A Harmonização Orofacial é uma especialidade odontológica que tem como objetivo promover a harmonia entre o sorriso e a face, considerando aspectos funcionais e estéticos. Por isso,
tem se tornado cada vez mais popular como uma opção de tratamento estético para melhorar a simetria e aparência do rosto.
Um dos procedimentos mais utilizados para esse fim é a aplicação de preenchimento com ácido hialurônico (AH).
Embora apresente geralmente resultados satisfatórios, em alguns casos, o excesso de preenchimento pode resultar em assimetrias, inchaço, outras imperfeições estéticas e até mesmo necrose tecidual quando temos vasos e artérias obstruídas pelo produto.
Para tratar intercorrências no preenchimento facial com ácido hialurônico é indicada a aplicação da enzima hialuronidase, devido à sua capacidade de degradar o ácido hialurônico, minimizando os efeitos indesejados e sendo uma ferramenta para a segurança do paciente e sucesso do caso clínico.
Neste artigo, vamos abordar sobre as indicações clínicas, benéficos e como realizar o manejo do paciente no caso de resultados indesejados.
O que é a hialuronidase?
É uma enzima proteolítica que realiza a quebra o ácido hialurônico, promovendo a reabsorção pelo organismo.
Ao injetar a enzima na área de tratamento, a enzima dissolve o ácido hialurônico, permitindo que o excesso seja reabsorvido pelo corpo e restaurando a aparência natural da área
É uma ótima opção para corrigir problemas com preenchimentos faciais malsucedidos, bem como para ajustar o volume em áreas específicas do rosto.
A enzima hialuronidase age por meio de um processo chamado despolimerização, que fragmenta as cadeias de ácido hialurônico, rompendo as ligações glicosídicas, transformando o biomaterial em um fluido de baixa viscosidade, facilitando sua absorção e eliminação por vias metabólicas.
A ação completa ocorre entre 24 e 72 horas após a aplicação. É importante lembrar que a pode ser parcial ou total, de acordo com a concentração e doses utilizadas.
Para realizar um procedimento seguro, é fundamental o dentista reconhecer os sinais e sintomas das intercorrências causadas pelo preenchimento com ácido hialurônico, sendo as mais comuns:
Intercorrências Imediatas
- Edema e equimose: podem indicar o acúmulo de AH no local da aplicação;
- Dor local: ocorre devido à pressão tecidual causada pelo excesso do material preenchedor;
- Oclusão vascular: é a oclusão do vaso pelo AH, sendo necessária a aplicação imediata da enzima para reestabelecer a circulação local.
Intercorrências Precoces
- Nódulos e Assimetrias: causadas pelo excesso do biomaterial, sendo necessária a reversão do procedimento;
- Infecções Locais: nesses casos, o uso da enzima deve ser avaliado com cautela e sempre associado ao uso de antibióticos.
Intercorrências Tardias
- Granulomas e Infecções Tardias: são intercorrências raras, que necessitam múltiplas aplicações de hialuronidase e investigação clínica.
Para evitar imprevistos durante e após a aplicação do AH, é fundamental o profissional realizar uma anamnese detalhada, avaliar o histórico do paciente, ter um grande conhecimento de anatomia da cabeça e pescoço e domínio da técnica, além de compreender o mecanismo de ação das enzima e quais são os riscos e benefícios associados ao seu uso.
Indicações da Hialuronidase
O ácido hialurônico é uma substância naturalmente presente na pele, que ajuda a mantê-la hidratada, elástica e suave.
Quando é injetado como um preenchimento facial, ele é capaz de preencher áreas onde há perda de volume e reduzir a aparência de rugas e linhas de expressão.
No entanto, se o procedimento for mal posicionado ou excessivo, pode resultar em uma aparência pouco natural, desproporcional e em casos mais severos, a obstrução de vasos/artérias, causando necrose com alto dano tecidual.
A enzima pode corrigir esses problemas, dissolvendo o excesso de preenchedor e restaurando a aparência natural da área tratada.
Confira um caso clínico onde uma paciente de 35 anos apresentou uma necrose labial após a realização de um preenchimento labial.
O procedimento de aplicação da enzima é relativamente simples e pode ser realizado em consultórios odontológicos.Geralmente, é necessário apenas uma aplicação para obter o resultado desejado, embora em alguns casos possa ser necessária uma segunda sessão.
Saiba mais sobre as indicações da hialuronidase na Odontologia:
- Tratamento de intercorrências na Harmonização Facial: indicado para quebrar o AH em intercorrências precoces, imediatas e tardias;
- Preenchimento em local incorreto: quando a aplicação foi realizada em planos inadequados ou em áreas que causam desconforto ao paciente;
- Excesso de ácido hialurônico/correção de volume: acúmulo do material preenchedor em determinadas regiões , causando distribuição desigual ou assimetrias;
- Manejo de Necrose: aplicação da hialuronidase em pontos específicos ao longo da região isquêmica.
- Potencializar a difusão de anestésicos locais: indicada para aumentar a permeabilidade dos tecidos em procedimentos odontológicos mais invasivos.
Além da Odontologia, a enzima também pode ser utilizada para facilitar a absorção de medicamentos e anestésicos locais, facilitar a dissecação dos tecidos e reduzir o edema.
Para evitar complicações e garantir a segurança do paciente, é importante destacarmos as contranidicações da hialuronidase:
- Pacientes com histórico de alergia à proteína animal;
- Histórico de reatividade imunológica;
- Infecções ativas no local da aplicação;
- Gestantes e lactantes;
- Doenças autoimunes e imunossupressão;
- Pacientes com histórico de alergias à produtos biológicos.
A aplicação da hialuronidase é realizada por via subcutânea ou intradérmica, utilizando seringas de insulina ou tuberculina.
Para sua diluição, é fundamental seguir os protocolos de cada fabricante de acordo com a indicação clínica e área que será tratada.
Entre os efeitos colaterais da hialuronidase, destacam-se a vermelhidão, inchaço, sensibilidade, ou coceira no local da aplicação.
Para o sucesso do caso clínico e prevenção de intercorrências, é fundamental o monitoramento e acompanhamento clínico do paciente.
Benefícios da hialuronidase na harmonização facial
O uso da enzima é muito eficaz na dissolução do ácido hialurônico indesejado e na correção das imperfeições na face. Conheça os principais benefícios da hialuronidase:
- Correção de assimetrias faciais: ajudar a corrigir desproporções faciais causadas por preenchimentos malsucedidos;
- Resultados imediatos: o início da ação é imediata, tornando-se evidentes logo após a aplicação;
- Pouco invasiva: é uma técnica minimamente invasiva que não requer cirurgia ou anestesia geral, o que a torna mais segura e menos dolorosa do que outros procedimentos de harmonização facial;
- Reversibilidade: é capaz de dissolver completamente o ácido hialurônico, o que significa que o procedimento pode ser revertido caso o paciente não esteja satisfeito com os resultados;
- Ajuste de volume: também pode ser usada para ajustar o volume em áreas específicas do rosto, permitindo que o profissional crie um resultado personalizado e harmonioso;
- Baixo risco de efeitos colaterais/reações adversas: os efeitos colaterais são geralmente leves e temporários, incluindo vermelhidão, inchaço e sensibilidade no local da aplicação. Raramente, podem ocorrer reações alérgicas, mas isso é incomum.
- Custo-benefício: a enzima pode ser uma opção mais econômica do que outros procedimentos de harmonização facial, pois permite que o paciente corrija problemas com preenchimentos malsucedidos sem precisar de uma nova aplicação de ácido hialurônico.
É importante lembrar que a hialuronidase deve ser aplicada por um profissional capacitado e experiente, devido aos riscos envolvidos, como reações alérgicas e danos ao tecido.
Além disso, é necessário avaliar cuidadosamente o paciente antes de realizar o procedimento, levando em consideração a quantidade de AH injetado, a localização do produto, a espessura da pele e a resposta individual do paciente à enzima.
Conclusão
Em resumo, a hialuronidase pode ser uma ferramenta valiosa na harmonização facial, promovendo a segurança do paciente e o sucesso do caso clínico, mas deve ser utilizada com cautela e responsabilidade, visando sempre à saúde e ao bem-estar do paciente, sendo fundamental a atualização/conheciemento profissional sobre anatomia de cabeça e pescoço, mecanismo de ação da enzima e sobre como realizar o manejo do paciente em caso de intercorrências.
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