O termo adesão define o processo de união micromecânica entre materiais e substratos dentários na odontologia. A falta de adesão sempre foi o maior entrave na restauração devido à todos os inconvenientes gerados a partir dessa falha. Portanto, podemos citar os resultados mais comuns da falta de adesão: infiltração marginal, descoloração, fratura das margens, sensibilidade pós-operatória, reincidência de cáries e alterações pulpares. Esse cenário da adesão foi modificado pela introdução do condicionamento ácido em esmalte por Buonocore em 1955.
Como resultado dessa novidade, foi possível criar uma nova perspectiva para os procedimentos restauradores adesivos. O ácido, quando aplicado no esmalte, cria uma dissolução seletiva dos prismas de hidroxiapatita formando poros entre os espaços interprismáticos. Consequentemente, aumenta o embricamento mecânico pela penetração da resina e possibilitando a adesão pela formação de tags. Dessa forma, a adesão em esmalte tornou-se uma técnica com efetividade comprovada.
O condicionamento ácido aumentou a adesão em esmalte
A busca pelo mesmo sucesso da adesão na dentina ainda é um grande desafio. Trata-se de um tecido complexo pela presença de umidade, sua estrutura tubular e por apresentar prolongamentos odontoblásticos. Todos esses fatores citados dificultam o processo de adesão.
Apesar da evolução dos sistemas adesivos e uma grande melhora na adesão em dentina, é um desafio da clínica diária uma união eficiente na estrutura dentinária.
A partir dessas constatações surge uma dúvida: condicionar ou não a dentina?
Quando o ácido é aplicado, ocorre uma desmineralização da dentina peri e intertubular expondo a rede de fibrilas e removendo a camada de esfregaço (smear layer). Isso propicia a penetração do monômero resinoso nas fibras colágenas, criando assim a camada híbrida.
Quando não é feito o condicionamento ácido em dentina, ou seja, condicionamento seletivo em esmalte, o componente ácido faz a função de desmineralização do substrato e modifica a camada de esfregaço. Nessa fase é aplicado um jato de ar para controlar a umidade e não lavado com água como na técnica de condicionamento total.
Por esse método, é possível criar uma camada híbrida com a junção do monômero resinoso com as fibras colágenas. A aplicação do condicionamento ácido tem influência direta na resistência de união do material resinoso e o substrato dental.
A escolha da técnica deve ser criteriosa, devido a complexidade de controle da umidade.
A umidade não controlada pode, em excesso, plastificar a camada híbrida. Em escassez, a umidade pode gerar um colapso das fibrilas e afetar diretamente a formação dessa camada. Por isso, uma falha na interface adesiva pode acontecer como consequência. O profissional deve estar familiarizado com a utilização e características do material que será utilizado. Em ambas as técnicas encontramos sucessos e falhas.
Fiquem atentos aos próximos artigos e dicas. Um abraço!
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