Diagramação dos arcos ortodônticos: por que e como fazer?

Qual o segredo para um resultado de tratamento ortodôntico estético e com estabilidade após a correção? Esta é a meta de todo ortodontista, para isso, é preciso conhecer bem os critérios para o correto diagnóstico do paciente e o planejamento do caso. A execução das etapas da mecânica corretiva incluem:

  • Correção da relação transversal
  • Alinhamento e nivelamento dentário
  • Correção da relação sagital
  • Fechamento de espaços
  • Correção da relação vertical
  • Finalização ortodôntica

Assim, para que os dentes fiquem estabilizados no interior do rebordo ósseo alveolar e mantenham as relações estática e funcionais equilibradas, um fator se destaca: a forma dos arcos! Se você é do time que prefere utilizar os arcos pré-contornados, entenda: individualizar o contorno dos arcos (aço, TMA) promove o reposicionamento dentário dentro dos limites de sustentação óssea e você pode valorizar a estética do sorriso em harmonia com a face do seu paciente!

Forma dos arcos

O delineamento dos arcos ortodônticos metálicos merece especial atenção: os limites e as possibilidades de correção ortodôntica consideram o tamanho das arcadas e o tamanho dentário, relações definidas pela análise de modelos. Se há espaço suficiente ou se falta é possível medir através da equação:

Discrepância de modelos (DM): Espaço presente(EP) – Espaço requerido(ER)

DM: Mede a diferença entre o tamanho do arco e o somatório dos tamanhos dentários.

Espaço presente(EP): Perímetro do osso basal em milímetros, medido da mesial do primeiro molar permanente de um lado à mesial do primeiro molar permanente do lado oposto. Mede-se por segmentos: mesial de primeiro molar à distal do canino, da distal do canino à mesial do mesmo, da mesial canino até a linha média, repete estes passos para lado contralateral.

Espaço requerido(ER): soma da maior largura mesiodistal de todos os dentes permanentes situados à mesial do primeiro molar até a mesial do primeiro molar do lado oposto.

Por que a medida das arcadas é relevante?

Se existe uma discrepância negativa, significa que falta espaço e pode-se escolher meios para obter (extrações dentárias, expansão, desgastes dentários). Se a discrepância é positiva (sobra espaço, presença de diastemas) então utiliza-se mecânica para fechamento de espaços. Se a discrepância é nula o perímetro do arco será suficiente para caber todos os dentes.

Como dar forma aos arcos ortodônticos?

Em razão do arco mandibular apresentar uma rigidez maior e limitações das possibilidades de tratamento, o arco inferior é o escolhido para definir o diagrama inferior e, a partir deste, selecionar o diagrama do arco superior.

No seu consultório você pode escolher o método que tiver mais afinidade para contornar os arcos (aço, TMA), dentre os quais podemos apontar:

Diagrama de Interlandi: Adotado para a técnica Edgewise, este diagrama prescreve que todos os elementos dentários necessitam ser dispostos sobre a base óssea. Baseia-se no raio de curvatura anterior (selecionado ao sobrepor a cartela sobre o modelo inferior) e na distância intermolares (região posterior do arco) medida com o compasso de ponta seca.

Diagrama Individual Anatômico Objetivo (DIAO): Considera as características individuais dos arcos de acordo com os padrões faciais, devendo-se manter a forma original das arcadas do paciente. Ao ponderar a possibilidade de tratamentos compensatórios, a região anterior dos arcos pode ser delineada de acordo com a maior ou menor inclinação necessária para os incisivos, buscando a estabilidade. O formato do arco é selecionado tomando por referência a curvatura anterior (distância intercaninos), planejada para conter os objetivos do tratamento. A abertura posterior (distância intermolares), é orientada pela borda wala, cuja largura delimita a extensão da movimentação pensada para esta área, podendo-se expandir ou contrair o arco.

Ambos diagramas viabilizam a obtenção de arcos (aço, TMA) com formatos adequados para o tratamento planejado. A confecção do arco ideal deve considerar a forma e o tamanho ideais para manter a estabilidade oclusal e o equilíbrio das estruturas faciais (dentes, ossos, músculos). Do início ao fim do tratamento o mesmo diagrama deve ser mantido para preservar a forma dos arcos e evitar a ocorrência de recidivas, retrações gengivais, deficiências estéticas dos resultados.

Diagramação dos arcos ortodonticos

Você vai precisar para confeccionar o diagrama do seu paciente:

  • Modelo do paciente (arco inferior é a referência)
  • Compasso de ponta seca e régua ou paquímetro
  • Diagrama (Interlandi ou DIAO)
  • Alicate De La Rosa
  • Torre para formar arcos ortodônticos

No diagrama de Interlandi, sobreponha a cartela para achar o raio de curvatura (18 a 26) que melhor se adequa à região anterior. Meça a distância intermolares para encontrar a medida da abertura do arco na região posterior, observe esta medida e tome por referência a borda wala. Os molares podem estar excessivamente lingualizados ou em vestibuloversão, o rebordo ósseo delimita a região posterior.

No diagrama DIAO você pode sobrepor as transparências e encontrar o formato ideal para a região anterior (distância intercaninos – C1 a C7) e a região posterior (referência da borda wala – A1 a A5).

Vídeo: Confira um workshop sobre as Principais Dobras Ortodônticas com o Dr. Daniel Mônaco

Objetivos oclusais na ortodontia

As seis chaves da oclusão de Andrews definem os objetivos oclusais a serem alcançados com a finalidade de entregar um sorriso estético, funcional e também prevenir a ocorrência da recidiva do problema ortodôntico. Porém, é importante levar em consideração a macro estética (relação do sorriso com a face) e micro estética (exposição de gengiva, tamanho e altura dos dentes, etc…). Estes detalhes irão nortear as adaptações nos arcos que forem necessárias para valorizar o sorriso do seu paciente!

Sobre a autora:

Uila Ramos | @uilaramos_odontologia

CRO-PE 10.380
Graduada em Odontologia pela Universidade Federal de Pernambuco
Ortodontista formada pela Faculdade de Odontologia do Recife

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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2. CAPELLOZA FILHO, Leopoldino; CAPELOZZA, José Antônio Zuega. DIAO: Diagrama individual anatômico objetivo. Uma proposta para escolha da forma dos arcos na técnica de Straight-Wire, baseada na individualidade anatômica e nos objetivos de tratamento. Rev. Clín. Ortod. Dent. Press, p. 84-92, 2004.

3. COIMBRA, João Vitor Lima. Desenvolvimento de ferramenta digital para análises ortodônticas. 42p. Universidade Federal do Espírito Santo, Vitória, Centro Tecnológico, Departamento de Engenharia Mecânica. 2017.

4. DO CARMO GUEDES, Francielly et al. Perspectivas da odontologia estética alinhada com a odontologia digital: uma revisão de literatura. Brazilian Journal of Health Review, v. 4, n. 1, p. 1782-1790, 2021.

5. ESTEVES, Andrea; BOMMARITO, Silvana. Avaliação da profundidade do palato e das dimensões do arco dentário superior em indivíduos com má oclusão e diferentes tipos faciais. Revista Dental Press de Ortodontia e Ortopedia Facial, v. 12, p. 84-98, 2007.

6. TRIVIÑO, Tarcila; SIQUEIRA, Danilo Furquim; SCANAVINI, Marco Antonio. A forma do arco dentário inferior na visão da literatura. Revista Dental Press de Ortodontia e Ortopedia Facial, v. 12, p. 61-72, 2007.

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