A restauração de dentes extensamente destruídos sempre foi um desafio na odontologia e ensejou ao longo da história da profissão a fixação de dispositivos intracanais que atuassem como âncoras para a futura restauração da coroa. Tais dispositivos eram feitos de metal e dominaram o cenário até o início do século 21 quando, paulatinamente, começaram a ceder espaço para os pinos de fibra de vidro que traziam inúmeras vantagens, dentre elas:
- Dispensa de moldagem e execução do caso em consulta única;
- Estética perfeita, sem sombras;
- Facilidade de manuseio;
- Custo infinitamente mais baixo;
- Formação de corpo único;
- Biomecânica compatível devido ao seu módulo de flexão similar à dentina;
Como toda nova concepção o uso dessa técnica mudou alguns paradigmas e conceitos, dentre eles a necessidade de uma perfeita adesão dos materiais cimentantes no conduto radicular bem como o uso de novos cimentos, especialmente os resinosos de cura dual.
Quando indicar o uso de pino de fibra de vidro?
A correta indicação ainda é motivo de desencontros entre os especialistas, todavia a presença de dentes endodonticamente tratados é uma condição básica. Essa condição traz 2 complicadores, a saber:
- O Tratamento endodôntico torna o remanescente dentário friável e sujeito a fraturar sob mínimos esforços;
- O elemento se desidrata e a dentina torna-se seca;
A friabilidade do elemento endodonticamente tratado tem sido associado a um índice considerável de fraturas dentárias, especialmente quando há o emprego de pinos metálicos que, devido à rigidez típica desses materiais, transferem os esforços mastigatórios para a raiz.
É exatamente nesse ponto que os pinos de fibra de vidro oferecem vantagens superiores, pois conseguem flexionar e absorver esses esforços oclusais, distribuindo-os de maneira uniforme, protegendo o elemento dental de fraturas.
A dentina seca torna-se um outro complicador pois exige que o material adesivo/cimentante tenha características hidrofóbicas, o que acaba excluindo a esmagadora maioria dos adesivos dentinários por terem características hidrofílicas.
Qual o protocolo de uso?
Existem diversos protocolos de uso. Cada um deles segue a técnica que o profissional domina melhor. Via de regra adaptei 3 tipos que considero os mais adequados, a saber:
Técnica direta adesivo/cimento
Consiste no preparo de 2/3 do canal usando brocas de gates e peeso. Geralmente os tamanhos 2 e 3 dessas brocas são suficientes para mais de 95% dos casos.
Após o preparo com remoção da guta é feito ataque ácido durante 60s. Em seguida, lavagem e secagem com ar. Neste caso utilizaremos a combinação do adesivo ARIDUS BOND junto com o CIMENTO SUPERPOST CEMENT+.
O Aridus Bond é um adesivo de cura dual especialmente desenvolvido para dentinas secas. Mistura-se partes iguais de base e catalisador num pote dappen e leva-se ao conduto com um aplicador.
Não aguardar o endurecimento e inserir imediatamente o pino com o cimento resinoso dual Superpost Cement+ (já misturado) dentro do canal. O próprio pino pode levar o cimento para dentro do conduto se assim desejar.
Assim que estiver assentado, fotopolimerizar através das linhas de cimento vestibular e lingual/palatina durante um mínimo de 60s.
Se o dente tiver grande destruição coronária utilize no lugar do Superpost cement+ o cimento Superpost Core Cement que cimenta o pino e permite construir o núcleo coronário.
A partir daí o dente está pronto para receber uma coroa ou ser inteiramente restaurado com resina composta.
Técnica Autocondicionante
Esta técnica dispensa o uso de ácido e de adesivo, porém requer um cimento especial autocondicionante, como o novo Superpost Cement Self Etch. A outra vantagem é a rapidez e praticidade. Basta aplicar o cimento + pino e fotopolimerizar.
Como em todas as técnicas, o pino deve ser testado previamente no conduto e seccionado quando necessário. Se contaminar com saliva ou sangue, lavar bem com álcool 70oC e secar.
Técnica Automodeladora
Também chamada de anatômica, consiste em se moldar o pino de fibra de vidro dentro do canal com resina composta modelando assim um dispositivo fiel à anatomia do conduto.
Esta técnica requer preparos lisos e expulsivos, bem como isolamento do canal durante a moldagem com isolantes hidrofílicos, tipo KY ou similar.
Uma vez executada a modelagem, o isolante deve ser removido com água e o conduto secado.
A cimentação é executada unicamente com o adesivo ARIDUS BOND, mediante ataque ácido prévio no conduto.
Qual modelo de pino de fibra de vidro utilizar?
Cada profissional tem a sua preferência por marcas e modelos. Como desenvolvedor dos pinos de fibra de vidro Superpost+, tenho a natural preferência por esta marca somada a quase 20 anos de acompanhamento e observação de sucesso longitudinal.
Além disso, tenho uma preferência especial por pinos com superfícies retentivas, que dispensam o uso de silano, como o recentemente lançado Superpost RT MAX, cuja superfície arredonda é exclusiva e oferece uma alta retenção sem gerar tensões.
Isso é apenas um resumo da técnica. Muito há a se falar e demonstrar. Se você gostou dessas informações e deseja saber mais sobre este e outros assuntos, acesse meus blogs aqui e assista também meus vídeos.
Obrigado pela leitura.
Izio Mazur,CD
CRORJ 16578
Professor de Dentística Restauradora
Sócio fundador da Superdont Ind. e Com. LTDA em 1999
Desenvolveu os pinos de Fibra de Vidro Superpost+, Cimentos resinosos Superpost Cement+, Superpost Core Cement e Superpost Cement Self Etch
Adesivos e Fibras para Construção de Próteses Fixas Instantâneas bem como diversas técnicas e protocolos para odontologia restaurativa direta instantânea.
Autor de 3 livros, sendo o mais recente ODONTOLOGIA REABILITADORA INSTANTÂNEA COM FIBRA – Editora Napoleão, 2018.
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