Especialização em radiologia: o que preciso saber?

Você certamente já teve algumas dúvidas ou já ouviu comentários sobre qual a importância da radiologia na odontologia. Comentários como “radiologista não é dentista porque não atende pacientes” são mais comuns do que você imagina! Precisamos entender o que a especialidade representa dentro da odontologia e qual a sua importância.

Importância da radiologia odontológica

A radiologia tem como objetivo a aplicação dos exames de imagem. Com finalidade de diagnóstico, é responsável pelo planejamento de tratamento, acompanhamento e documentação de casos clínicos. Sendo fundamental em todas as especialidades, eu digo que a radiologia tem uma particularidade que a torna especial: o fato dela estar inserida em todas as áreas da odontologia.

Durante as fases do tratamento odontológico, o cirurgião-dentista precisará fazer radiografias a fim de diagnosticar e tratar seu paciente. Realizando-as no próprio consultório (radiografias intraorais) ou referenciá-las a um centro de diagnóstico odontológico quando necessário.

Para que seja feita da melhor maneira, são necessários, além do exame clínico, que constitui avaliação minuciosa da anamnese, a requisição de exames complementares. Neste documento estão inseridos exames laboratoriais, as radiografias/tomografias, dentre outros métodos avançados de diagnóstico.

Portanto, o correto diagnóstico sempre será o resultado da junção destes exames aliados à capacidade de integração e interpretação dos mesmos pelo profissional. A interpretação consiste na capacidade de pensar e elaborar o melhor plano de tratamento para o seu paciente de acordo com as condições que ele apresenta.

Espera-se que os cirurgiões-dentistas tenham habilidades básicas para interpretar qualquer imagem intraoral ou extraoral que possa ser usada na prática odontológica. Essa habilidade exige o domínio de dois componentes identificáveis e inseparáveis de diagnóstico visual, que são chamados de princípios básicos de interpretação radiológica na odontologia.

  • Percepção: capacidade de reconhecer padrões anormais na imagem;
  • Cognição: interpretação desses padrões anormais para chegar a um diagnóstico.

A especialização em radiologia

Após a conclusão da graduação, os cirurgiões-dentistas precisam se submeter a um curso de pós-graduação a nível de especialização em radiologia odontológica. Normalmente, o curso tem duração de 18 meses em média. As áreas de competência para atuação do especialista em radiologia odontológica e imaginologia estão divididas da seguinte forma:

  • Obtenção, interpretação e emissão de laudo das imagens das estruturas buco-maxilo-faciais;
  • Radiografias intra e extraorais, da tomografia computadorizada por feixe cônico (cone beam);
  • Imagens por ressonância magnética e até exames de ultrassonografia;
  • Realizar e analisar radiografias de mão e punho (carpal).

Me especializei, e agora? Onde vou trabalhar?

Essa é uma das principais perguntas que recebo. O especializado poderá atuar em clínicas de diagnóstico, responsáveis pela emissão dos laudos odontológicos, que são os documentos que contém todas as informações diagnósticas referentes ao exame feito pelo paciente. Só quem pode emitir um laudo é o radiologista. Além de trabalhar dentro da clínica, é possível oferecer seus serviços de diagnóstico à distância, a chamada teleodontologia.

A radiologia acompanha o desenvolvimento tecnológico, sendo um aspecto muito positivo da especialidade. Isso permite que o radiologista possa emitir o laudo mesmo não sendo ele quem realizou a imagem, podendo estar a quilômetros de distância.

Isso facilitou muito o compartilhamento das informações entre os profissionais na área da saúde. Por isso, o mercado de trabalho na teleodontologia está crescendo cada vez mais e exige que os radiologistas sejam cada vez mais experientes e capazes de trabalhar com eficiência e rapidez.

O radiologista também pode ser o dono da sua própria clínica, embora resulte em um investimento alto, é um negócio muito rentável. O volume de pacientes atendidos em um serviço radiológico odontológico é bem alto, visto que a odontologia necessita dos exames imaginológicos. Precisamos compreender que as aparências radiográficas são regidas por mudanças anatômicas e fisiológicas na presença de processos de doença. O diagnóstico radiológico é fundamentado justamente no conhecimento dessas alterações, sendo pré-requisito o conhecimento dos mecanismos da doença

A radiologia não é achismo…

…e sim interpretação! Envolve não um simples “achar”, mas ter certeza do que a imagem está “dizendo”. É baseada na ciência, na capacidade de cognição e interpretação, treino e experiência do radiologista que está avaliando a imagem. Aqueles “minutinhos” que o radiologista leva para avaliar uma imagem e dar um diagnóstico provável, é resultado de anos de estudo e dedicação. O que confere a rapidez ao profissional é a sua experiência e capacidade de formulação das hipóteses diagnósticas.

A radiologia é instigante, uma vez que cada indivíduo é um ser único e complexo e sofre influência de fatores internos e externos. Cabe à radiologia mostrar aquilo que não se pode ver a olho nu. É preciso conhecer todas as especialidades da odontologia para formular as hipóteses diagnósticas possíveis por meio da imagem. Embora o radiologista não “coloque a mão” na boca do paciente, ele auxilia no diagnóstico (uma vez que necessitamos da avaliação clínica também) e no direcionamento do tratamento. Um diagnóstico errado pode comprometer todo o tratamento.

Vale a pena ser radiologista, sim! Desde que você seja um profissional estudado, treinado e que acredite no seu potencial e na sua especialidade. E o mais importante: que você ame o que você faz. Não dá pra ter sucesso em algo que você não se identifique.

Referências bibliográficas:
WHITE & PHAROAH. Radiologia Oral. Princípios e Interpretação. 7ª ed.
WATANABE & ARITA. Imaginologia e Radiologia Odontológica.
ELSEVIER.

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