Atendimento odontológico de pacientes oncológicos: saiba mais

O câncer é um nome genérico para um grupo que engloba mais de 200 doenças com uma característica em comum: o crescimento e multiplicação anormal de células, que podem se espalhar por todo o corpo.

Segundo estimativas recentes do INCA (Instituto Nacional de Câncer), espera-se que, a cada ano do triênio 2023-2025, surjam aproximadamente 704 mil novos casos de câncer no Brasil, um número significativo.

Logo, é fundamental que o cirurgião-dentista conheça as principais manifestações orais decorrentes dos tratamentos oncológicos, além de condutas e boas práticas de atendimentos a pacientes nessa condição, garantindo um acompanhamento odontológico contínuo e de qualidade.

O que é odontologia oncológica?

A odontologia oncológica é área que se dedica aos cuidados bucais de pacientes com câncer, antes durante e após o tratamento da doença.

O cirurgião-dentista oncologista é responsável pela adequação do meio bucal do paciente antes dele ser submetido a tratamentos como radioterapia, quimioterapia e transplante de medula, além de orientá-lo sobre os cuidados a serem tomados para prevenir alterações bucais diversas.

Ao mesmo tempo, o profissional trata problemas bucais e efeitos colaterais que se manifestam ao longo do tratamento, seja de forma aguda ou tardia, contribuindo para a qualidade de vida do paciente que está enfrentando a doença.

Quais complicações odontológicas os pacientes oncológicos apresentam frequentemente?

As principais complicações bucais enfrentadas por pacientes oncológicos são:

Infecções oportunistas

A baixa imunidade e higiene bucal deficiente tornam o paciente suscetível a infecções oportunistas como a candidíase e o herpes vírus simples (HSV).

A infecção por Cândida é a mais frequente, e se manifesta na mucosa oral em forma de lesões brancas ou placas vermelhas e lisas. Para o tratamento, indica-se o uso de antifúngicos.

As infecções pelo HSV, por sua vez, provocam lesões vesicobolhosas, sobretudo, na região dos lábios. Além disso, com o avanço da imunossupressão, elas podem se tornar crônicas e progressivas.

Mucosite oral

A mucosite é outro problema bucal comum em pacientes oncológicos, caracterizada por eritema, edema e ulceração da mucosa oral.

A inflamação é classificada conforme a gravidade dos sintomas, sendo grau 0 – ausência de lesões – e grau 4 – mucosite severa com presença de úlceras, sendo que esta exige intervenção urgente, pois o paciente não consegue mais ingerir alimentos, nem líquidos.

Xerostomia

A xerostomia ou sensação de boca seca é algo recorrente em pacientes em tratamento oncológico, devido a alterações nas glândulas salivares.

Um estudo realizado por Deng (2015) aponta que o fluxo salivar em pacientes radioterápicos pode ser reduzido à metade da sua capacidade, quando comparado a pessoas saudáveis.

Cárie de radiação

A baixa produção de saliva e higiene bucal deficiente são fatores contribuintes para o surgimento de cáries por radiação. Essa alteração se diferencia da cárie infecciosa, sendo um efeito secundário do tratamento radioterápico na região da cabeça e pescoço.

Sangramentos

Sangramentos gengivais também são frequentes e podem ocorrer tanto de forma espontânea quanto durante atividades habituais – como a escovação e a alimentação. Eles podem estar associados a patologias anteriores, a uma má higiene oral ou ao baixo número de plaquetas produzido pelo organismo do paciente.

Perda de paladar

Alguns quimioterápicos podem provocar disgeusia – distorção ou diminuição do paladar, fazendo com que o paciente não sinta os sabores de alguns alimentos. Nesses casos, a laserterapia é uma excelente aliada para redução desse efeito colateral.

Protocolo odontológico para pacientes oncológicos

A assistência odontológica a pacientes oncológicos pode ser dividida em: conduta prévia, conduta durante o tratamento e conduta pós-tratamento. É fundamental que o paciente tenha acompanhamento contínuo de um dentista para garantir seu conforto e bem-estar em todas as fases.

Cuidados prévios ao tratamento oncológico

A abordagem odontológica pré-tratamento oncológico deve incluir um exame clínico minucioso, com anamnese detalhada e exame radiográfico complementar.

O cirurgião-dentista deve obter dados sobre o tipo de neoplasia e localização do tumor, as técnicas terapêuticas aos quais o paciente será submetido, além de datas de início e fim do tratamento oncológico.

Essas informações serão essenciais para entender quais procedimentos odontológicos serão realizados de forma imediata e o que poderá ser tratado após a quimioterapia ou radioterapia.

No geral, o atendimento odontológico pré-tratamento tem foco na adequação do meio bucal, por meio de:

  • Eliminação de possíveis fontes de infecção, como cáries e doenças periodontais;
  • Eliminação de possíveis fontes de traumas orais, como aparelhos ortodônticos, próteses mal ajustadas, bordas cortantes de dentes, entre outros;
  • Realização de múltiplas extrações em pacientes com condições bucais precárias, já que exodontias são contraindicadas durante a terapia antineoplásica radioterápica;
  • Reabilitação do paciente de forma que ele consiga se alimentar.

Além disso, é fundamental orientar o paciente sobre os cuidados de higiene oral diários que devem ser adotados para minimizar, assim, o risco de desenvolvimento de doenças bucais, bem como prescrever itens de higiene bucal adequados para esse novo momento.

Cuidados durante o tratamento oncológico

É comum ocorrerem complicações bucais nessa fase, seja devido à terapia antineoplásica a que o paciente está sendo submetido, seja devido à sua condição imunodeficiência.

Nesse sentido, é muito importante que o dentista acompanhe o paciente, esclareça todas as suas dúvidas e, quando necessário, faça o manejo dos efeitos adversos decorrentes do tratamento.

Durante as terapias, os cuidados podem incluir:

  • Uso de escovas macias e bochechos com soluções antissépticas sem álcool;
  • Prescrição de anti-inflamatórios e soluções isotônicas e até mesmo laserterapia para promover o alívio da mucosite oral;
  • Prescrição de medicamentos tópicos ou orais para tratamento de infecções oportunistas, como herpes e candidíase;
  • Prescrição de protetor labial à base de lanolina e lubrificantes bucais, com saliva artificial, em casos de hipossalivação (redução do fluxo salivar);
  • Realização de procedimentos de urgência ou profilaxias, mediante avaliação de hemograma/coagulograma e consulta ao oncologista.

Entre outros.

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Cuidados após o tratamento oncológico

O acompanhamento do paciente após o tratamento oncológico também é necessário. O dentista irá atuar na reabilitação oral do paciente pós-tratamento – isso pode envolver o uso de próteses para restaurar dentes perdidos ou afetados.

Além disso, será necessário monitorar possíveis complicações tardias que podem acometer a cavidade bucal e impactar a qualidade de vida do paciente, como cáries causadas pela radiação e hipossalivação persistente.

Câncer de mama e odontologia

Dentre as neoplasias malignas, o câncer de mama é o que mais atinge mulheres brasileiras (excluídos os tumores de pele não melanoma).

Para oferecer um atendimento e acompanhamento odontológico efetivo para pacientes nessa condição, o cirurgião-dentista deve buscar cada vez mais conhecimento sobre a doença, atualizando-se e compreendendo melhor os estágios do câncer de mama.

Ao mesmo tempo, é possível aderir à Campanha Internacional de Conscientização contra o Câncer de Mama – Outubro Rosa, promovendo ações no consultório para alertar os pacientes sobre a importância da prevenção e diagnóstico precoce.

Usar laços azuis – símbolo universal da campanha – fazer doações para projetos sociais e compartilhar conteúdo sobre o tema são algumas das principais práticas que podem ser adotadas.

Câncer de próstata e odontologia

O câncer de próstata é outra patologia que merece a atenção especial do cirurgião-dentista, pois costuma ser silenciosa e assintomática, além de estar cercada por tabus e preconceitos.

A doença, também chamada de câncer da terceira idade, é a segunda neoplasia mais comum entre os homens, sobretudo os mais velhos, sendo que 75% dos casos no mundo ocorrem a partir dos 65 anos.

Nesse sentido, participar de movimentos como o Novembro Azul é uma excelente oportunidade de conscientizar seus pacientes sobre a importância dos cuidados com a saúde masculina, já que detecção precoce aumenta as chances de tratamento eficaz e cura.

Nesta matéria, falamos sobre a importância do acompanhamento odontológico e do tratamento adequado de pacientes oncológicos, e como o dentista pode manter a qualidade de vida das pessoas que estão sendo afetadas pela doença.

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Referências:

https://blog.suryadental.com.br/paciente-oncologico/

Clique para acessar o MONALISA%20CARLOS%20PINHEIRO%20%20-%20TCC%20ARTIGO%20ODONTOLOGIA%20CSTR%202018.pdf

https://saude.df.gov.br/documents/37101/0/Manejo+Odontol%C3%B3gico+em+Pacientes+Oncol%C3%B3gicos.pdf/57d277ba-3a62-797d-df50-f9ad3db30906?t=1713461761101

https://blog.dentalspeed.com/saude-bucal-em-pacientes-com-cancer/

https://www.oncoguia.org.br/conteudo/estimativas-no-brasil/1705/1/

Clique para acessar o ATENDIMENTO%20ODONTOL%C3%93GICO%20PR%C3%89VIO%20AO%20TRATAMENTO%20ONCOL%C3%93GICO.pdf

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