Uma das primeiras aulas práticas da disciplina de dentística dos cursos de graduação em odontologia é a de realização da técnica de isolamento absoluto. Sendo um dos questionamentos mais frequentes durante a realização desta prática: “Realmente é necessário?”. Bom, suspense no ar! A resposta para essa pergunta você encontrará ao longo deste texto.
A realização da técnica de isolamento absoluto foi praticada pela primeira vez em 1864 nos Estados Unidos da América por Sanford Christie Barnum, com a finalidade de se evitar processos corrosivos ao material pela saliva do paciente, durante um atendimento clínico odontológico. De lá pra cá, o procedimento tornou-se amplamente difundido em todo o mundo.
A técnica do isolamento absoluto consiste em estabelecer um campo de trabalho ao redor do(s) dente(s) com o auxílio de um lençol de borracha, de modo que, a área permanece livre de umidade, seja saliva ou outro líquido de irrigação, favorecendo que o procedimento em questão seja realizado de forma satisfatória e sem intercorrências, garantindo a qualidade do material a ser utilizado, seja em um protocolo restaurador ou em um tratamento endodôntico.
São raros os casos em que o isolamento absoluto não é recomendado, como em situações de dentes pouco erupcionados, em terceiros molares ou dentes mal posicionados, em pacientes claustrofóbicos ou portadores de alguma doença respiratória, pacientes que se sintam dor ou desconforto pelo grampo de isolamento, ou até mesmo que apresentem sensibilidade ao látex do lençol de contenção.
Benefícios da técnica de isolamento absoluto
1) Proteção aos Tecidos Moles
Durante a realização de um procedimento clínico em que não estiver utilizando o isolamento absoluto pode ocorrer algum acidente incomum por iatrogenia em que o instrumental possa resvalar no tecido gengival do paciente, podendo causar alguma escoriação ou até mesmo uma laceração. A prática de instalação do isolamento absoluto vai criar uma barreira, por mais que fina, impedindo talvez que o dano acidental seja maior.
2) Manutenção das Propriedades dos Materiais
A umidade pode comprometer a propriedades físicas e químicas dos materiais, principalmente os restauradores. Dessa forma um dos principais fatores que estarão associados a durabilidade do procedimento realizado é o emprego da técnica do isolamento absoluto. Se utilizado, proporcionará maior conservação das propriedades físico-químicas dos materiais utilizados, culminando na longevidade do tratamento.
3) Manutenção da Assepsia Local
Sabemos que a cavidade bucal abriga inúmeros microorganismos diferentes, sendo assim, um campo operatório bem isolado, além de permitir que a umidade local seja controlada pela ausência de saliva, também permitirá que a área se mantenha livre de contaminação pela saliva do paciente. Proporcionando então maior segurança em procedimento que necessitem de garantia da assepsia, como em casos de exposição pulpar.
4) Melhora da Visibilidade durante do Trabalho
A iluminação é um problema presente na rotina do cirurgião-dentista. A cavidade bucal é naturalmente um ambiente escuro, então, associar o isolamento absoluto ao uso obrigatório do refletor é uma estratégia de primeira para melhor a visualização durante a realização dos procedimentos clínicos. Dessa forma, melhorando assim a visibilidade do cirurgião-dentista durante a execução dos procedimentos.
5) Facilidade na Execução dos Procedimentos
Associados a boa visualização e a manutenção da assepsia local, o isolamento absoluto permite ao profissional a execução de uma técnica operatória de forma correta, permitindo que a área de trabalho esteja livre, dificultando que erros possam acontecer e também a possibilidades de realização de retrabalhos. Logo, diminuindo custos clínicos de tempo e dinheiro.
- Complemente sua leitura: Anestésicos odontológicos: quais são e como utilizá-los?
6) Manutenção das Propriedades dos Materiais
A umidade pode comprometer as propriedades físicas e químicas dos materiais, principalmente os restauradores. Dessa forma um dos principais fatores que estarão associados a durabilidade do procedimento realizado é o emprego da técnica do isolamento absoluto. Se utilizado, proporcionará maior conservação das propriedades físico-químicas dos materiais utilizados, culminando na longevidade do tratamento.
7) Minimização de Acidentes
Não é o desejado, porém durante o atendimento odontológico intercorrências por deglutição ou aspiração de instrumentos podem acontecer. Assim, o isolamento absoluto servirá como uma barreira protetiva evitando que se acorrer qualquer fratura de broca, ou até mesmo que algum outro material caia indevidamente na área, o paciente seja impedido de aspirá-lo ou degluti-lo. Evitando ou minimizando maiores danos.
Se você ainda tinha dúvidas dos benefícios que o isolamento absoluto traz com a sua utilização, agora elas foram sanadas. E sim, a realização o isolamento absoluto é necessário. O passo-a-passo adequado de todas as técnicas operatórias são fundamentais para o sucesso do tratamento. Seja na dentística, na endodontia, na odontopediatria ou na prótese. Não pule etapas, muito menos negligencie-as!
Até o próximo post!
Sobre o autor:
Patrick Brito l @trickbrito
Acadêmico do 5º período de Odontologia
Engenheiro Agrônomo
Mestre e Doutorando
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
Mondelli, J.; Furuse, A. Y.; Ishikiriama, R. F. L.; Franco, E. B.; Mondelli, A. L.; Fundamentos de Dentística Operatória. Editora Guanabara Koogan. Rio de Janeiro – RJ. 2018.
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Wang Y, Li C, Yuan H, Wong MC, Zou J, Shi Z, Zhou X. Rubber dam isolation for restorative treatment in dental patients. Cochrane Database of Systematic Reviews 2016; 9: CD009858.
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