Tratamento endodôntico na odontopediatria

  Nós, profissionais, frequentemente escutamos a famosa pergunta: “existe tratamento de canal em dente de leite?”. A resposta é “SIM!”. As técnicas na odontopediatria são diversas e vão de acordo com a escolhida por cada faculdade. A preocupação e cuidado em dentes decíduos não deve ser somente na prevenção para manter a saúde dos dentes hígidos. Da mesma forma, deve-se atentar no desenvolvimento da dentição permanente.

  No caso das lesões cariosas ou traumáticas, perfil típico de pacientes de alto risco de cárie, é muito importante a avaliação minuciosa. Dessa forma, a escolha correta de intervenção será mais efetiva. O cuidado é ainda maior quando o acometimento é em dentina com grande proximidade pulpar. É preciso avaliar a extensão das estruturas dentárias afetadas, pois determinará o caminho do tratamento.

  Apesar das técnicas modernas de tratamentos endodônticos em dentes permanentes, elas não são efetivas em dentes decíduos. Há peculiaridades anatômicas desses dentes e falta de conhecimento profissional com o domínio das técnicas. Vale salientar que, um dos fatores de sucesso para o procedimento eleito é a organização da bancada para que nenhum item falte e agilize o atendimento para redução da ansiedade da criança.

Diagnóstico para o tratamento correto

  A aplicação de uma anamnese completa é ferramenta imprescindível. A idade do paciente, condições sistêmicas, medicamentos e sintomatologia, devem ser levados em conta. É importante observar o grau de saúde pulpar (inflamação ou necrose da polpa, por exemplo) e possuir noções de cronologia da dentição. Além disso, realizar o capeamento pulpar, pulpotomia (remoção somente da polpa coronária), pulpectomia (exérese total da polpa, da coroa até a porção radicular). Até mesmo a exodontia do elemento dentário quando indicado.

  No exame radiográfico periapical, notar qual é o grau de proximidade do tecido cariado com a polpa. Nesse etapa, é importante verificar se há presença de rarefação óssea em região da furca e reabsorção radicular. Além disso, avaliar se a cripta do germe do dente permanente está inteiro ou rompido, e qual é o estágio e como está a formação do germe. Por isso, a qualidade do exame radiográfico se faz necessária. As estratégias de manejo comportamentais são de grande valia tanto para o sucesso na realização da imagem, quanto no resultado do procedimento endodôntico. Você pode saber mais sobre o assunto no nosso artigo sobre radiografia na odontopediatria.

>>>Leia mais: Radiografias na Odontopediatria: veja quais as indicações

  Testes de vitalidade pulpar em dentes decíduos devem evitados – perante as dificuldades de colaboração da criança. Por isso que a avaliação minuciosa que agregue exames clínicos intra e extra-orais e radiográficos devem se completar para que a intervenção seja a mais conservadora e mais correta em cada caso.

Tratamento endodôntico na odontopediatria

  Para a realização de acesso endodôntico, é importante lembrar que os dentes decíduos apresentam semelhanças em relação aos permanentes. Porém, sendo menores, as camadas de esmalte e dentina também o são, o que propicia maior chance de exposição pulpar. Em condições de acesso pulpar acidental, o tratamento conservador da polpa deve ser realizado com curetagem do dente em condição assintomática, havendo a proteção pulpar direta através do capeamento pulpar com hidróxido de cálcio PA, e com o acompanhamento radiográfico. Para dentes decíduos sem alterações radiculares, com presença de polpa vital, sem infecção, presença de integridade da cripta do germe do permanente, a pulpomia é a técnica eleita.

  A pulpectomia consiste no esvaziamento coronário e radicular, e é indicada em casos de pulpite irreversível ou necrose pulpar. Deve ser realizada quando há comprimento radicular suficiente para a instrumentação da mesma, lesão de furca ou periapical, fístula ou abcesso, ou necessidade de manter o decíduo por mais tempo. A efetividade do uso de instrumentos rotatórios e localizadores apicais está sendo estudada. Esses equipamentos agilizam o tratamento e auxiliam no sucesso do resultado. Até porque, o paciente odontopediátrico possui dificuldades comportamentais. O profissional deve estar atualizado às inovações de técnicas baseadas em evidências científicas para obter melhores resultados.

Pontos a serem considerados

  O tratamento eleito deve conter bases científicas para a aplicabilidade. As técnicas endodônticas em dentes decíduos falham pela resistência orgânica do paciente (comportamental), fatores inerentes ao profissional e a materiais eleitos, erros de diagnóstico e erros técnicos. Mas, nunca se esqueça que o conhecimento e domínio de técnica trarão resultados muito mais satisfatórios em seus atendimentos tanto de urgência quanto de rotina na clínica de odontopediatria.

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