Com o advento dos implantes dentários, a Odontologia passou a perceber uma maior necessidade de resolver defeitos ósseos. Também, para aumentar a sobrevida dos parafusos implantados no osso dos pacientes ou para ganhar volume ósseo antes da instalação dos implantes.
Existem vários tipos de enxertos, biomateriais, substitutos ósseos e inúmeras técnicas cirúrgicas que podem ser feitas logo após a extração de um dente. Em um segundo momento cirúrgico ou no mesmo tempo cirúrgico da instalação de implantes dentários. Baseado no diagnóstico preciso, o dentista vai escolher o melhor momento e o material mais adequado para cada caso.
Tipos de enxertos
Enxertos são substituições ou correções ósseas que podem ser feitas de várias maneiras. Nos últimos 50 anos, podemos encontrar vasta literatura sobre enxertos ósseos e seus resultados bastante satisfatórios. Resumidamente, os enxertos podem ser:
– Autógenos: quando o doador e o receptor são a mesma pessoa. Por exemplo: retirada de osso do ramo da mandíbula para aumentar volume de osso na região anterior de maxila do mesmo paciente; para posterior colocação de implantes.
– Alógenos: quando o doador e o receptor são da mesma espécie. Por exemplo: uso de banco de ossos humanos.
– Xenógenos: quando o doador e receptor são de espécies diferentes. Por exemplo: osso bovino como os substitutos ósseos.
Biomateriais e suas indicações
Neste artigo, vamos nos concentrar nos biomateriais e suas indicações para regeneração óssea guiada, também conhecida pela sigla R.O.G..
Sempre que um dentista prevenido for realizar um implante dentário, por mais “redondo” que o caso esteja, ele precisa separar uma caixinha de biomaterial e uma membrana de colágeno. Sempre. Muitas vezes, precisamos realizar pequenas correções, cobrir espiras do parafuso do implante que ficaram para fora do osso ou ainda preencher defeitos ósseos.
Uma tomografia é mais do que essencial nesses casos. Eu mesmo não realizo mais nenhuma cirurgia de implantes dentários sem antes pedir uma tomografia. Com ela em mãos, é possível planejar nos mínimos detalhes. Verificar a ausência de paredes ósseas, estudar a viabilidade e já pensar lá na frente no que pode acontecer no momento em que formos abrir a gengiva e enxergar o osso daquela região.
Hoje, o dentista é contemplado com uma gama enorme de marcas e tipos de biomateriais. Os mais utilizados são substitutos ósseos, isto é, estruturas derivadas de osso bovino ou equino que vão estimular a formação óssea. São arcabouços acelulares biocompatíveis com o osso humano, que imitam uma estrutura óssea inicial, como se fossem andaimes de construção, estimulando a formação óssea. Alguns de reabsorção lenta, outros de reabsorção mais rápida. O osso se forma ali e o biomaterial de boa qualidade deve sumir por completo no momento da reabertura.
Esse biomaterial não funciona bem se ficar em contato direto com o tecido mole da gengiva. Por isso, também utilizamos uma membrana de colágeno reabsorvível que vai servir de barreira entre o tecido mole e o tecido duro. Essa membrana vai impedir a entrada das células que chegam primeiro, permitindo que as células de reparação óssea – que são mais lentas –, cheguem na região. Este tipo de ação promove formação óssea ao redor do implante ou em um alvéolo pós-exodontia.
Técnicas utilizando ou não biomateriais
Para técnicas de Levantamento de Seio Maxilar também utilizamos biomateriais. Em regiões do dente primeiro molar superior é muito comum esbarrarmos em situações onde temos pouco osso por causa do seio maxilar. Nesses casos, o enxerto é colocado no assoalho do seio e coberto por uma membrana de colágeno.
A regeneração óssea guiada também pode ser feita após uma extração dental para manutenção de altura e espessura óssea. Neste caso, o dentista pode escolher por extrair o dente da maneira menos traumática possível, sendo:
– Preencher o alvéolo com biomaterial e utilizar uma membrana não reabsorvível de PTFE (Politetrafluoretileno) ou de filme de poliproprileno, que fica exposta ao meio bucal, mantendo a espessura da região. Essa membrana pode ser removida após 7, 14 ou 21 dias dependendo da indicação.
– Curetagem para estímulo de sangramento, formação e coágulo e inserção de membrana não reabsorvível. Como descrito acima, sem usar o biomaterial.
Existem outras opções e técnicas, porém as descritas acima são as mais utilizadas. O importante é perceber que mudamos nosso jeito de ver as exodontias. É preciso vislumbrar o que pode acontecer lá na frente, conservando o osso da melhor forma para uma possível reabilitação com implantes dentários. Os enxertos com biomateriais vieram para ficar.
Abraço!
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