Como reduzir as bolhas no modelo de gesso?

Durante as etapas de confecção de próteses, temos vários desafios que devem ser superados, entre eles são as bolhas no gesso, elas costumam surgir nos diversos materiais que trabalhamos, por exemplo, bolhas nas resinas, nas cerâmicas estratificadas, nos revestimentos de inclusão, nos troqueis refratários, nos silicones, nos alginatos, nas fundições de metais e injeções de dissilicato etc.

O objetivo desse material é trazer luz e contribuir com o surgimento de bolhas ao verter o gesso dos modelos.

Ponto negativo sobre uma simples bolha

Além de prejudicar a estética do modelo, baixar a credibilidade do profissional e do laboratório, a bolha pode trazer problemas reais de desadaptação de uma peça em boca.

Por que as bolhas surgem com tanta facilidade em modelos de trabalho?

Todo material possui dificuldade em reproduzir ângulo vivo e, um molde é cheio deles.

Nem sempre quem está vazando, está realmente bem treinado, é necessário compreender o conceito do vazamento e interpretar o comportamento do gesso com relação ao molde.

Alguns materiais de moldagem oferecem maior risco de bolhas no gesso?

Os silicones tendem a ser hidrofóbicos, portanto, em razão de manipularmos o gesso com água, o desafio se torna maior.

Os tipos de bolhas que podem aparecer no seu molde 

Macro bolhas

Aquelas grandes que podem ficar em qualquer parte do modelo, normalmente surgem quando com uma espátula grande se deposita sobre o molde, uma quantidade de gesso maior sem os devidos cuidados.

Bolhas médias

As mais comuns, bolhas de vários tamanhos, que não são tão grandes como aquelas macro, nem tão minúsculas quanto as micro, normalmente as bolhas médias são questão de técnica de vazamento. Para evitá-las é necessária uma série de cuidados, mas um dos principais é dosar a quantidade e velocidade de escoamento do gesso sobre o molde

Micro bolhas

São realmente pequenas, normalmente já estão no interior da massa, muitas vezes surgem na manipulação do gesso e quando existem, são difíceis de serem controladas.

Porosidades

Aparecem na superfície do modelo ou por alguma reação inerente ao material de moldagem, ou por excesso de água ou algum descuido, como resíduo de qualquer material na superfície do molde, exemplos: detergente, material desinfectante, redutor de tensão superficial, ou até mesmo grandes gotas de água.

Bolhas e porosidades são os únicos problemas que podem surgir em um modelo de gesso?

Não mesmo! Entre os vários outros problemas que devemos evitar nos modelos de gesso são:

  • Expansão;
  • Trincas;
  • Fraturas;
  • Mobilidade dos troquéis;
  • Desgaste por abrasão;
  • Desgaste por erosão;
  • Dissolução etc.

Ou seja, evitar bolhas e porosidades é importante, mas para haver precisão, previsibilidade e assertividade, devemos controlar todas as possíveis falhas existentes no processo de execução dos casos.

20 Dicas para minimizar as Bolhas nos Modelos de Trabalho:

Leia com calma e atentamente cada dica, e relacione com a experiência do seu dia a dia!

  1. Escolha cuidadosamente o gesso a ser utilizado!

Utilize um material que lhe ofereça características positivas, como bom escoamento, boa capacidade de reprodução de detalhes, e especialmente um bom tempo de trabalho.

>>>Leia também: Conheça as diferentes utilizações dos gessos para seu laboratório

  1. Não despreze as recomendações do fabricante, leia na embalagem e obedeça às indicações de proporção água/pó, use água destilada.

O mais interessado em que tenhamos bons resultados com o material é o próprio fabricante.

  1. Prepare o gesso na sequência correta

Primeiro a água e por último o pó sobre a água. Isso fará com que você inicie a mistura com menos ar na massa pois o pó vai para o fundo, o gesso se dissolve mais facilmente e absorve a água e o ar existente entre as partículas não afunda junto.

  1. Aguarde alguns segundos para dar o tempo de incorporação da água no pó de gesso

Isso fará com que seja necessário um menor esforço para hidratar a massa, quanto mais você manipula o gesso com espátula, mais incorpora ar na mistura.

  1. Utilize um bom Espatulador a vácuo.

Nem tem como comparar espatulação manual com uma espatulação mecânica a vácuo, um equipamento em bom funcionamento é fundamental.

  1. Respeite o tempo de espatulação de cada material para obter as melhores características.

Quando você espátula durante um tempo maior ou menor, pode não atingir a consistência ideal da massa, nem a resistência adequada do gesso além de alterar a expansão e o tempo de trabalho e presa.

  1. Observe a potência do vácuo no equipamento

Se o equipamento que você utiliza permite controlar a força do vácuo, não deixe em 100%, reduza entre 70 e 80%, pois um vácuo muito forte, em vez de reduzir pode causar novas bolhas.

  1. Esteja atento à sua postura ao vazar os modelos, ergonomia é muito importante

É necessário olhar bem de perto para observar o gesso escoando e você não terá um bom rendimento se trabalhar muito curvado sobre o molde, o mesmo ocorrerá se o molde estiver em uma altura muito elevada com relação à sua estatura.

  1. A iluminação do campo de trabalho é um dos principais tópicos, garanta uma ótima iluminação sobre o molde a ser vazado.

O ideal é iluminar de perto o interior do molde, pois por ser o negativo da boca é uma região com muita sobra, quanto melhor a iluminação, você terá mais facilidade de enxergar o escoamento do gesso e é importante observar todos os momentos que o gesso entra em contato com a superfície do molde, em cada milímetro.

  1. Faça um bom confinamento no molde para vazar com tranquilidade.

Terá um foco maior na região onde o gesso está entrando em contato com o silicone pela primeira vez, e poderá alterar em várias inclinações o molde para usar a gravidade a seu favor, sem se preocupar com o gesso que estaria escoando para fora do molde.

  1. Tenha foco / concentração total no momento de vazar.

Esse não é o momento de conversar ou ter qualquer outra distração, guarde o celular e não permita que te interrompam, dê 100% de atenção à tarefa.

  1. Utilize instrumentais adequados e uma boa mesa vibratória.

Escolha os instrumentais que você melhor se adaptar, eu sugiro uma espátula 31 ou similar e um instrumental gotejador com a ponta bem arredondada, não pode estar afiado, para não danificar o silicone. A espátula 31 servirá para adicionar as porções de gesso e o gotejador servirá para conduzir e controlar o escoamento do gesso, também para garantir que não haja bolhas nas regiões críticas, de ângulos vivos.

  1. Desenvolva a sua habilidade

Se você ainda não tem a habilidade desenvolvida, para dominar o gesso, respeite o teu limite, vaze com calma para que possa dar atenção a todos os detalhes. Não vaze muitos modelos ao mesmo tempo.

  1. Seja estratégico

Escolher um ponto estratégico para começar a vazar e abastecer novas quantidades de gesso sempre no mesmo lugar.

  1. Observe o material escoando

O material deve escoar como se fosse um riacho, reproduzindo cada reentrância dente a dente, expulsando o ar, você deve vazar de maneira tal que em cada pequena depressão, haja espaço para ar sair enquanto o gesso preenche a cavidade

  1. Não tenha pressa para realizar seu trabalho

Cuidado ao movimentar o instrumental excessivamente no interior da massa, ou com muita velocidade, pois pode gerar espaços de ar na mistura.

Ao conduzir o gesso com o instrumental, faça movimentos em velocidade compatível com a velocidade que o gesso está sendo capaz de escoar com a vibração, caso contrário a espátula deixará um rastro com ar.

  1. Vibre apenas o suficiente e somente quando necessário.

Retire o molde da vibração durante o tempo que você estiver pegando nova porção de gesso na cuba, caso contrário quando você não estiver prestando atenção, o gesso poderá escoar para uma nova região e você não terá o controle para garantir ausência de bolhas.

  1. Ao depositar uma porção de gesso, dispense sempre com a espátula na vertical

Assim o gesso deverá cair e escoar evitando cair um bloco volumoso de gesso sobre o molde. Quando cai um bloco de gesso todo de uma vez, aprisiona ar em algumas regiões.

  1. Antes de adicionar nova quantidade de gesso, regularize a superfície do gesso que já está no molde

Sempre que o gesso cai em cima de uma superfície muito irregular, há uma maior chance de gerar espaços vazios nas áreas mais profundas.

  1. Cuidado com a quantidade de gesso

Ao perceber que caiu gesso em uma quantidade de exagerada em um elemento, não confie! Remova o material até garantir que não ficou bolha. Normalmente você vai encontrar uma bolha ali dentro.

  1. Dica bônus!

Exercite observar o comportamento do gesso durante o vazamento e depois analise o resultado após a remoção do molde, então relacione um ao outro, se encontrar uma bolha no modelo, tente lembrar o modo que o gesso escoou naquele dente durante o vazamento, assim poderá aprender com as experiências de cada dia.

Essas dicas foram cuidadosamente preparadas para ajudar os colegas que possuem dificuldade e algumas vezes até desespero pelo problema das bolhas e não sabem onde podem estar errando.

Com boa vontade e aplicação desses princípios, foco e treino certamente haverão resultados muito positivos.

Sucesso!!!

Sobre o autor:

Darlos Soares | @darlos_soares

Técnico em Prótese Dentária
Sócio proprietário do Maxzircon Oral Studio em Itapema – SC
Conselheiro Científico da Revista Prosthesis Science
Co-autor do Livro Reconstruindo Sorrisos – Congresso da APDESP 2015
Criador do curso Precisão de Modelos

✍️ Você tem alguma dica para evitar a bolha no gesso? Deixe nos comentários!

Compartilhe com seus colegas de profissão, para eles evitarem as bolhas no gesso também!

Siga nossas redes sociais

Facebook

Instagram

▶️ Youtube

Ouça nosso Podcast

Na Dental Cremer você encontra a solução completa para o seu laboratório!

Comentários

1 comentário

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *