Fusão e Geminação dental: o que são e como avaliar

Este mês vamos abordar um tema bem interessante mas que gera muita dúvida ao analisar uma radiografia: Fusão e Geminação dental. São condições denominadas de anomalias de desenvolvimento dentário e que podem ser classificadas em subtipos de acordo com o que envolvem. Dessa forma, vejamos as classificações das anomalias de desenvolvimento do dente:

Classificação das anomalias de desenvolvimento dental:

  1. Alterações quantitativas (número), exemplo: dentes supranumerários;
  2. Alterações dimensionais (tamanho), exemplo: macrodontia e microdontia;
  3. Alterações estruturais (estrutura), exemplo: hipoplasia de esmalte, amelogênese imperfeita e odontodisplasia;
  4. Alterações irruptivas, que envolvem a irrupção dental, exemplo: irrupção precoce e irrupção retardada;
  5. Alterações de posição (topográficas), exemplo: dentes impactados, transposição e transmigração;
  6. Alterações morfológicas (forma), exemplo: geminação, fusão, concrescência, taurodontia, dente invaginado/dens in dente, cúspides acessórias/dente evaginado, dilaceração radicular, raízes supranumerárias e pérolas de esmalte.

Dessa forma, na classificação de alterações morfológicas, temos variações que envolvem a forma do dente (alguma de suas partes). Entretanto, ocorrem dúvidas quando falamos sobre a fusão e a geminação dental, então eu vou esclarecer pra vocês!

Fusão dental

Na fusão dental, temos dentes que, em algum momento no período da sua formação (odontogênese), tentaram de fusionar. Por consequência disso, acontece a união de dois germes dentários adjacentes. Desse modo, encontram-se aderidos pela dentina, possuindo duas coroas e duas raízes. Um sinônimo para fusão é sinodontia.

Acredita-se que a fusão acontece quando dois germes dentários se formam tão próximos entre si que, conforme se desenvolvem, entram em contato e se fundem antes que ocorra a calcificação. Assim sendo, pode ser total ou parcial dependendo o estágio da odontogênese. Essa condição é mais comum na dentição decídua e na região anterior. Importante observar que, nessa condição as coroas dos dentes fusionados normalmente parecem ser grandes e únicas podendo também ocorrer uma coroa bífida. Observem a Figura 1.

Geminação dental

Já na geminação dental, em algum momento da odontogênese ocorreu a tentativa de um germe dentário em dividir-se, resultando em um dente com coroa bífida, ou seja, apenas uma raiz e um canal radicular em comum. Essa condição é mais recorrente na dentição decídua, porém pode aparecer em ambas as dentições. É uma condição rara e um sinônimo de geminação é duplicação.

Uma de suas características importantes é que o esmalte ou a dentina pode ser hipoplásica ou hipocalcificada. Observem a Figura 2. Interessante salientar que no diagnóstico diferencial da geminação inclui a fusão. Se o dente mal formado for contado como apenas um, indivíduos com geminação então, tem contagem de dentes normal, enquanto na fusão há a falta de um dente na contagem final.

E qual a importância de reconhecer essas alterações?

As radiografias são exames essenciais no diagnóstico destas anomalias de desenvolvimento dental (forma) pois permitem observar melhor a extensão da união e a presença dos condutos radiculares e raízes e orientar o tratamento. Assim, permitem a segurança ao orientar o profissional quanto ao tratamento específico do dente, juntamente com o exame clínico. Trago pra vocês um caso não tão comum de fusão de molares (Figura 3, A e B). Observem atentamente a imagem. Neste caso o diagnóstico diferencial da fusão incluem: geminação e macrodontia.

Veja alguns exemplos na prática

 

E ai, tirou as suas dúvidas sobre Fusão e Geminação dental?

Referências bibliográficas:
WHITE & PHAROAH. Radiologia Oral. Princípios e Interpretação. 7ª ed.
WATANABE & ARITA. Imaginologia e Radiologia Odontológica. ELSEVIER.

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