Como seguir carreira acadêmica em Odontologia?

Durante o tempo de graduação podemos descobrir e viver as mais diferentes áreas da odontologia, não somente em seu caráter técnico, mas também, nas diferentes formas de aprender. Alguns acadêmicos já em seus períodos iniciais começam a perceber o gosto por uma determinada disciplina, e até mesmo a vontade de compartilhar com seus colegas o que está sendo aprendido. Esse gosto específico seja pela dentística, periodontia, cirurgia ou por alguma outra grande área da odontologia, em conjunto com a vontade de aprender mais para repassar seu conhecimento, certamente são características fundamentais para um futuro promissor em uma carreira acadêmica.

Entretanto, nem todos sentem vontade de trilhar por esse caminho. A sede por viver todas as experiências pós formatura é tamanha, porém, algumas escolhas precisam ser feitas, como por exemplo:

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Trabalhando de forma autônoma: alugando alguma sala para seus atendimentos, atendendo em consultórios de amigos e parceiros, ou em empresas odontológicas e até mesmo investindo em seu próprio consultório.

Investir em uma educação continuada é importante para sua carreira acadêmica

Especializando-se em sua área de afinidade na odontologia, com uma pós-graduação lato-sensu ou buscando cursos de imersão, capacitação e atualização para aperfeiçoamento e conhecimento de novas técnicas.

Trilhar uma carreira acadêmica

Trabalhando em prol do conhecimento científico, seja na forma de inovação e ou até mesmo, de forma extensionista. Porém com um objetivo único: trazer benefícios para a sociedade, ingressando em um programa de pós-graduação stricto sensu, realizando respectivamente o mestrado, doutorado e pós-doutorado.

Para você que tem interesse por seguir uma carreira acadêmica e embarcar na docência futuramente, ou até mesmo, que cogita essa hipótese e quer saber mais sobre como funciona uma trajetória acadêmica, vou te contar alguns detalhes.

Como funciona um curso de mestrado?

O mestrado é um curso de pós-graduação stricto sensu que busca formar profissionais docentes, especializados em sua grande área de interesse, no nosso caso, nas mais diversas áreas da odontologia. Mas o curso de mestrado não abre portas somente para a docência, inclusive, você não precisa se tornar um professor após um mestrado.

Existe uma outra vertente nessa trajetória acadêmica, que é a pesquisa, assim, se você não tem a vontade de lecionar, você poderá ser cientista pesquisador. Existem diversos institutos de pesquisa no país e no exterior que possuem dentistas em seu corpo de pesquisadores, inclusive, podendo atuar com uma equipe multiprofissional no desenvolvimento de vacinas, como aconteceu na vacina para a Covid-19.

Além de ter o seu papel social de colaborar com a prevenção, estimulando a vacinação. O dentista, desde que especializado, pode atuar também no manuseio de insumos e na produção. Então, o seu título de mestre não será em vão caso não queira seguir como professor.

Mestrado Acadêmico x Mestrado Profissional. Qual cursar?

O mestrado acadêmico normalmente é oferecido por universidades públicas através de editais de processos seletivos, de forma gratuita. Cada edital terá suas especificações, logo, cada etapa do processo seletivo tende a se diferenciar entre programas de pós-graduação.

Geralmente nos processos seletivos de mestrados acadêmicos as fases são as seguintes:

  • Inscrição (podendo ser de forma online ou presencial);
  • Validação das inscrições, mediante comprovação de todos os dados e documentos necessários;
  • Análise de currículo do candidato à vaga;
  • Teste de proficiência em língua estrangeira (normalmente o inglês);
  • Entrevista em banca com o candidato, e em alguns editais, a necessidade do envio de um projeto de pesquisa.

Lembrando que essas fases podem e irão variar de edital para edital e entre universidades.

Passos para cumprir sua conclusão no mestrado

Somatizar créditos teóricos, ou seja, cursar determinadas disciplinas que são fundamentais para o embasamento da sua atividade de pesquisa. A quantidade de disciplinas que deverão ser cursadas também depende do programa de pós-graduação que você se encontrará.

Além disso, será necessário também a elaboração e o desenvolvimento de um projeto de pesquisa durante o curso, e este projeto deverá passar por análise de uma banca de professores especializados no tema do seu projeto para que em consenso possam sugerir melhorias e validar a sua pesquisa. Assim, no seu tempo final de curso, após todas as etapas da sua pesquisa e confecção do texto do final, sua dissertação, esta mesma banca se reunirá mais uma vez para discutirem o resultado, no qual denominamos de defesa de dissertação.

Em média o prazo máximo para finalização de um mestrado acadêmico é de 24 meses, e geralmente o aluno poderá pleitear uma bolsa de incentivo a pesquisa fornecida por instituições de fomento à pesquisa, como a Capes e o CNPq a nível federal (valor da bolsa mensal durante 24 meses R$2.100,00) ou através das Fundações de Amparo à Pesquisa a nível estadual (valor da bolsa varia entre as fundações).

O mestrado profissional de forma geral é ofertado por instituições de ensino privadas. Ou seja, ao contrário de mestrado acadêmico em que você receberá uma bolsa de incentivo a pesquisa, no mestrado profissional você irá investir em um valor de mensalidade até o final do seu curso.

E assim como o mestrado acadêmico, será necessário cumprir todas as obrigações para conclusão do curso, como: cursar disciplinas teóricas, defender projeto de pesquisa e dissertação final. Porém, no caso da odontologia, dependendo da sua pesquisa, o tempo de curso também irá envolver atendimentos clínicos a fim de solucionar problemas com resultados da sua pesquisa.

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Terminei o mestrado! Qual o próximo passo para minha carreira acadêmica, o doutorado?

Assim como o mestrado, o doutorado tem a função de estreitar seus conhecimentos mais a fundo em sua pesquisa, complementando e intensificando a sua formação, de forma mais específica. E assim como o mestrado, o curso de doutorado também tem as suas modalidades acadêmica e profissional, e o ingresso para ambas são iguais às descritas anteriormente para cada modalidade no mestrado.

Possui também obrigações tanto quanto no mestrado, entretanto, como o tempo de curso é 48 meses, o aluno terá mais tempo e prazos maiores para que essas obrigações sejam cumpridas. Entre as principais exigências além da conclusão de créditos teóricos, estão a defesa de projeto, qualificação, e defesa de tese, que é o nome dado ao texto final de conclusão do doutorado.

Entretanto, na pesquisa do doutorado é necessário que seus resultados encontrem ou comprovem achados inéditos na literatura, por mais que seja em uma determinada área muito específica.

Durante o seu curso de doutorado de forma acadêmica podem aparecer possibilidades de cursá-lo na modalidade “sanduíche”: empresas de fomento à pesquisa em parceria com universidades de outros países incentivam e ofertam editais para que o aluno curse parte do seu doutorado em uma universidade de outro país (recebendo um valor de bolsa na moeda do país de destino). Além de viver uma experiência científica de forma inovadora, o aluno também viverá a oportunidade de conhecer uma nova cultura.

Necessariamente preciso cursar o mestrado para ingressar no doutorado?

Não. Um aluno que se destaca merece ser recompensado, concordam? Então, existem casos em que pessoas que se destacam plenamente na pesquisa, gerando resultados surpreendentes de forma a contribuir com a sociedade ou com alguma pesquisa, podem ser convidados para ingressar em um curso de doutorado pela modalidade doutorado direto. Esse tipo de ingresso existe, é calibrado por mérito pessoal, mas são raros os casos.

Curtiu conhecer um pouco de como funciona a formação em uma carreira acadêmica?

Dicas para o seu sucesso no processo seletivo da sua carreira acadêmica

01 – Invista no seu conhecimento científico. Mantenha seu currículo Lattes atualizado!

A análise de currículo é uma das principais etapas durante um processo seletivo. Então, saber qual área quer seguir pós formado ainda na graduação é um pontapé inicial para sair na frente dos seus concorrentes.

Geralmente existe uma pontuação máxima permitida para cada item do seu currículo, como: publicação de artigo científico, resumos simples e expandidos submetidos em congressos e eventos, apresentação de trabalhos em eventos científicos (modalidade banner e oral), tempo de participação em projetos de iniciação científica e extensão, participação em cursos de curta duração, como as imersões e os minicursos, além de tempo de específico de estágio extracurricular, entre outros itens de relevância para pontuar no processo seletivo.

A sua graduação não deve ser limitada. Saia da zona de conforto e busque o que ninguém pode tirar de você: seu conhecimento! Aproveite as atividades extracurriculares que possam alavancar seu currículo.

02 – Edital passado é um edital lembrado!

Como falado no início do texto, cada processo seletivo é único e regimentado por um edital específico, logo, varia de universidade para universidade. Porém, os editais de uma mesma instituição não modificam tanto ao decorrer dos anos. Então, acredito que uma das dicas mais valiosas é essa: busque editais anteriores do programa de pós-graduação que você quer ingressar.

Dessa maneira, você vai conseguir se preparar melhor para poder encarar a concorrência:

  • Verifique quais itens que poderão pontuar ou não na sua análise de currículo;
  • Tenha acesso as bibliografias de onde serão formuladas as perguntas de uma possível prova de conhecimentos específicos;
  • Cheque se há ou não a necessidade da entrega de um projeto de pesquisa previamente, tenha domínio e conheça mais sobre o programa no qual pretende participar.

Seguindo de forma assídua essa dica, um dos degraus para o seu sucesso está garantido.

03 – Estreite laços com seu provável futuro orientador(a) de pesquisa.

Realizar um contato prévio com seu provável futuro orientador(a) é essencial, ainda mais se o edital que deseja concorrer solicitar o envio prévio de um projeto de pesquisa.

Se o edital pedir, procure o contato dele(a) no site da universidade ou na plataforma Lattes, e envie um e-mail. Comece o diálogo informando que tem afinidade com a linha de pesquisa que ele(a) trabalha, e que gostaria de tentar, seja o mestrado ou o doutorado. Leia os artigos que ele(a) já tem publicado para que possam discutir de forma harmônica a elaboração do novo projeto de pesquisa de forma conjunta.

Ofereça trabalho voluntário! Mostre interesse em fazer parte do grupo de pesquisa do qual ele(a) faz parte. Este primeiro contato poderá abrir portas para participar de projetos que já estão em andamento.

Tente ser aluno especial ou ouvinte da disciplina que o seu provável futuro orientador é titular da cadeira, também é uma ótima opção. Assim, quando tiver de cursá-la de forma efetiva, já terá um know-how de toda a ementa e conteúdo que será abordado.

Participe de eventos científicos que a instituição de interesse promove e favoreça o relacionamento interpessoal com novas pessoas, o chamado networking. Demonstrar interesse é a terceira dica de ouro deste artigo.

04 – Conheça revistas científicas de alto impacto em sua área de interesse.

Uma das etapas do processo seletivo dos programas de pós-graduação de mestrado e doutorado é a entrevista com banca avaliadora. Neste momento, cerca de dois professores, mais o coordenador do programa, irão indagar sobre alguns pontos clássicos, dentre eles: sua motivação para concorrer ao mestrado ou doutorado, e quais são as principais revistas de alto impacto que você pretende publicar seus artigos científicos frutos da sua pesquisa.

Existem revistas científicas que aceitam artigos de forma ampla na odontologia, mas também existem revistas de áreas específicas, porém devemos ficar atento nos seus fatores de impacto e na classificação de Qualis delas.

Recentemente a Plataforma Sucupira da Capes liberou a mais recente avaliação das revistas científicas no quadriênio de 2017 a 2020. E é por lá que podemos conferir qual a classificação Qualis de cada revista científica.

05 – Amplie seu vocabulário técnico e suas habilidades de oratória.

Leia artigos da área que tem interesse com o intuito de ampliar seu vocabulário, a leitura é a principal fonte de novas palavras.

Falar bem e de forma fluida é uma característica que gera destaque, com relação aos demais. Lecionando em sala de aula ou apresentando os resultados da sua pesquisa em um evento para o público e se comunicando com uma fala limpa, fará com que seus espectadores se prendam em atenção ao seu discurso. Repassar o seu conhecimento de forma clara, compreensiva e objetiva irá te favorecer nessas atividades.

Então, caso a timidez exista, a deixe de lado. Lembre-se que todos que estão te ouvindo estão passando ou já passaram pela fase que está vivendo. Relaxe, e foque no seu discurso!

06 – Por mais difícil que seja, nada é impossível!

Se outras pessoas conseguiram, você também pode conseguir. Entendemos que o processo seletivo é trabalhoso e cansativo, mas a gratificação virá com a sua aprovação, e ela só depende de você.

Como forma de teste, mesmo que ainda não possa assumir a vaga, participe dos processos seletivos para se habituar com os procedimentos, testar seus conhecimentos e se atentar a pontos que precisam ser melhorados no seu currículo.

Crie um arquivo com a comprovação de todos os itens que estão incluídos no seu currículo Lattes, dessa forma você também está adiantando o seu trabalho. Não desista! Caso não consiga ser aprovado na primeira tentativa, continue de forma a melhorar as competências que são exigidas no processo, e te deixar mais próximo da classificação.

E pense: essa é uma fase que será de grande valia para o seu futuro profissional!

Sobre o autor:

Patrick Brito | @trickbrito
Acadêmico do 5º período de Odontologia
Engenheiro, Mestre e Doutorando

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Comentários

17 Comentários
  1. Excelente artigo! Muito didático e com excelentes dicas. Fundamental para todos, desde estudante até profissional. Amei!

  2. Dicas incríveis principalmente para quem ainda não tem um conhecimento aprofundando em relação aos rumos que a odontologia nos proporciona. Excelente!

  3. Uauuuu!
    Eu simplesmente amei. Seu artigo é uma valiosa contribuição para a comunidade odontológica, essa clareza e organização é simplesmente tuuuudo!!!
    Parabéns @dentalcremer e @trickbrito por esse trabalho e parceria impecável. Já queremos mais, viu? haha

  4. Sensacional!
    Parabéns pela clareza em explicar, sem dúvidas, já é um grande autor!
    E é isso que precisamos, pessoas que tem o dom de transmitir conhecimento de forma prática.
    Parabéns, Patrick!
    Quero acompanhar todas publicações!

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