Como saber o momento de conservar dentes acometidos por perda óssea e quando optar pela extração vislumbrando uma quantidade óssea suficiente para reabilitação com implante? Bem-vindos a sinuca da Doença Periodontal.
Temos pleno conhecimento que o tratamento da Doença Periodontal (DP) é um dos maiores desafios da Odontologia. Uma doença sorrateira de progressão silenciosa que precisa de controle frequente, cooperação dos pacientes e envolve importantes mudanças de hábitos. Um dos sinais mais significativos da DP é a reabsorção óssea progressiva que pode levar a mobilidade e perda dental. Assim que o cirurgião dentista diagnostica esse problema, se faz necessário traçar um plano de ação e discutir junto com o paciente o futuro dos seus dentes.
Decidir pela extração ou manutenção de um dente pode se tornar um grande pesadelo. Ainda mais se ele for um dente anterior, parte da estética do sorriso. É interessante saber também quando extrair esse dente para não deixar que a perda óssea seja tão grande, a ponto da região ficar inviável para o travamento de um implante.
É hora de agir! Mas como?
Eu tenho uma abordagem extremamente conservadora em relação a dentes. Importante lembrar que se o paciente não consegue controlar sua DP e cada vez que ele senta na sua cadeira ele tem menos altura óssea (diagnosticada com sondagem e radiografias periapicais) e com biofilme espalhado sobre os dentes, os implantes estão contra-indicados. Afinal, se ele não consegue cuidar dos dentes, infelizmente, não vai conseguir manter os implantes.
Procuro fazer um diagnóstico periodontal detalhado clínico e radiográfico junto com a anamnese. Somar a vontade do paciente (na medida do possível) com a presença ou não de mobilidade dental, a profundidade das bolsas, exame dos dentes adjacentes, dos antagonistas, do espaço protético em oclusão e o mais importante: como é a progressão da doença. Por isso as consultas de manutenção periodontal são importantes.
Do ponto de vista periodontal, quando o dente se apresenta com perda óssea maior do que 2/3 do seu longo eixo, sangramento, mobilidade grau III, extrusão, distalização ou mesialização acentuada está na hora desse dente ser extraído. Uma dessas características acima ou a combinação delas são suficientes para condenar o dente. Extrações com finalidade protética também devem ser avaliadas.
Cada caso é um caso, porém gosto de olhar a radiografia panorâmica e já ir dando o destino de cada dente e cada região. A primeira parte do tratamento será a “limpeza do terreno”, decidindo possíveis extrações e confirmando com periapicias e exame clínico. Resolver de pronto as urgências e já marcar a raspagem periodontal para os dentes que vão ficar. Restaurar dentes cariados e ir fazendo o planejamento da reabilitação.
Implante dentário: é a solução para problemas bucais?
Alguns pacientes acham que o implante dentário é a solução definitiva para todos seus problemas bucais. Sabemos que nem sempre é assim. Nosso papel está na orientação para a tomada de decisões. Não devemos deixar dentes “moribundos” na boca e nem extrair dentes que podem ser salvos, principalmente em pacientes jovens. Quando houver suporte, a endodontia é sempre uma ótima opção em dentes que tiveram comprometimento pulpar.
Por outro lado, quando sobram três, quatro ou cinco dentes espaçados, bagunçados, sem antoganistas, extruídos e fora de posição, não adianta querer ser o grande salvador. O protocolo de implantes de Branemark ou a técnica All on 4 pode ser uma indicação. Neste caso, teremos uma abordagem mais radical com extração de todos os dentes remanescentes e reabilitações totais.
O melhor de tudo é ser assertivo no diagnóstico e resolver a boca toda. Sobretudo, dar orientações de higiene frequentes aos pacientes. Em caso de dúvidas, encaminhe o paciente a um periodontista. Devolver a mastigação e o sorriso junto com a autonomia para preservar os dentes e os trabalhos em boca é o nosso dever.
Esse equilíbrio na abordagem vai dar melhores condições aos seus pacientes e longevidade aos seus trabalhos.
Um Abraço,
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