O método convencional utilizado na acrilização dos Protocolo de Branemark requer atenção e cuidados durante todas as fases do trabalho, para que sejam minimizadas as possíveis alterações na resina acrílica. Após a confecção da barra metálica para a base do protocolo, montagem de dentes e a ceroplastia gengival estarem 100%, inicia-se o processo de acrilização das próteses.
Dados os devidos acabamentos na cera, prepara-se a peça para a inclusão em mufla, uma vez que não usamos o modelo de trabalho nesta etapa posicionamos alguns análogos à barra metálica, no mínimo 2, estes são utilizados a fim de fixar o trabalho à mufla. Feito isso, verte-se o gesso adequado (Zero Stone) na proporção indicada pelo fabricante na base do protocolo, a fim de copiar a área basal e revestir os análogos com um gesso com maior resistência.
Após a presa do gesso, manipulamos gesso Zero Flask, para o preenchimento de toda a base da mufla, onde será posicionada a peça, neste momento reproduzimos as canaletas guias estabilizadoras, bem como, o propiciador de espaço que é confeccionado com cera ao final da presa total do gesso, a seguir fazemos uma muralha de silicone sobre os dentes e ceroplastia (muralha sem retenção) e completa-se o preenchimento da contra-mufla com gesso Zero Flask, 10 minutos depois, pode-se abrir a mufla e eliminar toda a cera e isolar.
Enquanto espera-se o resfriamento total da mufla a deixamos na câmara umidificadora, assim manteremos a umidade do gesso. Ambas as partes da mufla, devem estar completamente limpas, livres de quaisquer resíduos de cera, os dentes perfurados e colados, também é importante usar adesivo de união para os dentes de acrílico.
A barra metálica precisa ser opacificada, para evitarmos o sombreamento do metal sob a resina, e parafusada aos análogos que estão na base, os parafusos precisam ser protegidos por silicone. Segundo CASTRO e GOMES (2015), na acrilização deve-se sempre ter o cuidado de seguir as orientações do fabricante da resina acrílica escolhida, normalmente são 3 partes de polímero para 1 de monômero, também podem ser aplicadas, técnicas diversificadas de acrilização, a mais conhecida é o sistema STG (Sistema Tomas Gomes), onde caracteriza-se a gengiva na parte vestibular, seguindo orientação do manual e conforme a cor escolhida, baseando-se na cor da gengiva natural do paciente.
Após preenchida a parte vestibular, completa-se o restante da prótese com resina incolor ou rosa aguarda-se a fase plástica para a prensagem, leva-se então à prensa hidráulica, até atingir uma tonelada, de forma lenta e gradual. Após aproximadamente 3 horas, retira-se da prensa e separa-se a base da contra-mufla, porém, só e possível essa conferência em protocolos se a muralha de silicone estiver sem retenção.
Nesse momento é possível checarmos e corrigirmos a coloração da gengiva e posição dos dentes, também é necessário umedecer a resina com monômero, feito isso podemos fechar a mufla novamente, porém, devemos observar as condições do isolante nas partes que estão em gesso.
Voltamos o trabalho para prensa à 1 tonelada, por mais algumas horas, a resina acrílica precisa de 12 horas de descanso, para que ocorra a união química e completa formação das cadeias moleculares dela, gerando maior resistência, evitando as micro porosidades e evitando posteriormente odores após o uso da prótese.
Ao terminar o tempo de descanso, parafusa-se a mufla estabilizada em uma tonelada, hidrata-se a mufla, mergulhando-a em água, por 10 minutos, levando-se e consideração que a resina acrílica termo ativada, polimeriza-se por volta de 65ºC, leva-se ao micro-ondas, por 10 minutos a 30% de potência, na sequência mais 5 minutos à 0% de potência e por último 10 minutos a 40% de potência, ciclo este indicado para aparelhos com 900 W de potência.
O ideal é que para essa sequência haja um programa já criado no próprio microondas. Para a demuflagem, espera-se o resfriamento total da mufla, geralmente por volta de 6 horas, ou até atingir a temperatura ambiente, deve-se resfriar lenta e gradualmente, pois o resfriamento rápido provoca tensões que podem acarretar fraturas e distorções nas peças.
A resina acrílica pode sofrer alterações dimensionais, por influência de alguns fatores como:
- Método de polimerização escolhido;
- Tensões internas causadas pelos diferentes coeficientes de expansão térmica do gesso e resina;
- Espessura da base;
- Diferentes localizações dentro da mufla afetando a adaptação e estabilidade da prótese;
- Proporção inadequada da relação pó e líquido da resina acrílica;
- Tempo entre prensagem e acrilização da mesma.
A demuflagem deve ser realizada com o auxílio de um martelete pneumático para facilitar a remoção do gesso e evitar fratura da peça. Uma vez demuflado, segue-se os acabamentos, com fresas, brocas, borrachas, lixas, polimento mecânico, higienização adequada, para enviar ao consultório. É importante salientar que a somatória de todos esses cuidados no processo contribui para um trabalho seguro, resultando em próteses precisas e saudáveis!
Sobre os autores:
Vacieli Santo | @vacieli
Técnica dentária desde 2001 – CRO/TPD – SC 513;
Proprietária de Maxzircon Oral Studio em Itapema-SC;
Técnica Especialista em Próteses Totais e PPRs pela PT Treinamentos;
Professora da Próteses Total Treinamentos – Especialização Prótese Total;
Professora de Próteses na escola NAEO em Balneário Camboriú – SC;
Professora de Treinamentos da Resina Diamond D pela Dental News;
Diversos cursos na área de Próteses Acrílicas, nacionais e internacionais;
Diversos cursos na área de Próteses Fixas;
Formada em Design Dental em CAD CAM, avançado pela Zirkonzahn Brasil;
Oferece treinamentos e consultoria na área de resinas acrílicas no Brasil e no exterior.
Darlos Soares Santo | @darlos_soares
Técnico em Prótese Dentária;
Sócio proprietário do Maxzircon Oral Studio em Itapema – SC;
Conselheiro Científico da Revista Prosthesis Science;
Co-autor do Livro Reconstruindo Sorrisos – Congresso da APDESP 2015;
Criador do curso Precisão de Modelos.
Referencias bibliográficas:
(CONSANI, R.L.X.;DOMITTI, S..S; CORRER SOBRINHO, L.; SINHORETI, M. A.C.) Pesqui Odontol Bras, v. 15, n.2, p. 112-118, abril./jun. 2001.)
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