A relação entre a HOF e a Ortodontia para promover estética facial

A concepção de beleza variou bastante ao longo da história. Os padrões de beleza aceitos tiveram a marca da época vivida e os valores culturais de cada povo. Os egípcios já usavam produtos com finalidade cosmética para cerimônias religiosas e para preparar os corpos para o enterro. Os hebreus possuíam hábitos de higiene pessoal e cuidados com a pele, em sinal do zelo que devia haver como o corpo.

Você gosta do que vê no espelho? Esta é possivelmente a maior motivação na busca por procedimentos estéticos na atualidade: a insatisfação! A forma como as pessoas se percebe e a preocupação em ser aceito(a) no meio em que vivem influenciam nesta busca. Entre os fatores que impulsionam a corrida por mudanças na estética facial estão:

  • Aparência jovial
  • Atratividade facial
  • Necessidade de ser aceito(a)
  • Baixa autoestima
  • Atingir padrões de beleza midiáticos

Na Ortodontia as queixas apontam para a insatisfação com o sorriso, vergonha de sorrir, problemas na mastigação e/ou articulação da fala, estas são as causas mais apontadas pelos pacientes. Novata na Odontologia, a Harmonização Orofacial já provoca burburinho: a procura por aplicação de toxina botulínica (botox), preenchimentos com ácido hialurônico, bichectomia, dentre outros tratamentos, já lotam os consultórios!

Mas será que existem limites para a estética? Como cada especialidade atua na valorização da autoestima? Que mudanças podem ser esperadas? Estas e outras questões iremos entender melhor ao longo do texto!

Ortodontia e os impactos nas mudanças estéticas

Todo paciente que procura o tratamento ortodôntico, após uma consulta detalhada, precisa realizar os exames da documentação ortodôntica para completar o estudo do seu caso. São fotografias, radiografias, análises cefalométricas, modelos de estudo e todo este material, aliado à análise clínica, viabiliza o diagnóstico e o planejamento ortodôntico que corresponde ao tratamento mais adequado para a pessoa.

A compreensão da estética facial é fundamental para atuar na valorização de uma área bastante observada e que é tratada pela ortodontia: o terço inferior da face. Isto é importante porque nas relações sociais a aparência facial interfere diretamente:

  • Expressão das emoções
  • Comunicação interpessoal
  • Autoestima

O sorriso desempenha papel essencial nas relações humanas: desde fase tenra do desenvolvimento, como os bebês demonstram, induz empatia, transmite confiança, desencadeia reações positivas ver alguém sorrindo. Desta forma, o tratamento ortodôntico atua no micro e na macro estética.

A percepção estética do que é considerado belo é algo bastante subjetivo, a qual pode ser influenciada por padrões de beleza cobiçados na atualidade. Contraditoriamente, um sorriso atraente pode não ser o mais estético. Como? Sabe aquele ator/atriz com apinhamento dentário, mas que sua beleza ganha os olhares e a preferência do público? Então, por que corrigir? A resposta é simples: pessoas que tiveram o seu sorriso tratado ortodonticamente são vistas com mais atratividade na sua aparência facial!

O tratamento ortodôntico corrige alterações que prejudicam a oclusão dentária, comprometem as funções orofaciais, estimula a remoção de hábitos nocivos e promove a estética facial e do sorriso. São problemas ortodônticos que afetam a estética do sorriso e a harmonia com a face:

  • Biprotrusão dentária
  • Sorriso gengival
  • Má oclusão classe II
  • Má oclusão classe III
  • Padrão face longa
  • Padrão face curta

Através das correções das relações dentárias nos sentidos sagital e vertical, o novo posicionamento dos incisivos, estando bem situados, melhoram a estética do sorriso e da face com as mudanças no perfil facial e posição dos lábios.

Em nosso Primeiro Episódio do Videocast a Dra. Marilia Lopes, especialista em Ortodontia, falou um pouco sobre planos de tratamento ortodôntico, como diagnosticar seu paciente e muito mais!

Quando o caso é devidamente tratado e o paciente faz o uso correto das contenções ortodônticas pelo período prescrito para cada paciente, obtém-se estabilidade da relação oclusal e, consequentemente, dos resultados alcançados.

Além disso, o tratamento ortodôntico propicia alterações positivas nos tecidos moles e que podem melhorar a atratividade facial. Ao ser bem indicado e conduzido, corrige: exposição gengival (se não for excesso esquelético), expressão do corredor bucal, inclinações oclusais. Estas mudanças podem ser benéficas durante o processo de envelhecimento facial por proporcionar um melhor arcabouço do terço inferior da face.

Para as más oclusões que apresentam um erro esquelético grave, o tratamento ortodôntico associado à cirurgia ortognática proporciona ao paciente os melhores resultados. Isto se explica pela correção dos erros ortodônticos com a ortodontia fixa e o reposicionamento de bases ósseas e a correção de deficiências esqueléticas pela cirurgia ortognática.

Quando o paciente não aceita fazer a cirurgia e os limites dos erros esqueléticos permitem a compensação ortodôntica, no tratamento com extrações dentárias pode-se obter resultados satisfatórios. O paciente precisa ser devidamente esclarecido quanto à particularidade do seu caso, entender que o tratamento cirúrgico é a alternativa que melhor atende à necessidade e explicar a diferença do que o tratamento compensatório oferece, se for escolhido.

Cabe ressaltar as contribuições da cirurgia ortognática para os pacientes que possuem discrepâncias esqueléticas: esta opção de tratamento melhora a qualidade de vida, o desempenho das funções orofaciais, como também a sua autoestima. O prejuízo estético à aparência facial é relatado como a maior motivação para aceitar o tratamento.

Harmonização Orofacial (HOF) – Como ela atua na estética facial?

A busca por procedimentos estéticos não invasivos tem aumentado significativamente, especialmente no público feminino e os jovens. Os efeitos sobre a aparência facial com o aumento de volume em áreas do rosto, obtido com o uso de preenchedores faciais, contribui para o incremento na atratividade e beleza da face.

A interação social, apelo midiático, os anseios pessoais dos pacientes e a vontade de melhorar a estética facial aumentam o interesse por lábios espessos e protruídos, vistos como mais atrativos. A ultrassonografia é um exame de imagem utilizado para avaliar os tecidos moles e sua relação com estruturas anatômicas próximas ao sítio onde vai ser injetado o preenchedor.

A toxina botulínica e o ácido hialurônico são preenchedores muito procurados com as finalidades da prevenção do envelhecimento ou de rejuvenescimento, sendo injetados sobre a derme. O ácido hialurônico apresenta como características desejáveis a biocompatibilidade, propriedades fisioquímicas ideais e uma relativa margem de segurança no seu emprego.

A Resolução CFO nº 198/2019 reconhece a Harmonização Orofacial (HOF) como especialidade odontológica e estabelece os critérios para a formação dos profissionais desta área.

No Episódio 03 do nosso Videocast, a Dra. Isabela Bueno – especialista em Dentística Estética e Harmonização Orofacial – abordou sobre a importância do cirurgião habilitado conversar com o paciente antes de realizar o procedimento estético e como fazer isso da forma menos invasiva possível. Confira o vídeo na integra!

No rol de procedimentos estéticos permitidos para serem realizados pelos especialistas, descritos nesta resolução constam:

  1. a) praticar todos os atos pertinentes à Odontologia, decorrentes de conhecimentos adquiridos em curso regular ou em cursos de pós-graduação de acordo com a Lei 5.081, art. 6, inciso I;
  2. b) fazer uso da toxina botulínica, preenchedores faciais e agregados leucoplaquetários autólogos na região orofacial e em estruturas anexas e afins;
  3. c) ter domínio em anatomia aplicada e histofisiologia das áreas de atuação do cirurgiãodentista, bem como da farmacologia e farmacocinética dos materiais relacionados aos procedimentos realizados na Harmonização Orofacial;
  4. d) fazer a intradermoterapia e o uso de biomateriais indutores percutâneos de colágeno com o objetivo de harmonizar os terços superior, médio e inferior da face, na região orofacial e estruturas relacionadas anexas e afins;
  5. e) realizar procedimentos biofotônicos e/ou laserterapia, na sua área de atuação e em estruturas anexas e afins; e,
  6. f) realizar tratamento de lipoplastia facial, através de técnicas químicas, físicas ou mecânicas na região orofacial, técnica cirúrgica de remoção do corpo adiposo de Bichat (técnica de Bichectomia) e técnicas cirúrgicas para a correção dos lábios (liplifting) na sua área de atuação e em estruturas relacionadas anexas e afins.

No momento, pouco se sabe a respeito da dinâmica destes materiais estéticos com os tecidos faciais in vivo. Porém, é preciso ter cautela pois podem ocorrer complicações precoces e tardias decorrentes de procedimentos estéticos.

É legalmente recomendado que os procedimentos de harmonização orofacial sejam realizados por especialista habilitado em razão da necessidade de conhecimentos profundos de: anatomia, bioquímica, fisiologia, histologia, farmacologia e demais componentes da grade curricular obrigatória.

O amplo conhecimento dos fundamentos e domínio da técnica são primordiais para avaliar bem e planejar os procedimentos a serem executados, objetivando a prevenção de complicações e danos ao paciente.

Conversar com paciente, esclarecê-lo sobre os resultados que podem ser atingidos com o tratamento são indispensáveis para prevenir frustrações e, eventualmente, batalhas jurídicas por insatisfação com o tratamento realizado.

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Referências

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