Radiografias na Odontopediatria: veja quais as indicações

Outubro chegou! Mês no qual as crianças são homenageadas, e foi pensando nisso que decidi abordar um pouco as radiografias na Odontopediatria. Este tema é muito interessante e geralmente gera muitas dúvidas, como por exemplo: “pode fazer radiografia odontológica em crianças?”, “é perigoso?”, “qual a quantidade de exames indicada?”, dentre outras questões.

Todos nós sabemos da importância dos exames radiográficos no processo do diagnóstico na Odontologia, certo? É sempre bom lembrar que a radiologia não é adivinhação e sim interpretação. É o resultado da ciência, estudo, técnica, treino, capacidade de cognição, de interpretação e da experiência do profissional. Por ser uma radiação ionizante ela gera efeitos biológicos no nosso organismo que, devem ser entendidos, respeitados e minimizados, não colocando em risco a nossa vida.

Desse modo, sabendo da radiobiologia, ou seja, da interação dos raios X com a matéria (que é o nosso corpo) e conhecendo os efeitos nocivos que isso pode causar, atentamos para cumprir as medidas de proteção radiológica (radioproteção). Nunca devemos esquecer do uso de aventais de chumbo e colares protetores de tireóide, respeitando sempre o Princípio de ALARA, que diz que a dose deve ser sempre a mais baixa quanto razoavelmente exequível (possível). Traduzindo: todo e qualquer exame radiográfico deve ser realizado se realmente necessário e com a menor dose possível para a finalidade indicada.

No caso de radiografias em crianças não seria diferente. As crianças são mais sensíveis às radiações ionizantes, justamente por estarem em processo de crescimento, com altas taxas de reprodução das suas células. Temos que dar atenção especial a estes pequeninos quando o assunto for radiografias odontológicas. Por isso, os exames radiográficos devem ser realizados quando houver real necessidade, com justificativa aceitável e sempre garantido a radioproteção ao paciente.

Quais são as indicações radiográficas para os pacientes odontopediátricos?

Podemos utilizar os exames por imagem de duas maneiras diferentes (indicações): Prevenção e Diagnóstico de condições dentais e/ou faciais. Sendo assim, podemos dizer que o(a) odontopediatra pode fazer o “pré-natal” dos dentes, mesmo que eles apareçam na boca, examinando a presença dos germes dentais. Bem como sua forma, localização, tamanho, angulação, relação com os dentes vizinhos, presença de dentes supranumerários e também verificar a agenesia dental (quando o germe não se formou e não irá se formar).

E qual a justificativa para isso? Esse diagnóstico pode ajudar a orientar o tratamento do paciente e a tratar a condição que ele apresenta ou irá apresentar. Os exames por imagens auxiliam muito desde o diagnóstico, plano de tratamento até a preservação da condição da criança. Condições estas que podem ser estéticas e/ou funcionais e que irão interferir de alguma maneira na vida adulta da criança.

Problemas relacionados às Articulações Temporomandibulares (ATMs) bem como dos ossos da face (lesões intra-ósseas, tumores, cistos) também podem ser diagnosticados por meio dos exames por imagem odontológicos. Além de condições que acometem os seios maxilares e podem estar relacionados às sinusites não odontogênicas que comprometem a qualidade de vida da criança.

Quais são os exames radiográficos que podem ser realizados em crianças?

Na realidade todos os exames radiográficos podem ser realizados desde que haja a indicação correta. Existem alguns exames que podem ser realizados, sejam intraorais (onde o filme é posicionado dentro da boca) ou extraorais (filme posicionado fora da boca). Dentre eles os mais comuns são: a radiografia panorâmica e as radiografias periapicais e atualmente até mesmo uma Tomografia Computadorizada por Feixe Cônico pode ser indicada, mas cada um vai depender da necessidade do caso.

Portanto, cada caso deve ser corretamente avaliado pelo profissional para indicar o(s) exame(s) adequado(s).

Nós sabemos que os exames radiográficos possuem diversas indicações dentro de cada especialidade odontológica. Na odontopediatria isso também é respeitado.

Exames como a radiografia panorâmica de uma criança (dentição mista) por exemplo, permite visualizar os dentes decíduos esfoliando (saindo); enquanto os dentes permanentes vão se formando e erupcionando (nascendo), ocupando o seu lugar nas arcadas. Esse processo é importante para que o profissional estude e identifique as condições do caso do seu paciente e promova o melhor tratamento para ele.

As radiografias interproximais podem também ser indicadas para avaliação das faces interproximais dos dentes decíduos e/ou permanentes, pesquisas de cáries e avaliação da crista óssea (integridade e altura da mesma). Radiografias oclusais também podem ser indicadas, principalmente, quando queremos avaliar a localização de dentes inclusos e/ou impactados, em casos de traumas e/ou fraturas, possibilitando verificar a localização de lesões dentais e/ou ósseas.

Radiografias de mão e punho

Dentre algumas especialidades odontológicas podemos citar a Ortodontia, que se destaca pela importância da requisição de exames para as crianças. Nessa especialidade destacamos alguns exames como por exemplo a radiografia carpal. Esse exame apresenta um laudo preciso e tudo computadorizado, onde são avaliados os ossos da mão da criança. Ela é realizada com a mão e o punho do paciente posicionados próximo ao filme radiográfico.

E pra que ela serve? Este exame radiográfico é indicado para o estudo e diagnóstico da maturidade óssea da criança (idade fisiológica) em relação à sua idade cronológica. O ortodontista tem condições de avaliar em qual etapa do crescimento ósseo a criança está, ou se já está finalizado ou se irá continuar. Tudo isso para saber qual o melhor momento de realizar intervenções e tratamentos específicos, como por exemplo a instalação dos aparelhos ortodônticos.

Telerradiografia lateral

Outro exame muito requerido pelos ortodontistas para crianças é a telerradiografia lateral. Este exame é um tipo de técnica na qual a distância entre a fonte emissora de Raios X e o paciente permite obter uma imagem de tamanho natural. Nesta técnica extraoral os objetivos são: avaliação das relações dos elementos dentais com os maxilares e dos maxilares com o esqueleto facial. Isso permite realizarmos uma avaliação e diagnósticos de planos oclusais e alterações existentes que podem ser passíveis de intervenções pertinentes. Além da especialidade ortodôntica, também a ortopédica e a cirúrgica.

Este exame permite uma avaliação do crescimento e desenvolvimento da maxila e mandíbula em relação à base do crânio. Neste tipo de radiografia, podemos traçar os pontos anatômicos ou pontos de referência evidentes que se queiram estudar de uma maneira esquemática. Assim, se obtém manualmente ou digitalmente medidas e mensurações precisas. Quando isso é realizado na radiografia dá origem ao Traçado Cefalométrico.

Então, agora, podemos ter segurança para responder às questões que eu abordei logo no início do texto:

1- Crianças podem fazer radiografias odontológicas?
Resposta: Sim, caso haja necessidade elas podem e devem fazer, visando auxiliar no diagnóstico odontológico.

2- É perigoso?
Reposta: Não, desde que sejam respeitados os princípios da radioproteção.

3- Qual a quantidade de exames indicada?
Resposta: Depende. Pode variar de acordo com a necessidade de cada caso. Mas sempre respeitando o Princípio de ALARA: menor dose possível para a finalidade desejada.

Gostaram? Espero que sim. Desejo um excelente mês a todos, em especial às crianças!

Até o próximo artigo!

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Referências bibliográficas:
WHITE & PHAROAH. Radiologia Oral. Princípios e Interpretação. 7ª ed.
WATANABE & ARITA. Imaginologia e Radiologia Odontológica. ELSEVIER.

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