Odontogeriatria: a odontologia para a terceira idade

O número de idosos no Brasil é cada vez mais expressivo: estima-se que o país tenha 30 milhões de pessoas com 60 anos ou mais. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), seremos a quinta nação com maior população idosa do mundo até 2030.

Diante deste cenário, surgem demandas específicas para atender essa parcela da população. Desde serviços básicos, como transporte adaptado e atendimento prioritário, até específicos, como o tratamento odontológico de idosos.

Continue a leitura para saber mais sobre a Odontogeriatria, a importância desta especialidade e como oferecer o melhor atendimento odontológico para pacientes da terceira idade.

O que é Odontologia Geriátrica? 

A Odontologia Geriátrica é o ramo da odontologia responsável por proporcionar cuidados preventivos, reabilitadores e curativos aos idosos, ou seja, pacientes com 60 anos ou mais.

Esse campo abrange desde cuidados preventivos até tratamentos restauradores e estéticos, considerando as condições gerais de saúde e as particularidades de cada fase da vida do paciente.

Dentistas que desejam atuar nesse campo podem se especializar em Odontogeriatria, uma especialidade odontológica reconhecida desde 2000 pelo Conselho Federal de Odontologia (CFO).

Vale destacar que a área não apenas leva a odontologia preventiva, reabilitadora e curativa aos idosos, mas também proporciona autoestima, conforto, socialização, entre outros aspectos que melhoram significativamente a qualidade de vida.

Qual a importância da saúde bucal na terceira idade? 

Os idosos têm necessidades e cuidados específicos durante um tratamento odontológico, portanto o profissional deve estar apto para atendê-los com excelência.

Dessa forma, é necessário considerar as diferenças fisiológicas, patológicas e psicológicas decorrentes do envelhecimento com o objetivo de realizar um tratamento menos invasivo, tornando a recuperação mais simples e rápida.

Problemas bucais que surgem com a idade 

Como dito anteriormente, pacientes idosos demandam cuidados especiais. Cerca de 73% dos brasileiros acima de 60 anos apresentam doenças sistêmicas como Hipertensão Arterial ou Diabetes.

Logo, é papel do cirurgião-dentista estar atento aos problemas bucais que possam surgir devido ao controle inadequado dessas condições, como hiperplasias, xerostomias e sangramentos gengivais.

Além disso, a diminuição da produção de saliva, em decorrência da utilização contínua de medicamentos, pode causar problemas nos tecidos bucais, como aftas, mucosites e até mesmo a desmineralização dos dentes.

Entretanto, esses não são os únicos desafios do Odontogeriatra. O profissional também pode encontrar:

  • Mucosas mais finas e sensíveis, sujeitas a traumas e lesões durante o tratamento;
  • Dentes mais escuros e sensíveis devido ao acúmulo de minerais e desgaste natural dos tecidos;
  • Retração gengival devido a traumas por problemas oclusais, perdas e movimentações dentárias, má higiene oral e escovação traumática.

Casos mais comuns em pacientes da terceira idade

Diante dos desafios encontrados, alguns casos são mais comuns em pacientes idosos. A substituição de dentes ausentes, assim como a atualização de tratamentos antigos são procedimentos comumente realizados nos consultórios.

Nessas situações, muitos pacientes optam por próteses totais ou parciais móveis, ou ainda por próteses sobre implantes, dependendo das suas condições de saúde bucal e disponibilidade óssea.

Além disso, há uma grande procura para tratamento de doença periodontal como gengivite, periodontite e/ou retração gengival.

Restaurações em Odontogeriatria

As restaurações em odontopediatria exigem atenção especial à tonalidade dos dentes, já que os dentes envelhecidos tendem a apresentar alterações de cor ao longo do tempo.

A forma mais rápida e prática de selecionar a cor ideal para a restauração é utilizando a Escala Vita, que contempla diversas tonalidades, incluindo:

  • Tons A – Vermelho-acastanhada;
  • Tons B – Amarelo-avermelhado;
  • Tons C – Acinzentado;
  • Tons D – Cinza-avermelhado;
  • Tons BL – Dentes clareados.

Em pacientes idosos, as cores mais comuns são de Tons C (acinzentado), pois tem relação com a presença de minerais no dente e/ou de restaurações antigas.

Na Odontogeriatria, é recomendável utilizar resinas que ofereçam variações dentro dos tons C (C1, C2, C3 e C4). Os produtos que possuem essa escala são:

Como atender pacientes de odontogeriatria no consultório odontológico? 

O profissional de odontogeriatria precisa ter um consultório adequado para receber os idosos, levando em consideração suas limitações físicas, a presença dos familiares no processo de cuidados, entre outros fatores.

Priorize a acessibilidade

É importante optar por cadeiras confortáveis com bastante mobilidade, garantir espaço para passagem de cadeirantes e evitar escadas íngremes nos acessos ao consultório.

Envolva a família

O relacionamento com a família do paciente é fundamental durante o tratamento, visto que essas pessoas irão compartilhar informações do paciente e orientá-lo a seguir as recomendações durante o tratamento.

Faça uma avaliação completa

A anamnese deve ser feita de maneira minuciosa, com o objetivo de investigar hábitos, condições de saúde e medicamentos de uso contínuo pelo idoso, para oferecer o melhor tratamento possível.

Planeje o atendimento

As consultas devem ser feitas em horários em que o idoso se sinta mais disposto, como pela manhã. Também é importante manter um diálogo aberto, demonstrando empatia e priorizando a humanização do atendimento para ganhar a confiança do paciente.

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Cuidados necessários com a saúde bucal do idoso

Higiene bucal completa

Os pacientes idosos devem realizar cuidados bucais diários para garantir uma boa higiene oral. A seguir, estão algumas orientações básica que devem ser constantemente reforçadas:

  • Utilizar escovas com cerdas macias, devido à mucosa oral mais friável;
  • Realizar a higiene bucal, no mínimo, 2 vezes ao dia, sendo a principal feita antes de se deitar;
  • Complementar a escovação com fio dental e enxaguatório sem álcool;
  • Remover próteses móveis durante a noite;
  • Mastigar mais os alimentos para estimular a salivação;
  • Consultar o odontogeriatra regularmente para prevenir problemas bucais.

Manutenção de próteses

A higienização e manutenção devem fazer parte da rotina de quem utiliza próteses totais ou parciais. Para que o paciente consiga realizar este cuidado em casa, é importante:

  • Enxaguar bem a prótese para remover resíduos;
  • Higienizar a prótese fora da boca, utilizando uma escova dura;
  • Usar a pia e evitar fazer a higienização durante o banho;
  • Utilizar sabão neutro, pois o creme dental pode danificar o material;
  • Escovar a língua com o auxílio de uma escova ou limpador específico.
  • Armazenar a prótese em um recipiente com água limpa e pura ou solução específica para limpeza.

Cuidados com a alimentação

Uma alimentação balanceada também auxilia na manutenção da saúde bucal, prevenindo o aparecimento de doenças bucais como cáries e até mesmo o desenvolvimento de doenças crônicas.

Portanto, oriente o paciente a manter uma dieta rica em cálcio, com alimentos como laticínios e vegetais de folhas verdes, que são essenciais para fortalecer os dentes e melhorar a qualidade de vida de forma geral.

 

Com uma saúde bucal adequada durante a vida, é fácil de manter dentes, gengivas e ossos saudáveis mesmo na terceira idade. Continue lendo os conteúdos do blog da Dental Cremer | Henry Schein e fique por dentro de tudo o acontece no mundo da odontologia.

Fontes:

  • O Globo;
  • APS;
  • Doutor Fernando Reis;
  • Sorrisologia;
  • CFO.

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