Sinusite de origem endodôntica: caso clínico

Um quadro inflamatório infeccioso de origem endodôntica pode acometer os tecidos e mucosa do seio maxilar adjacentes aos ápices radiculares causando uma sinusite de origem odontológica, mas especificamente de origem endodôntica.

O conjunto de sinais e sintomas que definem o quadro de origem endodôntica é denominada síndrome endo-antral e é caracterizado por infecção endodôntica em um dente próximo ao seio maxilar, imagem radiolúcidas periapical relacionada ao dente afetado, perda de lamina dura em volta do ápice correspondente a borda inferior radiográfica do seio maxilar, imagem radiopaca no seio maxilar sobre o ápice do dente envolvido e variação de graus de radiopacidade na imagem do seio maxilar envolvido pela inflamação, comparado ao seio maxilar do lado oposto.

Paciente, sexo feminino, 40 anos de idade, relata pós- COVID, que teve sintomas de ausência de paladar e cheiro, também fortes dores em face direita em DTM e na região dos dentes 17 e 16. Foi feito uma radiografia inicial (figura 1) e foi solicitada uma tomografia cone beam de alta resolução com o tomógrafo Prexion (figura 2 e 3) e nela foi observada que os dentes 16 e 17 possuíam obturações insatisfatórias e  continham comunicação de suas raízes com o seio maxilar, o que poderia ser a causa da sinusite (resultando em uma sinusite odontológica), pois ao redor de seus ápices podemos observar espessamento da mucosa do seio maxilar com lesão endodôntica associada.

Os dentes 16 e 17 foram acessados com  brocas esféricas 1016, de haste longa, em alta rotação acopladas a motor elétrico. Na abertura dos dentes se notou odor desagradável de ambos os dentes (figura 4). Para remoção da guta-percha foram usados  insertos de ultrassom E5 e Flatsonic (Helse ultrassonic, Brasil) acoplados no aparelho de ultrassom piezoelétrico não cirúrgico (figura 5) e o sistema de limas Reciproc Blue (VDW Alemanha) (figura 6) no modo Reciproc All do motor VDW Silver.  Durante a remoção do material obturador, foi usado hipoclorito de sódio 2,5% e para potencializar a limpeza Easy Clean (figura 7 e 8). Foram feitas 3 sessões de curativo com Ultracal XS (Ultradent – South Jourdan- USA) até a remissão dos sintomas (14 dias/30 dias/30 dias) (figura 9). O canal MV2 do dente 16 não foi localizado com microscópio (Opmi Pico Zeiss) por estar extremamente calcificado, desta forma, foi retratado somente o MV1 (figura 10). Os dentes foram obturados com o cimento BioRoot RCS (Septodont) e cones de guta percha (figura 11).

Após a nova obturação dos dentes foi feita uma nova tomografia e nela após 3 meses do início do retratamento observa-se relativa melhora, porém ainda prematuro tecer este tipo de consideração, pois para este caso, necessita-se maior tempo de acompanhamento (figura 12 e 13).

Concluímos que desde que bem diagnosticadas é possível que os tratamentos endodônticos de forma adequada curem uma sinusite de origem odontológica (odontogênica – infecção endodôntica). O uso da CBCT passa a ser um potencial ferramenta para o diagnóstico deste tipo de condição.

Confira uma aula da Dra. Amanda Lavor sobre a endodontia minimamente invasiva:

Sobre a autora:

Milena Perraro | @milenaperraro

  • Doutoranda em endodontia USP Bauru;
  • Mestre e Especialista em endodontia;
  • Especialista em Implantodontia e Saúde Coletiva e da Família;
  • Professora de pós graduação Instituto Cemo (Balneário Camboriú – SC).

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