Comumente em nossas clínicas, podemos observar câmaras pulpares e canais calcificados. E quais são as razões para acontecer este tipo de quadro clínico? Quais são os desafios para fazer estas endodontias e quais as possibilidades de tratamento? Como você deve proceder? Iremos mostrar para você o passo a passo da técnica endoguide.
Por causa da deposição de dentina secundária (ou fisiológica) ou terciária (reacional ou reparativa), as câmaras pulpares e os canais radiculares podem ter acesso dificultado. Geralmente o padrão de calcificação começa na região cervical por isso é muito comum encontramos câmaras pulpares e embocaduras dos canais extremamente calcificadas e luz do canal mais para terço médio e apical com lesões radiolúcidas periapicais.
Quando iremos realizar o tratamento destes canais calcificados?
Em canais calcificados, se não tivermos sinais e sintomas clínicos que justifiquem a endodontia, muitas vezes o tratamento é simplesmente o acompanhamento do dente sem a necessidade de se fazer a endodontia.
Como existe uma resposta geralmente negativa do dente com os testes térmicos de sensibilidade pulpar, justamente por causa da deposição de dentina, não devemos tomar este dado como o único quando for para tomarmos a decisão de tratar endodonticamente os canais.
Por outro lado, em caso de dor (latejamento ou sensibilidade a percussão) e fístula, devemos sim fazer o tratamento endodôntico. Outra condição que necessita da endodontia dos dentes com canais calcificados é quando houve uma fratura da coroa e necessita-se um tratamento protético reabilitador.
Quando estamos certificados que o tratamento do canal calcificado deve ser feito, devemos ter muita calma e paciência, pois o acesso endodôntico neste tipo de canal, de forma inadvertida pode produzir erros e acidentes que poderão causar grande perda da estrutura dental ou perfurações em locais indesejados. De fato, como uma coroa calcificada pode gerar múltiplas direções diferentes de uma broca de alta rotação para atingir o canal radicular, a expertise do endodontista, aliada a equipamentos como o microscópio operatório e ultrassom se fazem extremamente necessários.
Muitas vezes mesmo com a microscopia operatória, podemos fazer um desgaste grande da estrutura dentária, desta forma, podemos lançar mão do aparato chamado endoguide quando queremos fazer um acesso mais certeiro sem desvios excessivos.
Os preconizadores da técnica, chegam a abordar que mesmo um clínico geral pode fazer uso desta técnica sem microscopia operatória, porém sabemos que em alguns casos mais complexos, sim, pode ser necessária a expertise de um endodontista com um microscópio operatório com boa iluminação.
Passo-a-passo do endoguide.
- Radiografia periapical inicial
- Exames clínicos detalhados para o diagnóstico e tratamento adequados
- Solicitação de uma tomografia computadorizada da arcada em que será feito o endoguide (figura 1).
- Escaneamentos da arcada dentária que precisará do guia.
- Encaminhamento destes exames a clínica de radiologia que planejará e confeccionará o guia (figura 2).
- Aprovação de planejamento da guia (protótipo) e sua confecção (figura 3).
- Prova do endoguide em boca, avaliando a adaptação distal sobre a oclusal dos dentes e também nas janelas que encontramos no guia (figura 4).
- No dia do procedimento, após a anestesia, encaixar a guia de forma precisa, sem a fixação da guia e fazer uma marcação com lapiseira no orifício que corresponderá a direção do canal calcificado a ser tratado. Este orifício não possui uma anilha metálica (figura 5)
- Remover a guia e nesta marcação da lapiseira, utilizar uma broca diamantada esférica compatível para fazer um desgaste da porção de esmalte pois a fresa utilizada para fazer o acesso no interior do dente não desgasta esmalte. A fresa usada no interior do canal e usada para a perfuração para a fixação da guia na arcada necessária é a mesma até o momento presente (figura 6).
- Fixar o endoguide na arcada que necessita de tratamento com os fixadores. Estas anilhas usadas para a colocação da fresa e fixadores são metálicas. Para fazer está fixação é necessário o uso da fresa em osso. Você pode usar um motor endodôntico na máxima rotação e torque irrigando durante o procedimento ou um motor de implante que já tem a irrigação acoplada e facilita esta perfuração. A vantagem do motor de implante é que você consegue fazer a perfuração em osso com maior torque, o que possibilita que em caso de perfuração em mandíbula, com osso mais compacto, tenhamos um procedimento mais tranquilo (figura 7, 8 e 9).
- Após a correta fixação da guia, o uso da fresa dentro do canal pode ser iniciada. Para o uso dentro do canal, tanto o motor endodôntico como o motor de implante podem ser usados. Importante entrar com a fresa sem estar acionada e só depois que ela estiver dentro do orifício, acionar. Fazendo este procedimento de forma correta, não desgastamos a guia acidentalmente (por ela ser de resina) e o procedimento tem menor chance de erro. Sabemos que em endodontia, cada milímetro de erro pode ser fatal (figura 10).
- O laboratório que confecciona a guia, já planeja ela, para que possamos usar a fresa até o total comprimento dela. Todo este planejamento do endoguide é feito pela clínica de radiologia que oferece este serviço. Nem todas as clínicas oferecem, sendo muito importante se certificar desta informação antes.
- Depois de usar a fresa até o comprimento dela, importante remover a guia, fazer o isolamento absoluto no paciente e continuar com o procedimento endodôntico.
Quando um endoguide pode dar errado?
O procedimento de endoguide pode dar errado por erros na execução da tomografia ou escaneamentos das arcadas, fazendo com que as imagens não consigam ser unidas de forma correta em um software de planejamento.
Indicações do endoguide
- canais calcificados retos.
- Remoção de retentores de fibra de vidro.
- Cirurgias paraendodônticas selecionadas.
Limitações da técnica
- canais com curvaturas
- Tamanhos das fresas usadas no Brasil são de 1.3mm.
- Motor com rotação e torques adequados.
- Experiência do operador
Ainda no Brasil a fresa usada para a localização dos canais calcificados é um pouco grande. Mais estudos com relação ao tamanho das fresas deverão ser feitos. A técnica é segura, porém muitas vezes conta com a expertise do cirurgião dentista endodontista com microscópio operário para executá-la de forma adequada.
Existe uma outra forma de navegação dinâmica guiada usada na implantodontia e para a localização dos canais calcificados com aparelhos usados especificamente para este fim. Muitos endodontistas norte americanos já fazem a utilizam desta técnica, mas existe uma limitação que é o preço. Estes dispositivos podem custar até 40 mil dólares.
A ciência em conjunto com a indústria sempre está em busca de melhores alternativas de tratamento. Nós cirurgiões dentistas é que somos os beneficiados com tudo isso e podemos oferecer melhores e mais seguros tratamentos aos nossos pacientes.
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Tem sido um “Divisor de águas” no meu KOW NOW odontológico !!!!
Parabèns, e gratidão pela vanguarda de sempre, em prol da categoria e classe odontológica, pois é a combinação perfeita das aulas com os produtos de qualidade da Dental Cremer, como condição SINE QUA NON os conhecimentos sempre de ponta !!!
TMJ !!!
Muito obrigada pelo apoio, Dr. Dickson!
Estamos juntos, grande abraço. 🙂
Muito bom. É viável o tratamento apesar das dificuldades anatômicas.