Principais diferenças da cirurgia de Implantes na maxila e na mandíbula

Conhecer as particularidades, características, diferenças e a anatomia da maxila e da mandíbula nos ajuda muito na previsibilidade e na segurança na hora de planejar e instalar implantes para posteriormente podermos reabilitar essas regiões. Não interessa se você está planejando um implante unitário ou múltiplos, é sempre bom entender os desafios de cada arcada. Vamos discorrer sobre eles de uma maneira bastante didática.

A diferença mais evidente é o tipo de osso que vamos encontrar na maxila e na mandíbula. A maxila possui um osso mais esponjoso, com parte cortical mais fina e trabeculado menos denso. Por outro lado, a mandíbula se apresenta com osso mais denso e com corticais mais grossas. Na prática isso pode afetar na velocidade que iremos utilizar no motor na hora do preparo dos leitos para instalação de implantes. Geralmente, utilizo 800 rpm na maxila e 1.200 rpm na mandíbula, para vencer com mais facilidade a cortical.

Essa classificação de Misch nos mostra os 4 tipos ósseos e suas respectivas localizações na maxila e na mandíbula. O osso tipo I é formado por cortical densa e pouco trabeculado, o tipo II possui cortical densa combinada com trabeculado grosso, o tipo III tem cortical fina e trabeculado grosso e o tipo IV é mais esponjoso deles com quase nada de cortical e osso trabecular fino. O tipo II é considerado o melhor osso para fixação e osseointegração, levando em conta que o mais esponjoso (tipo IV) vai dificultar muito o travamento inicial e o mais duro (tipo I) terá pouca vascularização para neoformação óssea ao redor do parafuso.

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Fique atento na hora de escolher os seus implantes

Essas particularidades também vão influenciar na escolha do implante e nas nossas decisões transoperatórias. Alguns fabricantes classificam seus implantes baseados no tipo de osso. Por exemplo, um implante cônico tem o papel de condensar o osso mais esponjoso da maxila ao ser instalado, aumentando o travamento inicial e consecutivamente, aumentando as chances de sucesso na osseointegração. Pensando por essa ótica, em alguns casos preparamos “menos” o leito na maxila, parando uma fresa antes do tamanho do implante e na mandíbula, algumas vezes, precisamos utilizar o macho de rosca, se não o implante pode não descer até o lugar desejado.

>>>Leia mais: Como escolher o tamanho de implantes dentários

Preste atenção aos detalhes!

Além de toda essa parte do estudo do tipo ósseo, precisamos prestar muita atenção nos detalhes anatômicos que nos limitam na maxila e na mandíbula. A hora que eu bato o olho em uma tomografia de maxila ou mesmo numa radiografia panorâmica, eu já reparo no assoalho do seio maxilar (1). O tamanho e posição do seio maxilar vai ser um fator determinante para nossas reabilitações. Vejo também a posição do forame incisivo (20) e da espinha nasal anterior (18). Em contrapartida, ao olhar para mandíbula eu quero saber onde estão os forames mentuais (33) e a medida entre crista óssea e o canal mandibular (30).

Fonte: @raiosxis

Com certeza a Implantodontia nos faz voltar no tempo odontológico da nossa cabeça para as aulas de anatomia do crânio. Assopra e tira a poeira do seu Atlas. Devemos também lembrar das principais artérias e detalhes anatômicos como a fóvea submandibular que pode ser observada em tomografias. É bom evitar “cair no vazio” quando estivermos realizando instalação de implantes na região de molares inferiores.

Toda essa análise é feita no planejamento que engloba a consulta inicial e os exames de imagem que solicitamos. Por isso, é importante valorizar sua consulta inicial e ter tempo para fazer o checklist das áreas de interesse antes de operar cada paciente. Seu planejamento deve ser individualizado. Essa prática vai tornar o momento cirúrgico muito mais seguro com maiores chances de sucesso e menores de intercorrências.

Um Abraço.

Sobre o autor:

Luiz Rodolfo | @dicasodonto

  • Cirurgião-dentista;
  • Especialista em Periodontia e Implantodontia;
  • Membro da Comissão de Mídias Sociais e Odontologia do CROSP.

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