Dicas para montar o articulador no seu laboratório

O articulador está entre os principais equipamentos necessários para execução de restaurações indiretas no modo clássico, seja na confecção de elementos unitários ou em reabilitações totais, também é utilizado na execução de dispositivos interoclusais e aparelhos ortodônticos ou ortopédicos.

Trata-se de um instrumento mecânico utilizado para simular a articulação temporomandibular (ATM).

Existem diversos modelos, entre os quais há uma grande variedade de precisão, tamanho, robustez, custo e durabilidade. Alguns permitem que seja realizada uma calibração para que haja uma compatibilização entre vários articuladores do mesmo modelo calibrados.

A Articulação Temporomandibular é a articulação mais complexa do corpo humano e um articulador adequado deve reproduzir as posições e os movimentos  com o máximo de similaridade possível, portanto é necessário que seja elaborado com medidas específicas padronizadas.

Há muito mais o que se discutir sobre os articuladores em si, mas como o foco desse artigo é a própria montagem dos modelos no articulador, vamos nos ater a esse procedimento.

Como montar no seu articulador:

Existem maneiras diferentes de realizar a articulação dos modelos, grande parte dos casos são montados de maneira empírica, modelos posicionados e fixados baseados na visão e bom senso da pessoa que está acostumada a realizar essa tarefa diariamente. Vale ressaltar que esse não é o modo adequado!

Nos casos mais complexos o ideal é fazer o uso do arco facial, dispositivo usado para registrar a distância e relação das arcadas para com a ATM orientando também o eixo de abertura para que seja reproduzido igualmente no articulador.

Já que a grande maioria dos trabalhos não são feitos com o uso do arco facial.

Uma segunda opção, para errar menos é trabalhar com a mesa de Camper, que possui uma altura padronizada e inclinação de 15° oferecendo uma média dos pacientes, a mesa também possui a referência correta para posicionamento da linha média, bem como 3 linhas na região anterior, que orientam para que os modelos sejam fixados em classe 2, 1  e 3 de Angle, nessa ordem dispostas, de anterior para posterior.

Independente de qualquer outro detalhe, é necessário promover retenções mecânicas na base dos modelos e também hidratar os mesmos, para que haja uma boa aderência com o gesso que será utilizado para a montagem, importante verificar e eliminar qualquer interferências que haja na oclusão, causadas por deformações no material de moldagem, irregularidades nos modelos, bolhas positivas, etc.

Outro ponto de extrema importância é ajustar perfeitamente o registro oclusal quando disponível, garantir  que o mesmo esteja encaixando com perfeição e passividade em ambas as arcadas. Nos casos montados em máxima intercuspidação habitual (MIH) vale a pena avaliar a possibilidade de montar sem o uso do registro, para evitar interferências indesejadas, mas nos casos onde o Cirurgião Dentista realizou aumento de dimensão vertical, (DVO) os registros devem ser respeitados.

O padrão, para se trabalhar dentro da média é regular o ângulo de Bennett em 15º e a trajetória condilar em 30°. (Existem estratégias para regular e personalizar para cada paciente)

Montagem com arco facial:

Com o arco facial devidamente registrado e o modelo superior em mãos, fixa-se o arco facial no articulador, nesta etapa não será utilizado o pino guia.

Fixa-se o modelo sobre o garfo do arco facial utilizando cera, ou cola quente ou godiva.

Em seguida prepara-se o gesso que possui características específicas para articulação (ZERO ARTI), usar as proporções recomendadas pelo fabricante (Dentona), preferencialmente utilizar espatulação mecânica a vácuo por 30 segundos, esse gesso possui 0,00 % de expansão e tempo de presa em apenas 4 minutos. O gesso deve ser colocado de modo a preencher as retenções do modelo e também os encaixes na placa do articulador.

O ramo superior do articulador, estará levantado, então abaixa-se o mesmo até tocar na barra transversal do arco facial, tomando cuidado para não movimentar o modelo.

Algumas marcas oferecem acessórios que facilitam muito e permitem transportar essas posições para o articulador, com menor risco de alteração na posição.

Após a presa do gesso, remove-se o arco facial, fixa-se o modelo inferior em oclusão com o modelo superior.

Ambas as arcadas devem ser coladas com segurança, existem várias maneiras de se fixar, podendo ser através do uso de cola instantânea e parafusos ou pregos grandes, ou cola de silicone quente, ou até mesmo cera derretida. Cada um tem seus pontos positivos e negativos.

Devolver o pino guia do articulador, que deve ser fixado novamente na marcação zero.

Agora para a arcada inferior, o procedimento feito com o gesso Zero Arti deve ser repetido.

Montagem utilizando a mesa de Camper:

O modelo superior deve estar muito bem preso na mesa, respeitando a classificação de Angle, seguir as referências da própria mesa, conforme já mencionado anteriormente o modelo deve ser posicionado de forma simétrica de ambos os lados. Assim também monta-se primeiramente a arcada superior já com o pino guia em zero e a inferior na sequência, com os mesmos cuidados.

Um dos pontos de maior destaque desse artigo é sobre um erro comum que acontece em grande parte das vezes, o acabamento desse gesso da montagem, as pessoas tem por hábito, alisar embaixo d’água ou passar o dedo molhado para regularizar a superfície do gesso, isso é péssimo pois causa expansão higroscópica, mesmo que esteja utilizando um gesso com 0,00% de expansão, se molhar durante a fase de presa, vai deixar de ser zero.

A recomendação é não mexer no gesso,  porém como há uma grande preocupação com a estética dos modelos isso não acontece, então o apelo que fica é o seguinte, o gesso pode ser trabalhado, modelado enquanto ainda está na fase de tempo de trabalho, ou seja antes de perder o brilho superficial, porém deve ser modelado com espátulas ou com dedos secos, para não absorver mais água. Fazendo apenas dessa maneira já é possível atingir um resultado muito interessante.

Porém para os que gostam de refinar ainda mais e por último alisar com lixa d’água, seria bom fazer isso após a conclusão do trabalho, antes de enviar ao dentista, mas se você insiste em passar lixas d’água ainda antes de executar o trabalho, aguarde ao menos 40 minutos até que o gesso esteja frio novamente.

Um erro frequente é o uso de gessos mais simples e que possuem expansão para montagem em articulador, isso gera vários problemas e ajustes, nos casos de reabilitação ou casos que exijam aumento de DVO, o espaço vai ser perdido e muitas vezes ninguém vai notar a princípio. Nesses casos o pino guia não vai subir, mas nos casos em MIH é muito fácil observar a alteração no pino guia do articulador.

A expansão vai tentar aproximar os modelos, e nos gessos convencionais essa expansão perdura por pelo menos 48hs, ou seja não adianta deixar o articulador sob o peso de um balde de gesso ou amarrado com elásticos.

Diante de todas essas informações, concluímos que de fato devemos dar atenção aos detalhes, pois eles fazem total diferença. Quanto mais conhecimento o profissional possui, mais bem preparado ele está para solucionar problemas e consequentemente obter êxito nos seus trabalhos do dia a dia. Sem dúvida alguma isso traz tranquilidade, reconhecimento e prosperidade!

Sobre os autores:

Darlos Soares – Instagram @darlos_soares | Canal YouTube Darlos Soares

Técnico em Prótese Dentária | CRO – TPD Pr. 1589

  • Sócio proprietário do Maxzircon Oral Studio em Itapema – SC.
  • Conselheiro Científico da Revista Prosthesis Science.
  • Co-autor do Livro Reconstruindo Sorrisos. Do Congresso da APDESP 2015
  • Co-autor do livro Clássico e Digital.
    Quintessence Publishing Brasil / Napoleão editora.
  • Oferece consultoria na área de produção de modelos de gesso em laboratórios de todo o Brasil.
  • Oferece treinamento personalizado em seu próprio laboratório, com casos reais.
  • Criador do curso A Fórmula dos Modelos Precisos.
  • Já esteve com seu trabalho e cursos em 15 países.

Vacieli Santo | @vacieli

  • Técnica dentária desde 2001 – CRO/TPD – SC 513;
  • Proprietária de Maxzircon Oral Studio em Itapema-SC;
  • Técnica Especialista em Próteses Totais e PPRs pela PT Treinamentos;
  • Professora da Próteses Total Treinamentos – Especialização Prótese Total;
  • Professora de Próteses na escola NAEO em Balneário Camboriú – SC;
  • Professora de Treinamentos da Resina Diamond D pela Dental News;
  • Diversos cursos na área de Próteses Acrílicas, nacionais e internacionais;
  • Diversos cursos na área de Próteses Fixas;
  • Formada em Design Dental em CAD CAM, avançado pela Zirkonzahn Brasil;
  • Oferece treinamentos e consultoria na área de resinas acrílicas no Brasil e no exterior.

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