Benefícios da Laserterapia para pacientes em tratamento ortodôntico

O tratamento com a bioestimulação desencadeada pelo laser possui amplas indicações na Odontologia! Essas são algumas questões que vamos compreender melhor neste artigo e mais: como a Laserterapia na Ortodontia atua sob o seu paciente!

Nós, cirurgiões dentistas, sabemos que os primeiros dias da ativação do aparelho incomodam o paciente, dificuldade para comer, restrição da função incisiva são alguns dos “sintomas” comuns neste caso. Isso acontece devido a biodinâmica que as forças executam no corpo humano.

O que é Laserterapia?

O termo LASER se refere ao acrônimo na língua inglesa “Light Amplification by Stimulated Emission of Radiation“, que significa: amplificação da luz por emissão estimulada de radiação. O mecanismo de ação do laser é a estimulação de fótons por meio de átomos e, desta interação, liberam fótons na forma de uma irradiação eletromagnética.

Ao atingir um tecido irradiado o laser pode ser absorvido, espalhado, transmitido ou refletido e o tipo de resposta depende das características ópticas do tecido e do comprimento de onda utilizado.

A ação que deve ser promovida pela irradiação eletromagnética está diretamente relacionada ao procedimento a ser executado:

Laser cirúrgico: efetua a fotoablação e/ou a vaporização com a finalidade de remoção de tecidos.

– Fluorescência: método diagnóstico para a detecção de cáries.

– Efeito fotoquímico: atua sobre as reações químicas teciduais.

Os aparelhos de laser são classificados de acordo com o nível de infiltração nos tecidos, com o comprimento de onda apresentado ou segundo a finalidade a que se destina.

Classificação dos aparelhos de laserterapia

De acordo com a aplicação clínica:

  • Laser de alta potência: potência ultrapassa 500 mW. Podem provocar sobre os tecidos: vaporização, coagulação, desnaturação, necrose e até mesmo a carbonização.  São indicados para a realização de procedimentos cirúrgicos, liberam calor.
  • Laser de potência intermediária: potência entre 250 à 500 mW. São utilizados com a finalidade de acelerar o processo terapêutico.
  • Laser de baixa potência: potência inferior a 250 mW. Promovem efeitos fotoquímicos celulares conhecidos como foto bioestimulação.

Com base no poder de penetração/aplicação tecidual

  •  Laser de tecidos duros/lasers térmicos/lasers cirúrgicos
  • Laser de tecidos moles/lasers atérmicos

Com base no comprimento de onda ou espectro

  • Laser ultravioleta (100-400 nm)
  • Laser visível (400-750 nm)
  • Laser infravermelho (750-10.000 nm)

Como a Laserterapia é aplicada no consultório odontológico?

Na Odontologia, o laser foi utilizado pela primeira vez em 1960 por Theodore Maiman, através do uso de um laser sintético de rubi, no tratamento restaurador de lesões de cárie em esmalte e dentina. Ao entrar em contato com a área a ser irradiada desencadeia os eventos relacionados com a proliferação, diferenciação e migração celulares.

Apesar de ser uma tecnologia bastante recente, a Laserterapia vem ganhando espaço e várias aplicabilidades na Odontologia.

Diferentes aplicações da Laserterapia na Odontologia:

  1. Disfunção temporomandibular (DTM): reduz a dor musculo-esquelética, impulsionando a liberação de opioides endógenos.
  2. Reparo tecidual: Estimula a produção de colágeno, aumenta a taxa de cicatrização porque há o aumento na proliferação de fibroblastos e redução do infiltrado inflamatório. Lesões como a mucosite oral, lesões herpéticas, líquen plano, úlceras teciduais podem ser tratados com a irradiação a laser de baixa intensidade, além do reparo tecidual promove também a analgesia.
  3. Tratamento periodontal: os lasers do tipo diodo podem ser associados com o tratamento mecânico de raspagem e alisamento radicular e melhoram a efetividade do tratamento. A terapia fotodinâmica é um método auxiliar significativo para a redução do biofilme dentário. Além disso, outros procedimentos podem ser realizados: aumento de coroa clínica, gengivectomia, gengivoplastia, tratamento da peri-implantite.
  4. Ação anti-inflamatória: estimula a cicatrização, aumenta a taxa de respiração celular, com maior fluxo da microcirculação, aumenta o limiar de dor e reduz a inflamação.
  5. Tratamento da hipersensibilidade dentinária: a irradiação com laser mostrou ser efetiva na redução da sensibilidade dentinária quando aplicada em áreas de dentina exposta. Isto deve-se às mudanças na transmissão neural induzidas na polpa dentária.
  6. Neuralgia do trigêmio: pacientes que foram tratados com terapia de laser de baixa potência demonstraram considerável redução no quadro de dor, de modo ainda mais expressivo quando o laser foi associado ao tratamento medicamentoso.
  7. Tratamento endodôntico: lasers podem atuar na desinfecção de condutos radiculares, instrumentação dos canais, como também efetuar a apicetomia.
  8. Parestesia: as injúrias causadas em nervos durante a extração dentária podem resultar na perda da sensibilidade nervosa (parestesia), quadro que prejudica a qualidade de vida do paciente. A foto bioestimulação mostrou-se capaz de regenerar o tecido nervoso lesado por estimular o processo de reparo, um método não invasivo e confortável para o paciente.

 O funcionamento da Laserterapia na Ortodontia

O emprego do laser no tratamento ortodôntico pode ter finalidade cirúrgica, com o uso do laser diodo, para facilitar a movimentação ortodôntica com os procedimentos de:

  • Frenectomia
  • Gengivoplastia
  • Gengivectomia
  • Exposição cirúrgica de dentes retidos

Estas modalidades terapêuticas visam a remoção de tecidos moles e proporcionam ao paciente maior conforto (reduz a necessidade de anestesia), favorece a hemostasia, com melhor recuperação pós-operatória e segurança nos procedimentos.

A remoção do excesso de tecido gengival melhora a estética do sorriso e possibilita uma melhor exposição dentária para a montagem do aparelho ortodôntico. Quando realizada com o laser de tecidos moles viabiliza uma breve recuperação pós cirúrgica e excelente resultado.

Já o laser de baixa potência aplicado durante o tratamento ortodôntico promove a foto biomodulação por estimular a remodelação óssea, acelerando a movimentação dentária. Este fato reverte em menor tempo de tratamento.

Outro benefício é o seu efeito analgésico: diminui ou elimina a dor que surge nos primeiros dias da ativação do aparelho. Esta dor é normal e aceitável dentro de no máximo dois a três dias e reflete a atuação das forças ortodônticas: através dos mecanismos de reabsorção e deposição óssea, o dente se desloca no interior do alvéolo dentário.

O laser promove a redução da dor porque bloqueia a secreção das moléculas pró-inflamatórias nos sítios da movimentação ortodôntica.

Vantagens da Laserterapia no tratamento do paciente

O uso do laser nos vários campos da Odontologia privilegia o paciente com tratamentos mais confortáveis e seguros:

  • Tratamento cirúrgico a laser:

A cirurgia é mais conservadora por ser direcionada a um alvo específico (preserva tecidos sadios), promove a rápida cicatrização de feridas, aumento da produção de colágeno na área operada, maior conforto para o paciente e tempo cirúrgico menor.

  • Terapia a laser de baixa intensidade:

A bioestimulação desempenha papel importante na redução da dor (dentre os mecanismos, libera a endorfina), acelera o reparo tecidual e a remodelação óssea, recupera a atividade neural após injúria ao tecido nervoso (promove o crescimento axonal), modula o sistema imunológico para a promoção de uma resposta positiva do organismo.

Quais as restrições do uso da Laserterapia no tratamento odontológico?

É necessário ter cautela durante o emprego do laser, como por exemplo: proteger os olhos com o uso de óculos específicos é essencial para prevenir danos à retina! Se a retina for exposta a temperatura superior a 10ºC (pode acontecer se algum laser a atingir) corre-se o risco de provocar necrose neste tecido.

Porém, há uma restrição ao tratamento com laser: pacientes grávidas não podem se submeter a esta modalidade terapêutica em virtude do desconhecimento a respeito da possibilidade de causar danos ao bebê.

Pacientes que apresentam epilepsia e são sensíveis aos estímulos luminosos precisam ser alertados quanto à possibilidade de sofrerem uma crise epiléptica se forem expostos à luz visível pulsada de baixa frequência (30 Hz).

Não é recomendado submeter pacientes portadores de marcapasso ao tratamento com laser de baixa potência. Se houver indicação para o caso deve ser informado ao médico responsável e administrado com bastante cautela. O laser é contraindicado em pessoas que relatam queixa de dor no peito.

Sobre a autora:

Dra. Uila Ramos | @uilaramos_odontologia

CRO-PE 10.380

Graduada em Odontologia pela Universidade Federal de Pernambuco

Ortodontista formada pela Faculdade de Odontologia do Recife

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