo comprometer a estética, fonação, mastigação e a articulação temporomandibular, além de causar dor nos músculos da face.
Para reverter os sinais e sintomas, é necessário recuperar a DVO, além de realizar o ajuste oclusal necessário para restabelecer o equilíbrio funcional do sistema estomatognático, por meio do conhecimento em anatomia, fisiologia e oclusão.
Neste artigo, vamos abordar a importância da DVO na Odontologia, causas da perda da dimensão vertical de oclusão e quais são os tratamentos indicados para solucionar o quadro clínico, devolvendo o equilíbrio entre oclusão dental, musculatura facial e ATM.
O que é dimensão vertical de oclusão?
A Dimensão Vertical na Odontologia compreende o espaço intermaxilar de um indivíduo, tendo como base a posição em que os músculos elevadores e abaixadores da mandíbula se encontram em estado de equilíbrio.
A Dimensão Vertical de Oclusão está relacionada ao comprimento da face quando os côndilos se encontram em oclusão, a mandíbula está em relação cêntrica e os dentes estão em contato na posição de máxima intercuspidação.
A DVO é fundamental para garantir que a oclusão esteja em harmonia com a estética da face, função mastigatória e ATM, sendo mantida principalmente pelos dentes posteriores, mas também apresenta relação com os dentes anteriores, osso alveolar e articulação temporomandibular.
Já a Dimensão Vertical de Repouso (DVR), se refere ao comprimento da face quando os dentes estão em desoclusão e a mandíbula está em posição de repouso fisiológico.
A DVO é importante para:
- Estabilidade oclusal;
- Eficiência mastigatória;
- Fonação;
- Saúde da ATM;
- Longevidade das restaurações;
- Integridade do elemento dental e tecido periodontal;
- Tonicidade dos músculos da face;
- Estética facial.
A DVO é estabelecida durante o desenvolvimento dentário e pode ser alterada ao longo do tempo por causa de fatores como desgaste de esmalte e dentina, perdas dentárias ou hábitos parafuncionais.
Por isso, o diagnóstico da condição é multifatorial, envolvendo análise facial, funcional, oclusal e, se necessário, exames complementares, como por exemplo exames de imagem e cefalometria.
Como medir a dimensão vertical de oclusão?
As técnicas mais utilizadas para medir a DVO são:
- Método fisiológico, aferindo o espaço funcional livre;
- Testes fonéticos, avaliando a pronúncia dos sons;
- Testes estéticos, considerando a harmonia do terço inferior da face com o restante do rosto;
- Compasso de Willis, para verificar a DVR e subtrair 3 milímetros para obter a DVO;
- Método de Deglutição, analisando a posição da mandíbula durante a deglutição para determinar a DVO.
É importante lembrar que nenhum método isolado determinará a medida ideal, sendo indicada a associação de métodos.
Perda da dimensão vertical de oclusão
A perda da DVO está associada à diversos fatores, como por exemplo a ausência total ou parcial do elemento dental, migração dentária, desgaste de tecido dental, perda de tecido ósseo e maloclusão.
Conheça as principais causas:
- Edentulismo posterior;
- Edentulismo total;
- Doença periodontal;
- Desgaste dentário (abrasão, atrição e erosão);
- Bruxismo;
- Fratura dental;
- Restaurações diretas ou indiretas com oclusão inadequada;
- Iatrogenia.
É importante lembrar que nem toda perda dentária implica, automaticamente, em perda de DVO, pois, os músculos mastigatórios e o sistema neuromuscular podem compensar parcialmente essas alterações por meio da posição de repouso mandibular.
A perda da DVO pode apresentar diversos sinais e sintomas, sendo os mais comuns:
- Diminuição do terço inferior da face;
- Rugas periorais acentuadas;
- Perda de suporte labial;
- Mordida profunda;
- Alteração nos movimentos da mandíbula;
- Dor e/ou fadiga muscular;
- Cefaleia;
- Disfunção de ATM;
- Alteração da capacidade de mastigação e deglutição;
- Dificuldade na dicção;
- Dor no pescoço e ombros;
- Problemas posturais.
A identificação precoce desses sinais e sintomas é essencial para a intervenção correta e a prevenção de complicações mais graves, que podem comprometer a qualidade de vida do paciente, bem como o sucesso tratamento odontológico.
Por isso, é fundamental o dentista realizar uma anamnese detalhada, exame clínico, exame físico e se necessário, solicitar exames complementares.
Fotografias, modelos de estudo e a utilização do fluxo digital na Odontologia podem facilitar o diagnóstico e plano de tratamento, bem como confecção placa oclusal e peças protéticas.
Como restabelecer a dimensão vertical de oclusão
No dia a dia nos deparamos com situações clínicas que apresentam relação direta com a DVO, como por exemplo quando os pacientes chegam em nosso consultório com o intuito de realizar restaurações em dentes anteriores.
Entretanto, muitos casos apresentam perda da dimensão vertical de oclusão e desgastes severos no elemento dental, tornando impossível a identificação das guias canina, de protrusão e incisivas.
A recuperação da DVO é uma das etapas mais críticas nos tratamentos restauradores e na reabilitação oral, pois deve-se ter em mente que no caso da necessidade de realizar restaurações diretas e/ou indiretas, o tratamento odontológico será realizado em um ambiente totalmente desordenado.
Geralmente não existe mais um espaço funcional, os tecidos de suporte se encontram desestruturados e a musculatura totalmente tensa.
Todavia, devido à ansiedade dos pacientes, acabamos realizando essas restaurações, as quais resultam na falha da resina composta ou cerâmica, que acabam por quebrar facilmente.
Com isso, colocamos a culpa em nossos materiais e nos perguntamos se estamos errando no diagnóstico do tratamento, na confecção da restauração de resina composta ou de cerâmica e até mesmo duvidamos se devemos, ou não, elaborar o procedimento em um paciente com desordem crônica e severa.
Como reabilitar o paciente, a fim de ter longevidade das restaurações?
Quando o paciente está em total desordem e apresenta perda da estrutura dental sadia, é essencial reabilitá-lo.
A posição dental alterada, entre a mandíbula e maxila, não é fisiológica, portanto acomete a musculatura e tecidos esqueléticos.
Por isso, faz-se necessário dispositivos que levem a mandíbula e musculatura à uma isotonia e fisiologia total da musculatura dos tecidos e suporte, como por exemplo o uso de placas de relaxamento ou toxina botulínica para aliviar os músculos maxilares, que serão responsáveis por levar a mandíbula para uma posição mais fisiológica.
Após a realização do tratamento muscular e a garantia de que o sistema se encontra na posição ideal, é fundamental dar início ao planejamento, que tornará possível a recuperação da dimensão vertical de oclusão.
Qual material restaurador devo utilizar na recuperação da dimensão vertical de oclusão?
Sem dúvidas, o melhor material para iniciar o tratamento é a resina composta, que apresenta um módulo de elasticidade muito interessante e tem a capacidade de absorver as forças, sem transmiti-las aos tecidos de suporte.
Portanto, as guias que foram projetadas a partir do planejamento – digital ou convencional – são utilizadas na elaboração de restaurações diretas ou indiretas.
Desde que seja feito um planejamento adequado, é possível aumentar ou recuperar a DVO, seguindo os passos:
- Tratamento do sistema estomatognático e muscular;
- Planejamento do caso clínico;
- Confecção das placas guias.
Dessa forma, com a recuperação da DVO, você pode decidir o momento para substituir as restaurações de resina composta, de acordo com a vontade do seu paciente, além de realizar os demais procedimentos necessários para a devolver saúde e função.
Consultas regulares são necessárias para monitorar a adaptação do paciente à nova DVO e fazer ajustes, se necessário.
Conclusão
Para restabelecer a DVO, além do planejamento multidisciplinar, é fundamental que o dentista tenha conhecimento sobre oclusão, anatomia e fisiologia.
A dimensão adequada não só melhora a função e a estética, mas também contribui para o conforto e a qualidade de vida do paciente, além de impactar na qualidade e longevidade do tratamento odontológico.
Para o sucesso do caso clínico, é importante realizar o acompanhamento do paciente, para
identificar e tratar precocemente quaisquer problemas que possam surgir.
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