Enxerto ósseo para implante dentário: saiba mais sobre os biomateriais utilizados

Com o advento dos implantes dentários, a Odontologia passou a perceber uma maior necessidade de solucionar os defeitos ósseos para aumentar a sobrevida dos parafusos implantados ou para ganhar volume ósseo antes da instalação dos implantes.

Existem vários tipos de enxertos, biomateriais, substitutos ósseos e inúmeras técnicas cirúrgicas que podem ser feitas logo após a extração de um dente, em um segundo momento cirúrgico ou no mesmo tempo cirúrgico da instalação de implantes dentários.

Baseado no diagnóstico preciso, o dentista vai escolher o melhor momento e o material mais adequado para cada caso.

Tipos de enxertos ósseo na Odontologia

Enxertos são substituições ou correções ósseas que podem ser feitas de várias maneiras. Nos últimos 50 anos, podemos encontrar vasta literatura sobre enxertos ósseos na Implantodontia, apresentando resultados bastante satisfatórios. Resumidamente, os enxertos podem ser:

  1. Enxerto ósseo autógeno: quando o doador e o receptor são a mesma pessoa. Por exemplo: retirada de osso do ramo da mandíbula para aumentar volume de osso na região anterior de maxila do mesmo paciente; para posterior colocação de implantes;
  2. Enxerto ósseo alógenos: quando o doador e o receptor são da mesma espécie. Por exemplo: uso de banco de ossos humanos.
  3. Enxerto ósseo xenógeno: quando o doador e receptor são de espécies diferentes. Por exemplo: osso bovino como os substitutos ósseos.
  4. Enxerto ósseo sintético: quando o material é produzido em laboratório com materiais que apresentam biocompatibilidade com tecido humano.

O procedimento é indicado em casos de perda óssea causada por extração dentária prévia, traumas e doença periodontal, que comprometeram a quantidade óssea.

É importante lembrar que a qualidade do osso existente também é um fator determinante para o sucesso da osseointegração e durabilidade do implante.

Mesmo que a quantidade de osso pareça suficiente, a qualidade pode ser comprometida por condições sistêmicas que afetam a densidade óssea.

O enxerto repõe o tecido ósseo, permitindo que o osso tenha quantidade, altura e qualidade para receber a instalação do implante dental.

Biomateriais na Implantodontia

Os biomateriais na Odontologia são materiais naturais ou sintéticos que podem ser usados para reparar ou substituir tecido humano.

De acordo com a compatibilidade que apresentam com os tecidos adjacentes, os biomateriais utilizados na Implantodontia apresentam a seguinte classificação:

  • Biotolerados: presença de tecido conjuntivo fibroso entre o implante e o tecido ósseo. Ex: polímeros sintéticos.
  • Bioinertes: não há reação química entre o implante e o tecido, mas ocorre uma neoformação tecidual de contato com produto. Ex: osseointegração em implantes.
  • Bioativos: promove uma reação fisico-química entre o produto e interface com leito receptor, interferindo diretamente na osteogênese. Ex: produtos à base de polímero natural.

Neste artigo, vamos nos concentrar nos biomateriais e suas indicações para regeneração óssea guiada, também conhecida pela sigla R.O.G, cujo objetivo é estimular o crescimento ósseo nas áreas que o implante será inserido.

Utilizando enxerto ósseo ou materiais biomiméticos, a regeneração óssea guiada na Implantodontia promove a neoformação óssea, otimizando a integração do implante com o osso circundante, promovendo a fixação do mesmo.

Sempre que o dentista for realizar um implante dentário, por mais “redondo” que o caso esteja, é importante separar uma caixinha de biomaterial e uma membrana de colágeno.

Muitas vezes é necessário realizar pequenas correções, como por exemplo cobrir espiras do parafuso do implante que ficaram para fora do osso ou ainda preencher defeitos ósseos.

Uma tomografia é mais do que essencial nesses casos. Eu mesmo não realizo mais nenhuma cirurgia de implantes dentários sem antes pedir uma tomografia.

Com o exame de imagem em mãos, é possível planejar nos mínimos detalhes, como verificar a ausência de paredes ósseas, estudar a viabilidade e já pensar lá na frente no que pode acontecer no momento em que formos abrir a gengiva e enxergar o osso daquela região.

Hoje, o dentista é contemplado com uma gama enorme de marcas e tipos de biomateriais odontológicos.

Os mais utilizados são substitutos ósseos, isto é, estruturas derivadas de osso bovino ou equino que vão estimular a formação óssea. São arcabouços acelulares biocompatíveis com o osso humano, que imitam uma estrutura óssea inicial, como se fossem andaimes de construção, estimulando a formação óssea.

Alguns apresentam reabsorção lenta, outros são de reabsorção mais rápida. O osso se forma ali e um material de boa qualidade deve sumir por completo no momento da reabertura.

O biomaterial não funciona bem se ficar em contato direto com o tecido mole da gengiva. Por isso, também utilizamos uma membrana de colágeno reabsorvível que vai servir de barreira entre o tecido mole e o tecido duro.

A membrana vai impedir a entrada das células que chegam primeiro, permitindo que as células de reparação óssea – que são mais lentas –, cheguem na região. Este tipo de ação promove formação óssea ao redor do implante ou em um alvéolo pós-exodontia.

Técnicas de enxerto ósseo na Implantodontia

Os métodos de regeneração tecidual são indicados na Implantodontia em situações clínicas com deficiências ou limitações anatômicas que dificultam a instalação de implantes.

Existem diversas opções e técnicas, utilizando ou não os biomateriais, porém vou descrever as mais utilizadas.

Para técnicas de levantamento de seio maxilar também utilizamos esses materiais. Em regiões do primeiro molar superior é muito comum esbarrarmos em situações onde temos pouco osso por causa do seio maxilar. Nesses casos, o enxerto é colocado no assoalho do seio e coberto por uma membrana de colágeno.

A regeneração óssea guiada também pode ser feita após uma extração dental para manutenção de altura e espessura óssea. Neste caso, o dentista pode escolher por extrair o elemento dental da maneira menos traumática possível, sendo:

  1. Preencher o alvéolo com biomaterial e utilizar uma membrana não reabsorvível de PTFE (Politetrafluoretileno) ou de filme de poliproprileno, que fica exposta ao meio bucal, mantendo a espessura da região. Essa membrana pode ser removida após 7, 14 ou 21 dias dependendo da indicação.
  2. Curetagem para estímulo de sangramento, formação e coágulo e inserção de membrana não reabsorvível. Como descrito acima, sem usar o biomaterial.

Independente da técnica utilizada, o importante é perceber que mudamos nosso jeito de ver as exodontias.

Compreender sobre as causas que comprometeram o tecido ósseo, as características do caso clínico e os tipos de enxerto é fundamental para o dentista escolher a técnica ideal para o sucesso do procedimento cirúrgico.

É preciso vislumbrar o que pode acontecer lá na frente, conservando o osso da melhor forma para uma possível reabilitação com implantes dentários. Os enxertos com biomateriais vieram para ficar.

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