A Odontometria é a uma etapa operatória muito importante realizada durante o tratamento endodôntico, com o objetivo de determinar o comprimento real dos canais. Essa medição pode ser feita com o uso de Localizadores Eletrônicos Foraminais.
O procedimento da Odontometria determina com precisão, qual a distância no interior do canal que os instrumentos podem penetrar e trabalhar. Além disso, estabelecendo um correto comprimento de trabalho, pode-se usar as medicações intracanais, agulhas de irrigação, instrumentos para potencialização da substância irrigadora e obturação no comprimento correto e adequado, sem causar injurias aos tecidos periapicais.
Existem diversas filosofias de instrumentação dos canais radiculares, mas todas têm um quesito comum, conhecer o comprimento real do canal. Portanto, para que se estabeleça um comprimento de trabalho adequado, devemos ter um ponto de referência coronário predeterminado e que seja fixo e estável de modo que não ocorra fratura entre as consultas e um ponto de referência apical (constrição apical – limite CDC).
Esse ponto de referência coronário pode ser determinado livremente pelo dentista e deve ser registrado no prontuário do paciente.
O Limite cemento-dentina-canal ou Limite CDC
É a região de transição onde o canal dentinário e o canal cementário se unem (figura 1). Teoricamente é o local de maior constrição do canal radicular, onde a polpa termina e o periodonto começa. O limite apical de instrumentação ideal, por muitos autores é dito que deve ser na junção cemento-dentinária ou no Limite cemento dentina canal (limite CDC).
Porém, dado a grande variabilidade na sua localização exata e a dificuldade de detectar o limite CDC clinicamente, também chamado como o diâmetro menor ou constrição apical, é impossível sua determinação exata.
A localização da posição foraminal adequada sempre tem sido um desafio na clínica endodôntica. Outros autores preconizam que o limite da instrumentação coincida com o final do canal cementário onde se localiza o maior diâmetro apical = forame apical.
Odontometria Radiográfica
A radiografia tem sido o método mais utilizado para se determinar a Odontometria; no entanto, pelo fato dela ser uma imagem bidimensional de um objeto tridimensional, pode haver distorções e erros de interpretações.
O ápice radiográfico geralmente não coincide com o ápice anatômico. Por isso, o método radiográfico não pode ser a única ferramenta utilizada quando precisamos medir um canal radicular.
Aparelhos para Odontometria
O desenvolvimento de localizadores foraminais eletrônicos tem tornado a determinação do comprimento de trabalho mais precisa e previsível. Quando associados as radiografias adequadas, permitem uma maior precisão nessa determinação.
Com base nos princípios de funcionamento, os localizadores são classificados em quatro gerações que evoluíram até se atingir índices confiáveis atualmente. Conheça quais são:
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Princípio de funcionamento
Os localizadores apicais contemporâneos, ou de quarta geração, determinam a resistência da corrente alternada entre a ponta do instrumento e o líquido circundante. Essa resistência (impedância de eletrodos) é a mais alta na constrição apical e a mais baixa no forame apical, uma vez que após a passagem pela constrição perde-se o isolamento da ponta do instrumento pela parede do canal (dentina) e a corrente pode se espalhar bruscamente, em todas as direções, para apical.
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Tipos de aparelhos
Na atualidade, o comércio disponibiliza diversos modelos de localizadores foraminais. praticamente todos eles da terceira e quarta geração, de fácil utilização, tamanho reduzido, leves, com bateria recarregável, ergométricos e dial (painel) de fácil visualização e interpretação (figura 2).
Também são disponibilizados os mini-localizadores foraminais (figura 3) com tamanhos bastante reduzidos e ainda os localizadores acoplados aos motores endodônticos (figura 4).
Nestes motores endodônticos com localizadores apicais eletrônicos acoplados, pode ser feita a instrumentação e no mesmo display pode ser feita a Odontometria. Se constituem em uma ferramenta interessante para o clínico que quer diminuir o número de periféricos, já que contém várias funcionalidades no mesmo equipamento.
10 indicações para o uso dos aparelhos
- Dentes com grande destruição que ofereçam dificuldades em se marcar um ponto de referência coronário no RX inicial.
- Retratamento endodôntico após a remoção da guta-percha.
- Paciente com náuseas e/ou dificuldades de abertura bucal.
- Gestantes ou pacientes com aversão a radiação ionizante.
- Pacientes com inabilidade manual – pediátricos, deficientes físicos e mentais.
- Perfuração dental: O localizador eletrônico conectado ao instrumento de calibre compatível ao diâmetro da perfuração, indicará imediatamente uma posição como estando além do forame apical, no caso de uma perfuração verdadeira.
- Canais curvos.
- Dentes decíduos.
- Sobreposição de estruturas anatômicas sobre o ápice radicular do dente a ser tratado.
- Quando houver sobreposição de implantes sobre ápices dentais.
7 Vantagens dos Localizadores Foraminais Eletrônicos
- Precisão da localização quando a posição do forame apical não coincide com o ápice radiográfico.
- Indica com precisão o limite CDC, quando corretamente operado (porém este limite CDC pode ser as vezes difícil de se detectar).
- Menor tempo para obtenção do Comprimento Real do Dente.
- Não sofre interferências de estruturas anatômicas adjacentes ao dente.
- Fácil manipulação dos aparelhos.
- Não apresenta riscos à saúde, diminuindo a quantidade de radiação aos pacientes.
- Odontometria dinâmica (pode ser feita durante a instrumentação dos canais com o localizador acoplado a lima.
Conheça quais são as contra- indicações dos aparelhos para Odontometria
Entre as contraindicações ou limitações dos localizadores foraminais destacam-se:
- Dentes com rizogênese incompleta.
- Reabsorção apical avançada.
- Sobreinstrumentação.
- Dentes com coroas metálicas ou restaurações metálicas amplas
- Dentes com extensa destruição coronária e bordas subgengivais
- Persistência de exsudato fluindo do canal (câmara pulpar cheia).
- Raízes fraturadas, trincadas ou perfuradas, bem como a presença de canais laterais largos.
- Ausência de patência apical.
- Portadores de marcapasso.
- Canais calcificados.
Passo-a-passo para a utilização de Localizadores Foraminais Eletrônicos
- Ter uma boa radiografia inicial feita pela técnica do paralelismo.
- Fazer o isolamento absoluto do dente que necessita do tratamento endodôntico.
- Realizar o acesso e preparo dos terços cervical e médio dos canais, o que propiciará medições mais precisas.
- Eliminar qualquer interferência metálica ou contato com saliva
- Certificar-se que os cabos estão corretamente conectados e que as baterias ou pilhas estejam com carga de 100%.
- Além disso, os eletrodos (porta lima e alça labial) devem estar livres de oxidações, que podem ocorrer provenientes do contato com a solução irrigadora.
- Ligar o aparelho e teste do circuito encostando a alça labial na presilha porta lima.
- Posicionar a alça labial (estéril) próximo a comissura labial do paciente.
- Irrigar e aspirar, tomando o cuidado de manter os canais úmidos e a câmara pulpar seca.
- Na biopulpectomia deve-se realizar a remoção parcial da polpa, anteriormente à medição. Esta remoção deve limitar-se aproximadamente a 5 mm aquém do comprimento aparente do dente, estabelecido na radiografia pré-operatória, caso ocorra hemorragia, a mesma não deve exceder o limite da entrada dos canais. Na necropulpectomia a câmara pulpar deve estar livre da solução irrigadora, limitando-se a embocadura dos canais. Após a fase inicial da instrumentação progressiva, limitada apicalmente a 5mm aquém do ápice radiográfico, deve-se inserir lentamente, sem excessiva pressão apical, um instrumento de calibre compatível ao diâmetro anatômico.
- Prender um instrumento de diâmetro compatível com o diâmetro anatômico (o instrumento deve ser de 3 a 5 mm maior que o comprimento aparente do dente na radiografia, devido a necessidade de um espaço livre para a colocação da presilha no intermediário e do cursor de borracha. Selecionar um instrumento que esteja levemente ajustado ao canal; instrumento muito folgado ou preso ao canal pode ocasionar erro de leitura.
- Penetrar a lima lentamente em direção apical com movimentos oscilatórios até a marcação de “Ápice” (Forame) no aparelho. Quando vamos inserindo ocorre um alarme sonoro intermitente e quando a lima alcança o tecido periodontal apical, o circuito elétrico se fecha e indica o término do canal radicular, tendo um alarme sonoro contínuo. Alcançado o nível desejado, o instrumento deve ser deixado em repouso por alguns segundos para estabilizar a medição.
- Ajustar o “stop” de borracha na referência oclusal e com o cursor posicionado perpendicularmente ao instrumento. Tomar o cuidado de não o colocar inclinado na lima.
- Remover a lima do canal.
- Aferir a medição com o auxílio de uma régua milimetrada.
- Trabalhar com os instrumentos de modelagem de acordo com sua filosofia de aprendizado.
- Se o equipamento deixar se ser utilizado por longo tempo, a bateria deve ser removida do mesmo.
- O eletrodo da comissura labial e, principalmente, o do instrumento, deve ser observado para verificar se ocorreu oxidação dos mesmos pelo contato com as soluções irrigadoras. Caso isso ocorra, é conveniente proceder a uma pequena raspagem para remover essa oxidação.
- Cuidado ao guardar o cabo do equipamento para não danificar ou romper os fios.
- Evitar substâncias abrasivas na limpeza do dial do aparelho.
Erros nos cálculos do comprimento de trabalho podem provocar uma sub- instrumentação, sobre-instrumentação, sobre-obturação, sub- obturação ou sobre-extensão.
A medida odontométrica não se mantém constante no decurso do tratamento sendo o comprimento real de trabalho uma medida dinâmica que vai sofrendo alterações durante a instrumentação, desta forma, sempre fazer uma medida final antes de realizar a obturação é necessária.
Nenhuma técnica para determinação do comprimento do dente é infalível, mas os métodos eletrônicos têm apresentado grande índice de sucesso na localização do forame apical e constrição apical.
Referências Bibliográficas
Camargo, Maurício. Endodontia clínica: à luz da microscopia operatória: visão, precisao e previsibilidade. Nova Odessa, SP: Napoleao Editora, 2016.
Torabinejad, Mamoud; Walton, Richard. Endodontia e práticas. 4ª edição.Rio de Janeiro: Elsevier, 2010.
Baumann, M; Beer Rudolf. Endodontia. Porto Alegre: Artmed, 2010.
Ramos, Carlos Alberto Spironelli; Bramante, Clóvis Monteiro. Endodontia: fundamento biológicos e clínicos. Editora Santos, 2001.
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