Dia 14 de novembro é conhecido como Dia Mundial da Diabete, uma data cujo objetivo é conscientizar a população em relação à prevenção a fatores de risco e diagnóstico precoce.
Segundo a Federação Internacional de Diabete (IDF), a doença afeta cerca de 16 milhões de brasileiros. Além disso, estima-se que 3 a 4% dos pacientes adultos que procuram tratamento odontológico são diabéticos – sendo que a maioria ainda não sabe de sua condição.
Diante disso, neste conteúdo reunimos informações relevantes sobre diabete. Confira a importância do cirurgião-dentista para o diagnóstico da doença e os principais cuidados ao atender um paciente diabético.
O que é diabete?
Diabete mellitus é o nome dado a um conjunto de doenças metabólicas de etiologia múltipla.
É caracterizada pelo excesso de glicose (hiperglicemia), que ocorre devido a problemas na secreção ou ação do hormônio insulina que não consegue controlar os níveis de glicose no sangue.
Quando mal controlado, diabete pode acarretar complicações renais, problemas arteriais e amputações, infecções por fungos e bactérias, doenças bucais e, em casos mais graves, pode levar à morte.
Quais os Tipos de Diabete?
A diabete pode ser classificada em:
Diabete tipo 1:
O organismo não consegue produzir insulina para metabolizar a glicose. Neste caso, é necessário o uso diário de insulina e/ou outros medicamentos para controlar o nível de glicose no sangue.
A doença acomete principalmente crianças e jovens na puberdade, mas também pode ser diagnosticada em adultos.
O tipo 1 representa de 5% a 10% do total de pessoas com a doença
Diabete tipo 2:
Ocorre quando o pâncreas produz a insulina, mas o organismo do paciente não responde à sua ação devido à escassez ou ineficácia dos receptores celulares.
É o tipo mais frequente da doença e corresponde a 90-95% dos casos.
Diabete Gestacional
Atinge em mulheres durante o período de gestação, devido a um bloqueio da ação da insulina pelos hormônios da gravidez.
Geralmente, a diabete gestacional aumenta o risco de a mãe e a criança desenvolverem diabete tipo 2 de diabete futuramente.
Outros tipos específicos
Existem também tipos de diabete específicos, decorrentes de defeitos genéticos, uso de medicamentos ou associada a demais doenças.
Alguns exemplos são: Diabete Monogênico – MODY (mutação genética da função da célula beta); diabete neonatal; diabete secundário a outras endocrinopatias; diabete associado a infecções, etc.
Os Principais Fatores de Risco da Diabete
Os fatores de risco para o desenvolvimento da doença variam conforme o tipo de diabete melitus.
Dentre os mais comuns, podemos destacar:
Diabete tipo 1:
- Predisposição genética.
- História familiar;
- Infecções na infância
- Fatores ambientais.
Diabete tipo 2:
- Sedentarismo;
- Obesidade;
- Tabagismo;
- hipertensão arterial;
- Idade superior a 40 anos.
Diabete gestacional:
- Idade superior a 25 anos;
- Baixa estatura (<1,50cm);
- Obesidade ou ganho excessivo de peso na gestação;
- Gordura abdominal excessiva;
- Casos na família (parentes de 1º grau);
- Crescimento fetal excessivo;
- Polidrâmnio (líquido amniótico excessivo);
- Hipertensão ou pré-eclâmpsia na gravidez em curso;
- Histórico de morte fetal ou neonatal, macrossomia ou diabete gestacional em gravidez anterior.
A Diabete Apresenta Sintomas?
Pacientes com diabete podem apresentar os seguintes sintomas:
Tipo I:
- Polidipsia (sede excessiva);
- Poliúria (aumento do volume urinário);
- Polifagia (fome excessiva);
- Perda de peso;
- Fraqueza;
- Fadiga;
- Mudanças de humor;
- Náusea e vômito.
Tipo II:
- Polidipsia (sede excessiva);
- Poliúria (aumento do volume urinário);
- Polifagia (fome excessiva);
- Perda de peso;
- Visão embaçada;
- Demora na cicatrização de feridas;
- Formigamento nos pés e mãos.
Como o dentista pode contribuir para um diagnóstico?
O Cirurgião-dentista tem um importante papel na identificação precoce de um pacientes com diabetes.
Para isso, recomenda-se cruzar informações coletadas em anamnese, análise clínica e em exames laboratoriais complementares.
Em relação a manifestações bucais da doença, é importante que o dentista fique atento a alterações como:
- Doenças periodontais de difícil controle;
- Disfunções salivares como diminuição do fluxo e aumento de acidez e viscosidade;
- Xerostomia;
- Hipoplasia (desenvolvimento defeituoso dos tecidos);
- Hipocalcificação do esmalte;
- Presença de aftas e lesões;
- Aumento súbito de cáries;
- Infecções oportunistas frequentes (herpes, candidíase).
- Distúrbios de cicatrização.
⚠️ Em caso de suspeita, o paciente deve ser encaminhado a um médico especialista (Endocrinologista) antes de dar sequência ao tratamento odontológico. ⚠️
Cuidados no atendimento de pacientes diabéticos
Confira os principais cuidados a serem seguidos durante o atendimento de pacientes diabéticos.
Anamnese completa
A anamnese é a primeira etapa a ser realizada pelo cirurgião-dentista. A partir dela será possível definir a melhor conduta terapêutica segundo as particularidades do paciente diabético.
É necessário coletar o máximo de informações a respeito do tipo de diabete que o paciente possui, tratamentos realizados e medicamentos que utiliza.
Além disso, é importante classificar o paciente de acordo com grau de risco para realização de procedimentos clínicos.
Medição dos níveis de glicose
A glicemia refere-se à quantidade de glicose no sangue, sendo que o valor considerado normal de glicose na corrente sanguínea varia entre 70 e 110 mg/dL.
Valores de referência disponíveis a seguir:
- Hipoglicemia <70mg/dl
- Normal – 70 a 110mg/dl
- Risco – 110 a 126mg/dl
- Hiperglicemia >126mg/dl
Os sinais vitais de pacientes com diabete devem ser aferidos pelo dentista com aparelho glicosímetro antes, durante e após as consultas.
⚠️ Pacientes com glicemia abaixo de 70 mg/dl ou acima de 100 mg/dl não devem passar por procedimento odontológico e precisam ser encaminhados imediatamente a um pronto-socorro. ⚠️
Horário e tempo de atendimento
As consultas de pacientes diabéticos devem ser realizadas idealmente pela manhã. É neste horário que a glicemia do paciente diabético tende a estar mais equilibrada.
Além disso, as sessões odontológicas devem ser curtas e menos traumáticas possíveis, a fim de evitar quadros de ansiedade.
Uso de anestésico local
Em relação aos anestésicos, a Mepivacaína a 3% sem vasoconstritor e a prilocaína associada ao vasoconstritor felipressina são os anestésicos mais indicados em pacientes diabéticos.
A felipressina pode ser administrada em pacientes diabéticos compensados por dieta, pacientes insulinodependentes ou pacientes que usam medicamentos hipoglicemiantes orais.
A epinefrina, por outro lado, apresente efeito fármaco oposto ao da insulina, favorecendo o aumento da glicemia em pacientes com diabete descompensado.
Por este motivo, o uso de vasoconstrictores do grupo das catecolaminas como epinefrina, norepinefrina e neocoberfina deve ser evitado.
Urgências e emergências de pacientes com diabetes na odontologia
Em casos extremos, a diabete pode causar crises de hipoglicemia ou hiperglicemia e o cirurgião dentista deve estar preparado para uma intervenção imediata em consultório odontológico.
Saiba mais, a seguir!
Pacientes com hipoglicemia
A hipoglicemia é caracterizada por uma queda súbita dos níveis séricos de glicose.
Pode ser constatada quando o paciente apresenta valores de glicose sanguínea abaixo de 40 miligramas por decilitro de sangue (mg/dl) e sinais e sintomas específicos desse quadro, como:
- Náuseas;
- Sudorese;
- Palpitação;
- Tremores;
- Fadiga;
- Visão turva;
- Cefaleia;
- Confusão mental;
- Inconsciência;
- Convulsões;
- entre outros.
Neste caso, a conduta mais adequada durante um episódio de hipoglicemia seria:
- Concluir o atendimento odontológico;
- Sentar o paciente de modo confortável na cadeira;
- Oferecer um alimento rico em carboidratos como mel, suco de frutas, água com açúcar, tabletes de glicose, etc.
- Monitorar a glicemia capilar após 15 minuto. Se continuar baixa, repita o processo.
- Se não houver normalização ou o paciente estiver inconsciente, acionar socorro médico e continuar monitorando os sinais vitais.
- Não aplicar insulina!
Paciente com hiperglicemia
Em contrapartida, a hiperglicemia ocorre quando os níveis de glicose no sangue estão muito elevados – acima de 126 mg/dl em jejum e acima de 200 mg/dl até duas horas após uma refeição.
O paciente com glicose elevada apresenta sintomas como pele seca, hálito cetônico, confusão mental, náuseas/vomito, respiração profunda e acelerada, hipotensão e taquicardia.
Neste caso, o cirurgião-dentista deve:
- Interromper o atendimento;
- Deixar o paciente confortável na cadeia;
- Acompanhar os sinais vitais
- Se necessário, administrar oxigênio e acionar socorro médico.
Por fim, o atendimento de pacientes diabéticos exige do dentista tanto conhecimento prévio sobre a doença quanto uma preparação para oferecer os melhores cuidados durante as consultas!
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Referências bibliográficas:
- FERNANDES DE OLIVEIRA, Thais; PORPINO MAFRA, Rodrigo; GADELHA VASCONCELOS, Marcelo e GADELHA VASCONCELOS, Rodrigo.CONDUTA ODONTOLÓGICA EM PACIENTES DIABÉTICOS: CONSIDERAÇÕES CLÍNICAS. Clín.-Cient. (Online) [online]. 2016, vol.15, n.1, pp. 1-5. ISSN 1677-3888.
- ROCHA, I. M. S.; COSTA, L. B.; RODRIGUES, R. V. Diabetic patient in the dental clinic: care protocol . Research, Society and Development, [S. l.], v. 11, n. 14, p. e430111436274, 2022. DOI: 10.33448/rsd-v11i14.36274. Disponível em: https://rsdjournal.org/index.php/rsd/article/view/36274
- Atendimento Odontológico de pacientes diabéticos. Blog Dental Speed. Disponível em: https://blog.dentalspeed.com/atendimento-odontologico-diabeticos/
- PROTOCOLO DE MANEJO ODONTOLÓGICO AO PACIENTE DIABÉTICO – Protocolo singularizado para o Município de Jundiaí – Disponível em: https://jundiai.sp.gov.br/saude/wp-content/uploads/sites/17/2023/07/odonto-paciente-diabetico.pdf
- Página Diabetes (diabetes mellitus). Ministério da Saúde. Disponível em: https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/saude-de-a-a-z/d/diabetes
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