Dente gretado: saiba como identificar e tratar!

Síndrome do dente gretado ou síndrome do dente rachado nada mais é do que um conjunto de sinais e sintomas associados a presença de trinca ou fratura incompleta de esmalte ou esmalte e dentina. Pode acontecer em um dente comumente restaurado e vital e, ocasionalmente, estende-se a polpa.

O que causa o dente gretado?

Os dentes hígidos sem restaurações podem apresentar trincas, que podem ser oriundas do bruxismo e apertamento dental. Características comuns que estão presentes em nossos pacientes e que são geradas pela tensão ou carga excessiva de força gerada nos dentes.

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Dente trincado no esmalte

As trincas somente de esmalte podem ser visualizadas comumente em muitos pacientes que atendemos. Porém, em sua maioria não trazem problemas significantes ao dente envolvido (figura 1).

Dente gretado no esmalte

Figura 1: Dente hígido com trinca de esmalte em exame de rotina

Fraturas incompletas

Nos casos de fraturas incompletas em esmalte e dentina, quando temos uma restauração extensa ou cáries dentárias, sem comprometimento pulpar, o tratamento será restaurador com restaurações adesivas. Além disso, poderão ser feitas proteção de cúspide com restaurações indiretas ou coroa total (figura 2).  Você  também pode executar uma restauração provisória ou núcleo de preenchimento para avaliar se a dor do paciente cessará antes de executar a restauração definitiva final.

Dente gretado com uma restauração e cárie

Figura 2: Dente trincados com restaurações extensas ou cáries

Quando a fratura incompleta se estender para a polpa, há necessidade de tratamento endodôntico. Isso porque esses dentes apresentam uma pulpite irreversível (figura 3).

Figura 3: Trincas que se estendem até a polpa

Quando esta fratura incompleta se estender para a raiz, geralmente a indicação será exodontia pois a tensão pode fazer uma fratura vertical (figura 4).

Figura 4: Trinca envolvendo porção radicular.

Como identificar os dentes gretados?

As gretas, trincas ou fraturas incompletas não possuem sinais radiográficos. Elas possuem características crônicas, podendo variar desde a ausência total de sintomas, passando por um leve desconforto até dor moderada provocada  pela mastigação de alimentos mais resistentes. E que após isso, a dor cessa. Além disso, pode apresentar uma sensibilidade a variação térmica, principalmente ao frio.

Muitas vezes, essa síndrome é difícil de diagnosticar e o relato dos sintomas dos pacientes costumam não ser elucidativos. Por desconhecimento, é comum que cirurgiões-dentistas negligenciem a sintomatologia dolorosa do dente com trinca. Isso porque a dor pode ser difusa, o que pode levar a tratamentos desnecessários em outros dentes vizinhos. Sendo assim, o diagnóstico precoce mesmo que difícil, dará um melhor prognóstico e aumenta a chance da manutenção do dente em boca.

Fatores que podem prevenir e reverter a situação

O ajuste oclusal é de extrema importância nesses casos. Além disso, a sondagem periodontal deve ser realizada para complementar o diagnóstico. Se confirmarmos uma fratura com envolvimento periodontal, o prognóstico é bastante desfavorável.

Vale ressaltar a importância da magnificação com o uso das lupas telescópicas ou microscópios operatórios. Visto que o diagnóstico pode ser complexo e a visão com uma melhor resolução da imagem nos dará um panorama correto do quadro clinico.

A  utilização  de  corantes  como  o  azul  de  metileno  na concentração de 1% é importante para podermos visualizar as trincas. Porém, preste atenção nos dentes em áreas estéticas, pois devemos remover totalmente esse corante em caso de possibilidade de manutenção do dente em função.

A transiluminação pode ser um meio importante para auxiliar a visualização das trincas, porém existe uma limitação do alcance visual. Quando a trinca é diagnosticada antes que se instale um processo inflamatório irreversível, podemos optar pela manutenção da vitalidade pulpar.

Não é incomum escutar de um paciente que depois que fez o tratamento endodôntico o dente dele fraturou ou trincou. Isso pode ter ocorrido pois no dente já havia uma trinca que não foi diagnosticada. Depois do retorno do dente em função e sem as devidas proteções de cúspide, ele pode trincar e ter que ser extraído.

Possíveis tratamentos para a Síndrome do dente gretado

  1. Fratura incompleta com vitalidade pulpar e sem envolvimento periodontal: alivio oclusal, remoção da restauração antiga e restauração final com proteção de cúspide (onlay ou coroa total).
  2. Fratura incompleta com pulpite irreversível sem envolvimento periodontal: alivio oclusal, remoção da restauração antiga, tratamento endodôntico e restauração final com proteção de cúspide.
  3. Fratura incompleta com envolvimento periodontal ou fratura completa (prognóstico desfavorável): indicação de exodontia.

Independente se houver ou não comprometimento pulpar, esses casos devem ser preservados, pois o prognóstico é duvidoso e incerto.

Referências:

  1. Lago, et al. Síndrome do dente gretado: Revisão da literatura. J Health Sci Inst.2013;31(2):214-8.
  2. Ricucci D. Síndrome do dente rachado. In: Lopes HP, Siqueira Jr JF. Endodontia: biologia e técnica. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2015. p. 801-6.
  3. Williams JJ. Cracked tooth syndrome: a new classification. Dent Today. 1993;June/July:34-9.

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