Conheça as diferentes utilizações dos gessos para seu laboratório

Qualquer profissional envolvido na produção de próteses no modo clássico, conhece um pouco sobre a produção de modelos de gessos, pois é uma etapa importante e necessária para diversos procedimentos na odontologia, porém, poucos dominam de verdade os detalhes fundamentais para obtermos o máximo possível de fidelidade na elaboração dos modelos. Infelizmente, em grande parte dos casos, não é dada a devida importância para esta etapa tão preciosa, muitos detalhes são negligenciados. Quem é responsável pela produção dos modelos deve possuir a consciência sobre a importância de tais detalhes.

Com certeza, entre todos os recursos existentes para otimizar a produção de modelos, tais como gessos de excelente qualidade, acessórios e equipamentos modernos entre outros, o mais importante de todos é a mão de obra qualificada, que fará o uso correto de todos os recursos existente.

Com o avanço da tecnologia, chegada de novos materiais e desenvolvimento de técnicas, os profissionais têm realizado investimentos expressivos tanto na área clínica quanto na área laboratorial para acompanhar os avanços da odontologia moderna, porém infelizmente em grande parte dos casos, tais investimentos ainda não acontecem na mesma proporção quando se fala em melhorias na produção dos modelos de trabalho.

Desde 2006, tenho me dedicado incansavelmente para mudar essa realidade, sempre trabalhei para que haja mais valorização e respeito para com o setor do gesso, pois é a base para a execução das peças protéticas.

Princípios importantes: escolha do correta do material

Alguns exemplos de trabalhos que exigem materiais com características específicas são:

Modelos para trabalhos definitivos, próteses fixas ou removíveis

Se faz necessário o uso de um gesso tipo IV, com boa tixotropia para facilitar o vazamento e tal gesso deve possuir resistência e dureza suficiente para suportar todo o processo de elaboração de troquel bem como das demais etapas de confecção das próteses.

Modelos para próteses sobre implantes

Também deve ser utilizado um gesso tixotrópico, porém com total controle de expansão, para evitar um distanciamento entre as réplicas dos implantes, tal distanciamento causaria solda na estrutura. Para esse tipo de modelo, não precisamos da mesma resistência que há nos gessos indicados para troqueis, atualmente o gesso mais adequado é o Zero Stone, da Dentona, fabricado na Alemanha. Classificado como tipo IV, temos disponíveis no Brasil, gessos com diferentes características, que atendem aos pré-requisitos de cada tipo de trabalho; sendo assim não se pode admitir que gessos com altíssima expansão e grande fragilidade, como é o caso dos gessos, comum tipo II e pedra tipo III, ainda sejam usados para a elaboração de trabalhos que exijam precisão/boa adaptação.

Montagem em articulador / Gabarito de solda

O gesso deve possuir boa consistência, baixa capacidade de escoamento, curto tempo de trabalho e total controle da expansão. Qualquer expansão presente nessa etapa, acarretará ajustes nos trabalhos, o material mais adequado para estes procedimentos é o Zero Art, também da Dentona, fabricado na Alemanha.

Trabalhos feitos em CAD CAM

De um modo geral, atualmente os scanners já são capazes de realizar uma boa leitura de todos os gessos, mas de acordo com os princípios de um bom escaneamento, o gesso não pode apresentar brilho ou translucidez pois prejudicaria a leitura digital, além disso deve possuir as mesmas características de tixotropia, dureza e resistência presente nos gessos utilizados na confecção de modelos para trabalhos definitivo.

Bases de troqueis

Devem ser feitas com gesso que possua resistência adequada e principalmente expansão totalmente controlada, o gesso mais adequado é o Zero Sockel, da Dentona. Classificado como gesso tipo IV.

Inclusão em Muflas

Em 2021 foi lançado no Brasil, um produto específico para isso. Esse procedimento foi muito negligenciado durante muitos anos, mas na verdade é onde utilizamos maior quantidade de gesso e a expansão normal dos gessos é proporcional ao volume da massa, sendo assim o gesso contido pela mufla, irá trazer as alterações dimensionais exatamente para a região menos desejada, alterando a posição dos dentes além da área que será ocupada pelo acrílico. Ou seja, esse procedimento requer um material com total controle de expansão. Outras características presentes nessa novidade é que o fato de ser um gesso muito fluido, para facilitar o preenchimento da mufla evitando bolhas, mas com um tempo de presa super acelerado, o que gera economia em tempo. O único gesso com 0,00% de expansão e 09 minutos de presa é o Zero Flask, idealizado por brasileiros (Darlos Soares e Walker Angeloni) e fabricado pela Dentona na Alemanha.

Além da correta seleção dos gessos para cada tipo de trabalho, são necessários alguns cuidados importantes para a obtenção de bons resultados.

Cuidados que devem ser respeitados

Ler e seguir a bula a única maneira de extrairmos o melhor resultado de um material são respeitando as orientações fornecidas pelo fabricante.

Confira esse vídeo sobre os cuidados para o vazamento do gesso:

Armazenamento

Os gessos devem ser armazenados em recipientes que sejam sela os de forma hermética, caso contrário poderá absorver a umidade do ambiente, alterando as propriedades do material prejudicando drasticamente suas características finais.

Homogeneização do gesso

É necessário agitar diariamente a embalagem com o gesso que está sendo utilizado no dia a dia, isso fará com que haja uma mistura homogênea, caso contrário haverá uma tendência de algumas partículas se deslocarem para o fundo da embalagem, uma mistura espatulada somente com a porção do material da superfície, não estaria com todas as suas propriedades.

Uso de Água destilada

Os fabricantes dos gessos recomendam que sempre seja utilizada água destilada para a mistura, pois trata-se de uma água livre de sais minerais, cloro e outras impurezas que ficam acumuladas na tubulação ou caixas d’água.

Proporção

A relação água/pó deve ser seguida rigorosamente de acordo com a bula de cada material e as opções mais adequadas de medir são, utilizando um equipamento dosificador, que faz o cálculo automaticamente com precisão ou utilizando uma balança de precisão para o gesso e para a água destilada, a água destilada também pode ser medida com uma seringa. Provetas devem ser evitadas. Cada fabricante informa na embalagem do produto, a correta relação água / pó, tempo de espatulação e tempo de desmolde, estas orientações devem ser respeitadas para que seja possível extrair o melhor resultado do material, se em algum momento as recomendações do fabricante forem ignoradas, o tempo de presa será alterado e o resultado do trabalho será prejudicado, tanto na resistência quanto na estabilidade dimensional.

Podemos concluir que na produção dos modelos, a seleção correta de cada material e o bom uso dos tais, são fatores fundamentais para a obtenção de modelos adequados e a qualidade e precisão dos modelos refletem diretamente no resultado das próteses que serão produzidas sobre eles.

Referências bibliográficas:

Phillipis Materiais Dentários / Anusavice,
Reconstruindo O Sorriso, Editora Napoleão
Materiais Dentários Restauradores, Craig – Powers

Sobre o autor:

Darlos Soares |@darlos_soares

Técnico em Prótese Dentária
Sócio proprietário do Maxzircon Oral Studio em Itapema – SC
Conselheiro Científico da Revista Prosthesis Science
Co-autor do Livro Reconstruindo Sorrisos – Congresso da APDESP 2015
Criador do curso Precisão de Modelos

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